20 de julio de 2016
Plinio Corrêa de Oliveira: Santo Elias, pai espiritual da Ordem do Carmo
Plinio Corrêa de Oliveira
Santo Elias, pai espiritual da
Ordem do Carmo
Catolicismo, Julho de 2001
A Ordem Carmelitana, a mais antiga comunidade religiosa consagrada de
modo especial a Nossa Senhora, teve como berço o Monte Carmelo (Palestina), e
como pai espiritual o Profeta Elias (980 a.C.)
No dia 16 deste mês [julho de 2001] transcorrerá o 750º aniversário da
entrega, pelas mãos virginais de Maria, do Escapulário do Carmo a São Simão
Stock, em 1251. Mas a Ordem do Carmo é de origem muito mais remota, pois
fundada pelo Profeta Elias, que quase nove séculos antes do nascimento da
Virgem Santíssima já prestava culto Àquela que viria ser a Mãe do Messias
esperado, simbolizada pela “nuvenzinha” (ver pág. 27).
Em comemoração desta grande festa carmelitana, transcrevemos abaixo uma
apreciação sobre Elias, pater et dux carmelitarum (Pai e chefe dos carmelitas),
extraída de uma exposição proferida em 27-10-90 por Plinio Corrêa de Oliveira —
ele próprio, durante muitos anos, Prior do Sodalício Virgo Flos Carmeli, da
Ordem Terceira do Carmo. (A Ordem Terceira congrega os leigos, enquanto a
Primeira congrega os Sacerdotes e a Segunda, as Freiras).
O Prof. Plinio comenta o seguinte trecho do renomado exegeta e teólogo
jesuíta Pe. Cornélio a Lápide:
“Após o reinado de Salomão, entre os heróis e ilustres varões de Israel
tornou-se eminente Elias, que extinguiu com seu zelo e força de alma a
idolatria e a impiedade introduzidas por Salomão.... Deus suscitou Elias que,
como fogo, ardia em zelo por Deus e pela verdadeira religião...... Efetivamente
o zelo de Elias matou mais idólatras do que converteu”. (Commentaria in
Scripturam Sacram, in Ecclesiasticum, XLVIII, 1)
Quem ama a Deus, odeia e combate seus adversários
“Está no espírito dos homens com mentalidade centrista dizer que é mais
próprio ao católico construir do que destruir. Portanto, também é mais próprio
a ele converter do que combater. E por causa disso, mais vale a pena ter um
espírito de conciliação, de amabilidade, de afabilidade, um espírito de confusão,
de entrega — porque dá nisso — e não combater o adversário como deve ser
combatido.
“Esta foi uma objeção que se fez muito contra o antigo ‘Legionário’
[jornal católico dirigido por Plinio Corrêa de Oliveira nas décadas de 30/40] e
contra a “Ação Católica” no tempo em que eu a presidia. Infelizmente, naquela
época eu não conhecia o Cornélio a Lápide. Mas o Cornélio, cuja autoridade faz
lei, trata disso perfeitamente bem e elogia Elias: Matou mais idólatras do que
converteu.
“Alguém poderia dizer: ‘Mas não sei como justificar esse elogio a Elias,
porque não é melhor converter do que combater?’
“Eu respondo: é evidente! Se se puder converter uma pessoa por um bom
argumento, em vez de lhe rachar a cabeça com a espada, deve-se preferir
converter. Isso é uma coisa que entra pelos olhos, é preciso ser um bárbaro
para não pensar assim. Mas a questão é que há numerosos casos de pessoas que
ficam espalhando o mal de todos os modos, e que, se não se converterem, é
necessário combatê-las, porque do contrário farão mal a outros.
“Nas épocas de muita maldade, de muita decadência, os corações dos homens
tornam-se duros, tornam-se refratários a qualquer argumento, a qualquer boa
ação, e passam a espalhar o mal. Para impedir que eles continuem a disseminar o
mal — portanto, por ódio ao mal que eles fazem e por amor aos bons que eles vão
perdendo — é preciso combatê-los. Não há outro remédio.
“O culpado da repressão não foi Elias, foi Salomão, que favoreceu o
pecado, que introduziu o pecado no seio de Israel. Então, se um centrista ficar
indignado com a severidade de Elias, podemos refutá-lo dizendo: indigne-se com
a prevaricação de Salomão. Elias foi o médico, foi o cirurgião que, por meio da
amputação, cortou a gangrena que Salomão tinha instilado em Israel. Essa é a
questão!”
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