7 de mayo de 2016
FATIMA. Prologo de Plinio Corrêa de Oliveira - Antonio Augusto Borelli Machado: A Mensagem de Fátima, essa desconhecida
100
anos das aparições do Anjo de Portugal que prepararam os três pastorinhos para
receber a Mensagem de Fátima
“As revelações de Fátima sobrepujam tudo quanto a
Providência tem dito aos homens na iminência das grandes borrascas da História”
Há 63 anos, em
maio de 1953, o Professor Plinio Corrêa de Oliveira escrevia nestas páginas as
palavras que seguem:
“O Império
Romano do Ocidente se encerrou com um cataclismo iluminado e analisado pelo
gênio de um grande Doutor, que foi Santo Agostinho. O ocaso da Idade Média foi
previsto por um grande profeta, São Vicente Ferrer. A Revolução Francesa, que
marca o fim dos Tempos Modernos, foi prevista por outro grande profeta, e ao
mesmo tempo grande Doutor, São Luís Maria Grignion de Montfort. Os Tempos
Contemporâneos, que parecem na iminência de se encerrar com nova crise, têm um
privilégio maior. Veio Nossa Senhora falar aos homens.
Santo
Agostinho não pôde senão explicar para a posteridade as causas da tragédia que
presenciava. São Vicente Ferrer e São Luís Grignion de Montfort procuraram em
vão desviar a tormenta: os homens não os quiseram ouvir. Nossa Senhora a um tempo explica os motivos
da crise e indica o seu remédio, profetizando a catástrofe caso os homens não a
ouçam.
De todo ponto
de vista, pela natureza do conteúdo como pela dignidade de quem as fez, as revelações de Fátima sobrepujam pois tudo
quanto a Providência tem dito aos homens na iminência das grandes borrascas da
História.
Os diversos
pontos das revelações relativos a este tema constituem propriamente o
elemento essencial das mensagens. O mais, por importante que seja, constitui
mero complemento.”
Era, portanto,
mais do que oportuno retomar o tema no momento em que o mundo católico se
prepara para celebrar o centenário das aparições ocorridas na localidade
portuguesa de Fátima, de maio a outubro de 1917. Para isso, Catolicismo pediu a um de seus
colaboradores que elaborasse uma atualização da importante matéria. Este
apresentou então um artigo que escreveu para a revista “Radici Cristiane”,
editada em Roma, a qual lhe fizera semelhante pedido. É o que temos a alegria
de oferecer na presente edição.
Ademais, em
1916 ocorreram as três aparições do Anjo da Paz, ou Anjo de Portugal, que
prepararam as privilegiadas crianças para as visões de Nossa Senhora, no ano
seguinte. Entendemos que uma nova leitura dessas aparições também prepararia
nossos leitores para uma comemoração condigna do centenário das aparições de
Nossa Senhora no ano vindouro.
Eis por que
elas aparecem em continuação ao presente artigo, extraídas do livro Fátima,
Mensagem de tragédia ou de esperança, do nosso mesmo colaborador.
A Direção de Catolicismo
_______________________
A
Mensagem de Fátima, essa desconhecida
Antonio Augusto Borelli
Machado
Não é fácil discernir o que
há de mais central na Mensagem de Fátima. Revelada aos poucos por desejo
expresso de Nossa Senhora ou por determinações humanas, é tão rica em aspectos
relevantes que, conforme o feitio próprio de alma de cada um, ele se deterá ora
num, ora noutro desses aspectos, sem fixar-se em nenhum como o seu substrato
fundamental.
Ora, quando num assunto
qualquer não se discerne o ponto essencial, sua compreensão fica gravemente
prejudicada. Nessas condições, pode-se dizer que a Mensagem de Fátima é
desconhecida do grosso do público, mesmo do público devoto, no que ela tem de
mais próprio a mover as almas.
O presente artigo é escrito
na suposição de que o leitor tenha conhecimento ao menos genérico das
aparições, bem como dos diversos aspectos que compõem a Mensagem, em particular
as passagens mais significativas das quatro principais Memórias escritas
pela privilegiada vidente, a Irmã Lúcia, muito em particular o conteúdo dos
assim chamados três Segredos — na realidade um Segredo único constituído de
três partes distintas, as duas primeiras dadas a conhecer em 1941, e a terceira
escrita em 3 de janeiro de 1944.
Em síntese, Nossa Senhora diz
que a sociedade humana se encontra em tal oposição às vias de Deus que, caso
não se emendar, um grande Castigo se abaterá sobre o mundo, reduzindo-o a ruínas.
Para ser preciso, “meio em ruínas”, o que nos dá a esperança de que preciosos
monumentos da Cristandade serão preservados.
Ademais, como Mãe
misericordiosa, Nossa Senhora não se limita a anunciar o Castigo: ela aponta os
meios que os homens podem empregar para evitá-lo. Indica meios tradicionais,
válidos para qualquer época histórica, e ações concretas aplicáveis aos dias de
hoje.
Oração e penitência
Começando pelos tradicionais,
não poderiam ser outros senão aqueles mesmos já apregoados por seu Divino Filho
no Evangelho: oração e penitência. E para estimular os três pequenos
videntes — Lúcia (dez anos), Jacinta (sete anos) e Francisco (nove anos) — a se
engajarem nessa via, mostra-lhes o inferno, para onde vão as almas dos que
morrem impenitentes (primeira parte do Segredo). Ademais, fala-lhes de
guerras que produzirão ruínas muito grandes — várias nações serão aniquiladas (segunda
parte do Segredo) — e perseguições aos bons, os quais serão martirizados
aos pés de uma Cruz. E pelo célebre princípio enunciado por Tertuliano, segundo
o qual o sangue dos mártires é semente de novos cristãos, o sangue dos mártires
dos tempos atuais não se perderá, infiltrando-se inutilmente pela terra. Para
que isso não aconteça, esse sangue é recolhido em regadores de cristal por dois
Anjos postados sob os braços da Cruz, e em seguida derramado sobre homens
ignotos que vão se reaproximando de Deus (terceira parte do Segredo).
Com estes restos da humanidade que misteriosamente se esgueiravam
despercebidos à margem do confronto entre bons e maus que ocorria em torno
deles, reconstituir-se-á a civilização cristã do futuro, como continuidade da
civilização cristã medieval destruída pela revolução anticristã (veja-se Plinio
Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-revolução, São Paulo, 1959).
As perspectivas apocalípticas
aqui enunciadas parecerão a mais de um leitor fruto de alguma mente visionária!
Não obstante, elas desfecham numa perspectiva muito coerente e plena de
sentido. Nossa Senhora mesma a anuncia (no final da segunda parte do Segredo): “Por
fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”.
Terá o leitor entendido bem o
alcance desta afirmação? O triunfo de Maria implica no triunfo de seu Divino
Filho, em pleno acordo com a profecia enunciada há três séculos por São Luís
Grignion de Montfort. Segundo ele, o Reino de Cristo se estabelecerá, ipso
facto, nesta Terra, com o triunfo do Imaculado Coração de Maria! (cfr. Tratado
da Verdadeira Devoção, n° 217).
Laicismo, para não dizer ateísmo...
Ora, o processo
revolucionário que se desencadeou no fim da Idade Média tentou — e conseguiu,
através de etapas e métodos vários — minar a unidade da Igreja e introduzir-se
até em seu seio, levando a sociedade humana a descristianizar-se, a ponto de
disseminar o princípio da laicidade do Estado por toda a Cristandade.
Segundo este princípio, o
Estado proclama-se oficialmente laico em matéria de Religião, não se
pronunciando sobre qual seja a religião verdadeira e concedendo a liberdade de
culto a todo agrupamento religioso. Nessa concepção, aparentemente neutra em
matéria de Religião, o Estado só interviria para manter a ordem pública.
Porém, essa pretensa
neutralidade religiosa do Estado laico não passa de uma falácia.
Na prática, os fatos se
passam muito diferentemente. Como mostrou o Papa Leão XIII na encíclica Immortale
Dei, de 1° de novembro de 1885, “nessa
situação política, que muitos favorecem hoje em dia, há uma tendência das
ideias e das vontades para expulsar inteiramente a Igreja da sociedade, ou para
mantê-la sujeita e acorrentada ao Estado. [...] Relativamente à religião,
pensar que é indiferente tenha ela formas disparatadas e contrárias equivale
simplesmente a não querer nem escolher nem seguir qualquer delas. É o
ateísmo menos o nome” (n°s
35 e 37).
Assim, na
realidade dos fatos, do pretenso indiferentismo religioso apregoado pelo Estado
laico passa-se ao ateísmo tout court. E daí a uma perseguição religiosa
ostensiva, com o intuito de remover da legislação do Estado laico todos os
princípios da moral natural e da teologia católica, com a admissão do aborto,
da eutanásia, da Ideologia de Gênero, etc.
Apostasia silenciosa dos católicos
Entretanto, passa-se algo em
certo sentido mais grave. Se pelo menos as populações católicas se mantivessem
imunes e firmes na observância da moral e da doutrina em que foram formadas!...
O efeito prático da implantação do Estado laico/ateu é o deslizamento paulatino
das fileiras católicas para a aceitação de situações totalmente condenadas pela
Moral católica, como o convívio pré-matrimonial, seguido, na melhor das
hipóteses, depois de algum tempo, da realização do matrimônio na Igreja. Num
grande número de casos, a intenção de casar na Igreja fica para as calendas
gregas...
Tal fenômeno corresponde ao que está sendo chamado — e de fato é — uma “apostasia
silenciosa” (cfr. João Paulo II, Ecclesia in Europa, 28 de junho de
2003, n° 9), que atinge todos os campos da vida católica, inclusive a própria
liturgia! “Certos aspectos da cultura de massa pós-moderna — contrariamente
a certas batalhas ideológicas filhas do Iluminismo, que permaneceram patrimônio
de elites muito restritas por todo o século XIX e parte do século XX — levam a
reconhecer influências externas muito difusas sobre a liturgia, e que são propriamente
não-cristãs ou diretamente anticristãs” (Giannicola D’Amico, Il canto
gregoriano: itinerario storico-giuridico, in Alla scuola del canto
gregoriano, a cura di Fulvio Rampi, Musidora, Parma, 2015, p. 168).
Não falar do Castigo para não assustar...
Nesta perspectiva concreta e
realista, surpreende que muitos dentre os mais denodados propagandistas de
Fátima omitam este aspecto fundamental. Sobretudo na Hierarquia eclesiástica,
muitos estimaram que o anúncio de tão grande castigo assustaria muita gente!...
Sem dúvida, muitos se
assustariam. Porém, de outro lado — fenômeno auspicioso! — cresce pouco a pouco
o número dos que percebem o desconcerto geral que afeta o mundo moderno,
tendo-se criado uma situação tão desprovida de remédio humano, que sem uma
intervenção extraordinária da Providência não tem mais conserto!
A originalidade da
Mensagem de Fátima é justamente esta:
Nossa Senhora veio anunciar ao mundo que Deus preparou uma saída divina para
uma situação humana sem saída.
Ela envolve uma alternativa
drástica: a) ou o mundo moderno se converte, faz penitência e assim o castigo é
afastado; ou b) não se converte e será castigado com uma destruição de
proporções apocalípticas.
Mas nesta alternativa
se discerne a Misericórdia divina: uma nova civilização autenticamente católica
se reconstituirá sobre os escombros do mundo laico e ateu, que hoje nos
constrange. Fátima se revela uma
mensagem de esperança que supera de muito a tragédia que anuncia.
_______________________
Aparições
do Anjo de Portugal
Antes das
aparições de Nossa Senhora, Lúcia, Francisco e Jacinta — Lúcia de Jesus dos
Santos, e seus primos Francisco e Jacinta Marto, todos residentes na aldeia de
Aljustrel, freguesia de Fátima — tiveram três visões do Anjo de Portugal, ou da
Paz.
Primeira aparição do Anjo
A primeira
aparição do Anjo deu-se na primavera ou no verão de 1916, numa loca (ou gruta)
do outeiro do Cabeço, perto de Aljustrel, e desenrolou-se da seguinte maneira,
conforme narra a Irmã Lúcia:
“Alguns
momentos havia que jogávamos, e eis que um vento forte sacode as árvores e
faz-nos levantar a vista para ver o que se passava, pois o dia estava sereno.
Então começamos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se estendiam em
direção ao nascente, uma luz mais branca que a neve, com a forma de um jovem
transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do sol.
À medida que
se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições: um jovem dos seus 14 a 15
anos, de uma grande beleza. Estávamos surpreendidos e meio absortos. Não
dizíamos palavra.
Ao chegar
junto de nós, disse:
— “Não temais.
Sou o Anjo da Paz. Orai comigo”.
E ajoelhando
em terra, curvou a fronte até o chão. Levados por um movimento sobrenatural,
imitamo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar:
— “Meu Deus! Eu
creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não
adoram, não esperam e Vos não amam”.
Depois de
repetir isto três vezes, ergueu-se e disse:
— “Orai assim.
Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas”.
E desapareceu.
A atmosfera do
sobrenatural, que nos envolveu, era tão intensa, que quase não nos dávamos
conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na
posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesmo oração. A presença
de Deus sentia-se tão intensa e íntima, que nem mesmo entre nós nos atrevíamos
a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa
atmosfera, que só muito lentamente foi desaparecendo.
Nesta
aparição, nenhum pensou em falar, nem em recomendar o segredo. Ela de si o
impôs. Era tão íntima, que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra.
Fez-nos talvez também maior impressão, por ser a primeira assim manifesta”.
(Cfr. II Memória,
pp. 114, 116; IV Memória, pp. 318, 320; De Marchi, pp. 51-52; Walsh, pp. 39-40;
Ayres da Fonseca, p. 121; Galamba de Oliveira, pp. 52-57).
Segunda aparição do Anjo
A segunda
aparição deu-se no verão de 1916, sobre o poço da casa dos pais de Lúcia, junto
ao qual as crianças brincavam. Assim narra a Irmã Lúcia o que o Anjo lhes disse
— a ela e aos primos — então:
— “Que fazeis?
Orai! Orai muito! Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós
desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e
sacrifícios”.
— “Como nos havemos
de sacrificar?” — perguntei.
— “De tudo que
puderdes, oferecei a Deus um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com
que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim sobre
a vossa pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal.
Sobretudo aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos
enviar”.
E desapareceu.
Estas palavras do
Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos fazia compreender quem
era Deus; como nos amava e queria ser amado; o valor do sacrifício, e como ele
Lhe era agradável; como, por atenção a ele, convertia os pecadores”.
(Cfr. II Memória,
p. 116; IV Memória, pp. 320, 322; De Marchi, p. 53; Walsh, p. 42; Ayres da
Fonseca, pp. 121-122; Galamba de Oliveira, pp. 57-58).
Terceira aparição do Anjo
A terceira
aparição ocorreu no fim do verão ou princípio do outono de 1916, novamente na
Loca do Cabeço, e decorreu da seguinte forma, sempre de acordo com a descrição
da Irmã Lúcia:
“Logo que aí
chegamos, de joelhos, com os rostos em terra, começamos a repetir a oração do
Anjo: “Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos, etc.” Não sei quantas vezes
tínhamos repetido esta oração, quando vemos que sobre nós brilha uma luz
desconhecida. Erguemo-nos para ver o que se passava, e vemos o Anjo trazendo na
mão esquerda um cálice e suspensa sobre ele uma Hóstia, da qual caíam dentro do
cálice algumas gotas de Sangue. Deixando o cálice e a Hóstia suspensos no ar,
prostrou-se em terra junto de nós e repetiu três vezes a oração:
— “Santíssima
Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o
Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em
todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e
indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelo méritos infinitos do seu
Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos
pobres pecadores”.
Depois,
levantando-se, tomou de novo na mão o cálice e a Hóstia, e deu-me a Hóstia a
mim e o que continha o cálice deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo
ao mesmo tempo:
— “Tomai e
bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens
ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus”.
De novo se
prostrou em terra e repetiu conosco mais três vezes a mesmo oração: “Santíssima
Trindade... etc.” e desapareceu.
Levados pela
força do sobrenatural, que nos envolvia, imitávamos o Anjo em tudo, isto é,
prostrando-nos como ele e repetindo as orações que ele dizia. A força da
presença de Deus era tão intensa, que nos absorvia e aniquilava quase por
completo. Parecia privar-nos até do uso dos sentidos corporais por um grande
espaço de tempo. Nesses dias fazíamos as ações materiais como que levados por
esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e a felicidade que
sentíamos era grande, mas só íntima, completamente concentrada a alma em Deus.
O abatimento físico que nos prostrava também era grande.
Não sei porque,
as aparições de Nossa Senhora produziam em nós efeitos bem diferentes. A mesma
alegria íntima, a mesma paz e felicidade. Mas, em vez desse abatimento físico,
uma certa agilidade expansiva; em vez desse aniquilamento na Divina Presença,
um exultar de alegria; em vez dessa dificuldade no falar, um certo entusiasmo
comunicativo. Mas, apesar destes sentimentos, sentia a inspiração para calar,
sobretudo algumas coisas. Nos interrogatórios, sentia a inspiração íntima que
me indicava as respostas que, sem faltar à verdade, não descobrissem o que
devia por então ocultar”.
(Cfr. II Memória,
p. 118; IV Memória, pp. 322-326; De Marchi, pp. 54-55; Walsh pp. 43-44; Ayres
da Fonseca, pp. 122-123; Galamba de Oliveira, pp 58-59).
*
* *
As aparições do
Anjo, em 1916, foram precedidas por três outras visões, de abril a outubro de
1915, nas quais Lúcia e outras três pastorinhas, Maria Rosa Matias, Teresa
Matias e Maria Justino, viram, também no outeiro do Cabeço, suspensa no ar
sobre o arvoredo do vale, “uma como que nuvem mais branca que a neve, algo
transparente, com forma humana”. Era “uma figura como se fosse uma
estátua de neve, que os raios do sol tornavam algo transparente”. A
descrição é da própria Irmã Lúcia (cfr. II Memória, p. 110; IV Memória, pp. 316
e 318; De Marchi, pp. 50-51; Walsh, pp. 27-28; Ayres da Fonseca, p. 119;
Galamba de Oliveira, p. 51).
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