Superior Geral dos Jesuítas: O Papa
não é o chefe da Igreja universal
Por Walter Sánchez Silva
Vaticano, 16 Out. 18 / 10:00 am (ACI).- O Superior Geral da Companhia de Jesus, Pe. Arturo Sosa Abascal, assegurou que “o Papa não é chefe da Igreja” universal e que os bispos são seus “pares”.
Em entrevista em inglês concedida a EWTN em Roma, onde participa do Sínodo dos Jovens que acontece até o dia 28 de outubro, a autoridade máxima jesuíta disse que “não há uma jurisdição para toda a Igreja. Com muita frequência esquecemos que o Papa não é chefe da Igreja. É o Bispo de Roma. Como Bispo de Roma, tem outro serviço para a Igreja que é tentar alcançar a comunhão de toda a Igreja da melhor maneira possível”.
Pe. Sosa ressaltou que o Papa Francisco “sempre repete, se você recorda, que ele é o Bispo de Roma – deixe-me repetir isso – e ele sente que os outros bispos são responsáveis por suas próprias Igrejas com quem podem entrar em diálogo”.
“O que está fazendo é promover que a Igreja entre nessa mentalidade de estar juntos fazendo a comunhão e, por isso, ele sublinha a palavra discernimento”, afirmou.
“Algumas pessoas na Igreja dizem que ele (Francisco) diz isso porque é jesuíta, porque os jesuítas consideram o discernimento. O discernimento está aí a partir do Evangelho. Se você vê a figura de Jesus, encontrará um homem que está em discernimento, um homem que está buscando o que o Espírito lhe está tentado dizer, como viver. Os grandes mestres da espiritualidade na Igreja são homens e mulheres de discernimento”.
Para o Superior Geral dos Jesuítas, “o discernimento é a forma em que esta comunhão pode se fazer e como a Igreja encontrará a real estrutura para refletir uma Igreja que está aberta a isso”.
Perguntado sobre o papel das religiosas no Sínodo, o Superior Geral disse que “temos que entender qual é a natureza do Sínodo neste momento com a estrutura da Igreja. A ideia do Sínodo é a de uma espécie de assembleia local”.
Em sua opinião, o Sínodo constitui “uma contribuição para a comunhão de toda a Igreja e o Papa pode convocar seus próprios pares que são os bispos”.
“Estivemos dando passos para incluir mais pessoas e mais vozes no Sínodo. O primeiro Sínodo foi apenas para os bispos, em seguida, foram incluídos alguns auditores, alguns especialistas e depois alguns... neste caso jovens, no último famílias”, acrescentou.
“Então, a estrutura está mudando e espero que a mudança se mantenha ao mesmo ritmo da mudança na Igreja. Se a Igreja realmente se converte em uma Igreja do povo de Deus, a estrutura será reflexo disso; mas isso deve surgir de baixo para cima, não de outro modo”, destacou Pe. Sosa.
Além disso, o Superior Geral dos Jesuítas disse que o Sínodo “não é uma espécie de parlamento onde há uma maioria ou uma minoria. Estamos todos juntos tentando escutar o Espírito e isso é o que o discernimento nos ensina a fazer”.
As afirmações de Pe. Sosa já suscitaram polêmica no passado, como quando, em maio de 2017, disse que o diabo é uma “figura simbólica”.
Em entrevista ao jornal espanhol ‘El Mundo’, o sacerdote venezuelano disse que “os cristãos cremos que somos feitos à imagem e semelhança de Deus, portanto, Deus é livre, mas Deus sempre escolhe fazer o bem porque é todo bondade. Fizemos figuras simbólicas, como o diabo, para expressar o mal. Os condicionamentos sociais também representam essa figura, já que há pessoas que agem assim porque estão em um entorno onde é muito difícil fazer o contrário”.
Alguns meses antes, em fevereiro de 2017, o Superior Geral dos Jesuítas concedeu uma entrevista a italiano Rossoporpora.org, na qual disse que, como na época de Cristo “ninguém tinha um gravador”, seria bom fazer uma reflexão “sobre o que verdadeiramente disse Jesus”.
“Seria necessário começar uma boa reflexão sobre o que verdadeiramente disse Jesus. Naquela época, ninguém tinha um gravador para registrar suas palavras. O que se sabe é que as palavras de Jesus devem ser colocadas em contexto, estão expressas com uma linguagem, em um ambiente concreto, estão dirigidas a alguém determinado”, disse naquela ocasião.
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