Artigo em O Globo - Opinião - Por Osias Wurman
Tensão na Cidade da Paz
N.B. Jerusalen -Ihr Shalom- etimologicamente significa la Ciudad de la Paz.
Osias Wurman
Volto da Terra Santa e não me lembro de ter presenciado, nestes mais de 45 anos de visitas a Israel, um clima tão tenso na “Cidade da Paz”- Jerusalém.
Incitados pela irresponsabilidade de alguns líderes palestinos, jovens tem produzido atentados sanguinários, conflitos com judeus religiosos, esfaqueamentos, depredação do metrô de superfície e atropelamentos criminosos, nas últimas semanas.
No dia 29 de novembro, completaram-se 67 anos da histórica Assembleia Geral da ONU, presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha, que determinou a “Partilha da Palestina”, com votação de 33 votos a favor e 13 contra.
Na resolução 181, então aprovada, foi mencionado 29 vezes o “Estado Judeu”.
Até hoje, após mais de seis décadas, nenhum país vizinho de Israel aceitou endossar o fato de o “Estado Judeu” ter prioridade existencial, mas não exclusividade, em amparar e abrigar o povo judeu, disperso por mais de 2.000 anos, em seu estado original: Israel.
No Estado Judeu vivem israelenses de 70 ou mais origens e etnias. Falam-se oficialmente os idiomas hebraico, árabe e inglês.
Atualmente, existe uma grande polêmica sobre o projeto de lei enviado ao Parlamento de Israel, o Knesset, pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, no qual fica incorporado às leis do país o caráter judaico do Estado de Israel. É preciso deixar claro e de forma legal, o que a ONU determinou, há 67 anos.
Uma das mais interessantes visitas que fiz nesta viagem, foi à pequena comunidade judaica de Kfar Eldad, com 120 famílias, situada nas colinas da Judéia, e a poucos minutos de Belém.
Recebido na residência de uma das famílias do local, pude constatar o absoluto idealismo e altruísmo em morar cercados pela animosidade de vizinhos palestinos agressivos e vingativos.
Os judeus de Judéia e Samária circulam em veículos com janelas de plástico antivandalismo e mantem permanente vigilância no entorno de suas comunidades.
Por que a liderança da AP- Autoridade Palestina - insiste numa Cisjordânia “livre” dos 350 mil judeus que lá habitam, se em Israel cerca de 1,7 milhão de palestinos-israelenses vivem com cidadania e direitos civis que incluem seguridade social, hospitais públicos e as melhores universidades do Oriente Médio para seus filhos?
Convidado pelo anfitrião a subir ao terraço de sua residência, ouvi uma narrativa que dificilmente esquecerei.
Era noite estrelada: “Wurman, aquelas luzes lá ao fundo são da cidade de Amã, capital da Jordânia. Aquele brilho que reflete a lua são as águas do Mar Morto. Ali, o Vale do Jordão, e mais para cá o deserto da Judéia. Aqui é a Judéia bíblica que, junto com Samária, logo acima, formam o cenário onde passaram cerca de 90% das narrativas bíblicas que se referiram à existência de nosso povo. É nossa origem; é a origem do povo judeu; aqui estamos, após 2000 anos de exílio, e aqui ficaremos. Aqui também é o Estado Judeu!”.
Osias Wurma – é cônsul honorário de Israel no RJ.
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