2 de septiembre de 2012
‘Com Assad, pelo menos havia alguém no comando’, diz analista israelense
23 de agosto de 2012 | 21h 55
Roberto Simon, O Estado de S. Paulo
O que é pior: a anarquia ou o poder iraniano? É esse o dilema que a guerra civil síria coloca a Israel, afirma o professor Jonathan Fine, do Instituto Interdisciplinar de Herzlyia, um dos principais centros israelenses de estudos estratégicos. "O colapso do Estado sírio terá consequências dramáticas para Israel. Mas, ao mesmo tempo, é impossível não comemorar a queda de um regime totalmente alinhado ao Irã, país que abertamente pede a destruição de Israel", afirmou Fine ao Estado.
AP
Bashar Assad, presidente da Síria
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Estado: Por uma ironia, muitos em Israel agora sentem falta dos tempos em que o clã Assad tinha controle absoluto na Síria e as coisas eram previsíveis. O sr. faz parte desse grupo?
Jonathan Fine: Esse não é apenas um dilema de Israel, mas de vários países. E isso ocorre em meio a um massacre absolutamente chocante: mais de 20 mil pessoas foram mortas desde o início da crise. E onde está a tal comunidade internacional? Na Líbia, houve uma competição para ver quem agiria primeiro. A situação era completamente diferente, (o ditador Muamar) Kadafi era uma presa fácil e o país, um grande poço de petróleo. Com a Síria, ninguém ousa agir.
Estado: E o que Israel mais teme?
Jonathan Fine: Ver o governo central sírio em colapso, dando lugar a uma situação anárquica. Quem assumirá o comando quando Bashar Assad se for? A oposição é totalmente fragmentada e heterogênea: há elementos moderados e simpáticos ao Ocidente, mas há também grupos islâmicos ultrarradicais. A pior notícia para Israel é que, no momento em que o governo central entrar em colapso - e estamos indo rapidamente nessa direção -, a Síria voltará a ser o que era nos anos 20: seis pedaços de território. Os alauitas com controle sobre a região da cidade de Latakia e a costa, os drusos com outra parte, os sunitas com outra, os cristãos, etc. Mas quem controlará o país? É aí que entra o temor israelense em relação às armas de destruição em massa, que podem chegar às mãos do Hezbollah, por exemplo. Lembre-se: a Síria tem o maior arsenal desse tipo depois da Rússia e dos EUA.
Estado: Mas o sr. vê uma ameaça imediata a Israel?
Jonathan Fine: Hoje há grupos jihadistas se organizando perto da região das Colinas do Golan, no lado sírio. Até agora, o Exército de Assad foi capaz de pará-los. Mas, em breve, eles podem ser capazes de fazer o que seus camaradas estão conseguindo na Península do Sinai (no Egito).
Estado: Nesse caso Israel interviria?
Jonathan Fine: O que podemos fazer? Talvez não seja uma guerra, mas se começarem a atacar os kibutzim e outras comunidades no norte do país, Israel será obrigado a reagir de alguma forma. Até pouco tempo atrás, o mundo dizia a Israel "devolva o Golan ao clã Assad". Hoje é possível ver que isso teria sido um erro trágico: imagino essa crise com jihadistas em cima de nós.
Estado: Israel descobriu então que Assad tem um lado bom?
Jonathan Fine: Ao menos sabíamos que havia alguém dando as ordens. Sim, era uma ditadura. Não era uma democracia como defendemos. Mas hoje simplesmente não sabemos como as coisas vão ficar.
Estado: Em que medida a queda de Assad pode enfraquecer a posição do Irã no Oriente Médio?
Jonathan Fine: Há alguns dias, (o líder supremo Ali) Khamenei disse que quem defende a queda de Assad deve ser alvo das Forças al-Quds, o braço de operações terroristas da república islâmica. Se a Síria cair, Teerã e o Hezbollah terão um problema sério. Nesse sentido, para Israel a queda de Assad seria uma bênção - é de fato extremamente contraditório. Mas o Irã é o primeiro país desde a Alemanha nazista a abertamente pedir a destruição de um outro membro da comunidade internacional. Esta semana, um diplomata iraniano da embaixada aqui no Brasil pediu o extermínio de Israel - e o governo brasileiro nem sequer comentou o assunto. É normal isso?
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