17 de septiembre de 2012
Em meio à crise, cresce separatismo na Espanha
12 de setembro de 2012 | 3h 08
JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE/ GENEBRA - O Estado de S.Paulo
A crise dá novo impulso ao separatismo na Espanha. Ontem, uma das maiores manifestações pela independência da Catalunha desde os anos 70 paralisou a cidade de Barcelona. Para historiadores, a pior crise no país desde a volta da democracia reabriu velhas feridas, escancarando a divisão entre o norte mais rico e o governo central. Mas eles alertam que políticos estariam manipulando sentimentos populares para encontrar um responsável pela recessão.
A marcha ocorre todos os anos, no que seria o dia nacional catalão, conhecido como Diada. Mas, neste ano, o evento foi marcado por uma multidão que, segundo os organizadores, não se via desde 1977, quando a Catalunha lutava por autonomia nos anos que se seguiram à morte do general Franco.
Segundo a polícia, 1,5 milhão de pessoas participaram da passeata. Para os organizadores, foram 2 milhões, numa cidade de 5 milhões de habitantes. Pela primeira vez em mais de 30 anos, uma pesquisa revelou que mais de 50% dos catalães acham que é o momento de convocar um referendo sobre a independência da região, que tem economia equivalente à de Portugal. Num dos prédios públicos, um cartaz anunciava em inglês: "Catalunha, o próximo país da Europa".
Mais que uma onda sentimental, porém, as feridas espanholas são abertas por questões bastante objetivas. Com uma segunda recessão e 24% da população desempregada, a região, que representa 20% do PIB nacional, diz que envia a Madri em impostos 12 bilhões mais do que recebe.
O presidente da Catalunha, Artur Mas, abriu os protestos com uma advertência: se o governo de Mariano Rajoy não aceitar o novo pacto fiscal, "o caminho da independência estará aberto". Segundo ele, "a Catalunha produz recursos suficientes para viver melhor do que estamos".
Mas quer renegociar o acordo que estabelece o valor anual que a região deve enviar a Madri, alegando que esse seria o motivo da crise na região. Para seus opositores, o que ele apenas tenta fazer é jogar a população catalã contra Madri e usar a independência como cortina de fumaça para uma crise que é local.
Na segunda-feira, o conservador Rajoy declarou que Madri não vai rever o acordo fiscal e fez questão de lembrar que a Catalunha está quebrada. De fato, a região foi a primeira a pedir um resgate de Madri, de 5,7 bilhões. Rajoy e Mas se reúnem no dia 20 para debater o assunto.
"Isso tudo é parte de um jogo politico que sempre existiu. A diferença é que a crise transformou a relação de poder entre os grupos", alerta Antonio Barroso, analista do Eurasia Group. "A situação econômica está criando uma nova onda de nacionalismo", diz Carlos Barrera, professor da Universidade Navarra. "Mas está sendo usada por grupos políticos para avançar suas agendas e tentar justificar a crise para os eleitores."
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