23 de junio de 2013

A Voz da rua, a voz do povo - Presidência já previa vaias e alterou cerimonial no jogo do Brasil - NOTICIA Y VIDEO

FOLHA DE SÃO PAULO

17/06/2013 - 03h40

Presidência já previa vaias e alterou cerimonial no jogo do Brasil


MARTÍN FERNANDEZ
MARCEL RIZZO
SÉRGIO RANGEL
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A BRASÍLIA
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff se recusou a pisar no gramado do Mané Garrincha durante a cerimônia de abertura da Copa das Confederações, anteontem, em Brasília, e foi obrigada a abreviar o seu discurso por causa das vaias vindas das arquibancadas.

Antes de ser hostilizada pelo público, que lotou o estádio para assistir a Brasil x Japão, Dilma fez os organizadores da cerimônia alterarem o roteiro da festa.
Inicialmente, a presidente faria o discurso do campo, depois da fala do presidente da Fifa, Joseph Blatter. Logo em seguida, ela e o cartola suíço cumprimentariam os jogadores das duas seleções.

Já temendo manifestações contrárias, assessores da presidente informaram aos dirigentes da Fifa que Dilma faria o seu discurso da tribuna de honra do estádio.

Apesar da mudança, a estratégia não deu certo. Dilma foi vaiada pelos de torcedores, três vezes, e abreviou sua fala. Ela tinha uma discurso curto preparado, mas decidiu abandoná-lo. A presidente só declarou que a Copa das Confederações estava aberta.
Dilma e Blatter, que estava ao seu lado e também foi vaiado, ficaram constrangidos.
Durante as vaias contra a presidente, Blatter chegou a explicitar seu incômodo: "Onde está o respeito, onde está o fair play?".

As vaias encerraram uma das mais tensas semanas da presidente no cargo.
José Maria Marin, que preside a CBF e o COL, não teve o seu nome anunciado pelo sistema de som. Ele estava ao lado de Dilma. Marin tem dificuldade de relacionamento com a presidente.

Evaristo Sá/AFP
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Dilma Rousseff é vaiada ao discursar na cerimônia de abertura da Copa das Confederações
TERMÔMETRO

O Planalto relativiza a importância do protesto contra a presidente. De acordo com assessores, vaias num estádio de futebol não podem ser vistas como um "termômetro" de popularidade da presidente Dilma nem de medição de insatisfação da sociedade contra ela.

Na avaliação do governo, torcedor vai ao estádio para assistir a jogo de futebol e naturalmente tem tendência a vaiar políticos que podem acabar fazendo um discurso, atrasando a partida.

Além disso, destacam que boa parte dos torcedores foi obrigada a enfrentar longas filas para entrar no estádio e chegou ao local com várias horas de antecedência, o que gera cansaço e uma irritação natural.

A equipe da presidente lembra que ela tem participado de eventos pelo Brasil, como no Rio na última sexta-feira, sendo bem recebida.

Assessores admitem que alguns setores da população estão insatisfeitos com o governo, mas que isso está restrito a uma faixa minoritária e que a presidente tem uma popularidade melhor que seus antecessores no mesmo período de mandato.

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