11 de enero de 2015

Símbolos natalinos se espalham por de Tel Aviv, trazidos por imigrantes

Símbolos natalinos se espalham por de Tel Aviv, trazidos por imigrantes
Milhares são esperados para a Missa do Galo
POR DANIELA KRESCH
24/12/2014 7:00 O GLOBO


Imigrantes russos. Bóris compra um Papai Noel para enfeitar sua casa no Natal: maioria cristã; nas ruas de Tel Aviv, lojas oferecem ainda árvores de Natal e guirlandas - Daniela Kresch / Fotos de Daniela Kresch

TEL AVIV - O Natal chegou com força total nas vitrines do Sul de Tel Aviv. Árvores de Natal, guirlandas, bonecos de Papai Noel e neve artificial. A cada ano, há mais sinais da festa cristã pelas ruas do Estado Judeu, mesmo que em Israel, a maioria judaica (75% dos 8 milhões de moradores) comemore em dezembro o Chanuká (Festa das Luzes), que lembra uma revolta judaica contra os selêucidas em 164 A.C. A crescente presença de símbolos cristãos nas ruas, ao lado dos candelabros de nove braços de Chanuká, é vista com curiosidade e estranheza, mas também, por vezes, com desconfiança.

Menos de 1% dos cristãos do mundo moram atualmente no Oriente Médio. Israel, berço do Cristianismo, tem uma das poucas comunidades cristãs da região que continua a crescer. São cerca de 160 mil pessoas (0,6% dos moradores do país), entre cristãos-árabes, trabalhadores estrangeiros das Filipinas e da Índia e refugiados africanos. Eles vivem em Israel e não apenas visitam os locais sagrados como a Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, da Natividade, em Belém, ou da Anunciação, em Nazaré, como fazem mais de três milhões de peregrinos anualmente. O movimento de peregrinos e turistas aumentou consideravelmente ontem e deve crescer ainda mais hoje, para a a procissão e a Missa do Galo — duas das maiores tradições cristãs.

Entre os 1,5 milhão que migraram para Israel nos últimos 25 anos, mais de 20% são cristãos (estima-se que o percentual, na verdade, seja de 40%). A maior parte desses cristãos é de imigrantes da ex-União Soviética, que têm por hábito decorar árvores não para celebrar o Natal, mas para marcar a passagem do ano. Durante as décadas de comunismo no bloco, como os símbolos cristãos estavam banidos, a população driblou a proibição montando em casa e nas ruas as chamadas Árvores do Ano Novo, que são iguais às de Natal. Os imigrantes em Israel mantiveram o hábito. Muitos entendem a tradição e consideram a presença de símbolos cristãos em cidades majoritariamente judaicas como algo interessante e saudável.

— Assim como os judeus celebram suas festas em países de maioria cristã, aqui acontece o mesmo — diz Hana Bendcowsky, do Centro para Relações Judaico-Cristãs de Jerusalém. — Em muitas cidades do mundo, há candelabros de Chanuká nas ruas em dezembro. Aqui também pode haver árvores de Natal nessa época. Temos que receber de braços abertos os outros.

Árvores e guirlandas. Enfeites natalinos à venda em Tel Aviv - Daniela Kresch / Daniela Kresch
Mas nem todos veem a presença do Papai Noel no espaço público israelense com tanta compreensão. A equipe do GLOBO presenciou um homem cuspindo na vitrine de uma loja que vende acessórios natalinos. O dono do estabelecimento, que não quis se identificar, afirmou que isso não é comum, mas admitiu que há clientes que reclamam dos enfeites e guirlandas expostos. Isso não o impede de continuar com as vendas, que crescem nesta época do ano graças aos russos e à minoria cristã.

— Montar árvore de Natal em dezembro é, para mim, uma questão de tradição. Não sei porque alguns israelenses têm problema com isso — conta Bóris Idov, nascido no Cazaquistão, que mora em Israel há 20 anos. — Meu pai era judeu e minha mãe, cristã. Há muitos como eu por aqui.

Este ano, o parlamentar Hanna Swaid, do partido de extrema-esquerda Hadash, pediu que uma árvore de Natal fosse montada dentro do Knesset (o Parlamento israelense) “como um gesto em prol dos cidadãos e parlamentares cristãos de Israel e um símbolo das ligações entre Israel e o mundo cristão em geral”. Mas o pedido foi rejeitado.




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