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O enterro do corpo do promotor argentino Alberto Nisman, morto no último fim de semana, foi uma maneira de a comunidade judaica local combater a tese do governo de que a causa da morte foi suicídio.
Pelo judaísmo, ao tirar a sua própria vida, o suicida comete uma ofensa ao Criador. Por isso, é enterrado numa parte do cemitério afastada dos outros túmulos.
Líderes locais argentinos mandaram fazer algo semelhante ao que foi feito em relação ao corpo do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura militar brasileira em 1975 e enterrado, segundo determinações do rabino Henry Sobel, fora do setor reservado aos suicidas, de acordo com o que determina a religião judaica.
A ex-mulher do promotor argentino, uma juíza, levanta dúvidas sobre a hipótese de suicídio.
Na época, o governo militar costumava divulgar que a causa da morte de prisioneiros políticos, na verdade por tortura e assassinatos, havia sido o suicídio.
Na segunda-feira (19/1), Nisman iria dar detalhes, no Congresso Nacional, sobre as denúncias feitas por ele contra o governo que, segundo Nisman, teria entrado em acordo com o Irã para encobrir os autores do atentado da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que matou 85 pessoas em 1994.
Segundo uma fonte, tanto a Delegação de Associações Israelenses Argentinas (Daia) quanto a Amia, principais organizações judaicas argentinas, estavam reservando, junto com os familiares, um local ao lado do destinado às vítimas do atentado para o sepultamento do promotor.
O rabino Ioni Shalom, conhecido religioso argentino, disse acreditar que Nisman não deveria enterrado como suicida, contrariando a tese que predomina dentro do governo, de que o promotor tirou sua própria vida.
— Não creio que ele deveria ser enterrado na ala de suicidas porque não há certeza de que se suicidou. E, no caso dele realmente ter se matado, isso deve ter ocorrido como uma maneira de proteger alguém, familiares ou a própria comunidade, pois teria sido decorrente de ameaças muito grandes, o que é uma atitude que o eleva.
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