13 de febrero de 2015

Campo de concentração de Dachau: O maior cemitério de sacerdotes católicos

 Edição 394    Diretor / Editor: Osias WurmanSexta, 13 de fevereiro de 2015

Campo de concentração de Dachau: O maior cemitério de sacerdotes católicos

Por ocasião dos 70 anos da libertação do campo de extermínio de Auschwitz, foi publicado na França um livro que resgata o valor e heroísmo dos sacerdotes católicos durante a Segunda Guerra Mundial, dos quais mais de 2.500 foram enviados pelos nazistas ao campo de concentração de Dachau, lugar onde muitos deles morreram. 

O livro, cujo título é “A Barraca dos Padres, Dachau, 1938-1945”, foi escrito pelo jornalista Guillaume Zeller, editor chefe de DirectMatin.fr, que ficou impressionado pela “dignidade assombrosa (dos sacerdotes), mantida apesar dos esforços das SS por desumanizar e degradar os prisioneiros”, provenientes de todas as regiões da Europa: Alemanha, Áustria, Checoslováquia, Polônia, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França e Itália.

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Em declarações ao Figaro, o autor explicou que entre 1938 e 1945 foram deportados a este lugar 2.579 padres, seminaristas e monges católicos; junto com outras 141 pessoas, entre pastores protestantes e sacerdotes ortodoxos. Deles, 1.034 morreram no campo.

Nesse sentido, Zeller afirmou que “o campo de Dachau continua sendo o maior cemitério de padres católicos no mundo”. Eles puderam preservar a sua humanidade graças à armadura da fé.

O autor indicou que alguns dos sacerdotes, seminaristas e religiosos foram presos por causa de sua oposição ao programa hitleriano de eutanásia, outros por serem considerados parte das elites eslavas (poloneses), e outros por participarem ativamente na resistência francesa.
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Estes homens de Igreja, explica Zeller, “esforçaram-se em manter a virtude da fé, esperança e caridade. A oração, os sacramentos e o apoio dado aos doentes e moribundos, a formação teológica e pastoral clandestina, a reconstrução da hierarquia eclesiástica foram para eles uma armadura que lhes permitiu preservar a própria humanidade”.

Nesse sentido, destacou que não faltaram as histórias de heroísmo e santidade. Apesar da SS “tentar colocar os presos uns contra os outros”, os sacerdotes “não cederam a este mecanismo”.

Na entrevista, o jornalista recorda que entre 1944 e 1945 ocorreu uma epidemia de tifo que foi exterminando os internos. “Enquanto as SS e os chefes não entravam mais nas barracas contaminadas, dezenas de sacerdotes entraram voluntariamente, sabendo dos riscos que corriam, para curar e consolar os agonizantes. Muitos deles (os sacerdotes) morreram”, relatou.

Do mesmo modo, indicou que em Dachau também ocorreu a primeira –e única na história da Igreja-, ordenação sacerdotal clandestina de um seminarista alemão que estava prestes a morrer. O seminarista Karl Leisner recebeu o sacramento dentro de uma barraca improvisada como capela pelo bispo de Clermont-Ferrand (França), Dom Gabriel Piguet.

Por último o autor destaca que por iniciativa de São João Paulo II e Bento XVI, o Papa Francisco beatificou 56 religiosos mortos em Dachau após aprovação do reconhecimento de virtudes heroicas dos mesmos.

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