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Por Guga Chacra de Nova Iorque
Os que leem meu blog sabem que já estive diversas vezes na Síria, desde 1997, e visitei o país anualmente entre 2006 e 2011. Entrevistei Bashar al Assad em seu palácio de Damasco em 2010. Falei com diversas autoridades políticas do país e também da oposição. Consulto diplomatas, acadêmicos e analistas de risco político. Na Síria, conversei com dezenas de pessoas das mais variadas religiões e visões políticas. Idem, no Líbano.
Eles também sabem o que acontece com cristãos quando uma ditadura é derrubada na região. Com Saddam Hussein, eles eram elite em Bagdá e possuíam até o número dois do regime, Tariq Aziz. Depois da invasão americana, centenas de milhares precisaram fugir e o único país que os recebeu foi a Síria. No Egito, se já era ruim com Hosni Mubarak, ficou péssimo com a Irmandade Muçulmana.
Os cristãos sírios, assim como os alauítas e a classe média sunita e drusa das grandes cidades, podiam não amar a vida na Síria até o início de 2011. Mas a consideravam melhor do que a de todos os países árabes. Verdade, no Líbano, existe muito mais liberdade. O presidente libanês, o chefe das Forças Armadas e metade do Parlamento precisam ser cristãos. Mas as divisões sectárias e a guerra civil de 1975-90 assustava os cristãos sírios. Em Damasco e Aleppo, podiam ir a restaurantes e suas mulheres andavam (e andam) descobertas. Ninguém via problemas em um crucifixo. As missas nas igrejas de Bab Touma viviam lotadas. Nas férias, nada melhor do que um banho de bar de biquíni em Tartus ou Latakia.
Uma pena, mas hoje os cristãos sírios correm enorme risco na Síria e uma intervenção militar estrangeira, dependendo da intensidade, pode acabar com Saydnaya e Maalula, onde ainda se fala o aramaico, língua de Jesus Cristo. Duas das principais autoridades cristãs sírias foram sequestradas pelos opositores.
Portanto, pensem bem antes de acharem o máximo uma intervenção militar na Síria.
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