7 de octubre de 2008

Cresce rejeição a judeus e islâmicos

O ESTADO DE SÃO PAULO - Segunda-feira, 6 outubro de 2008

Cresce rejeição a judeus e islâmicos

Espanhóis lideram etnocentrismo, que também afeta Alemanha, Polônia, Rússia, França e Grã-Bretanha

Andrei Netto, PARIS
Judeus e muçulmanos são cada vez mais rejeitados na Europa. A onda etnocentrista foi diagnosticada pelo instituto americano Pew Research Center, que num relatório de 73 páginas, baseado em 4 mil entrevistas, indica a evolução das opiniões negativas entre 2004 e 2008.Na Espanha, país que lidera nos índices de preconceito, 52% se declararam contrários aos islâmicos neste ano, um aumento de 15 pontos porcentuais em relação a 2005, quando 37% reconheceram essa posição. A aversão a judeus foi admitida por 46% dos entrevistados - em 2005, eram 21%.Na Alemanha, a visão negativa sobre os judeus aumentou de 20%, em 2004, para 25%, neste ano. Em relação aos muçulmanos, cresceu de 46% a 50% no mesmo período. Na França, o preconceito contra judeus - 11% a 20% - e muçulmanos - 29% a 38% - aumentou nove pontos porcentuais.A escalada também ocorre na Europa Oriental. Na Rússia, as opiniões desfavoráveis aos judeus avançaram de 25% para 34% no mesmo período, enquanto na Polônia aumentaram de 25%, em 2005, para 36%, neste ano. Em relação aos muçulmanos, a animosidade cresceu de 30% para 46% na Polônia. A Rússia foi o único país onde houve retração do preconceito contra os islâmicos: de 37%, em 2004, para 32%, neste ano. A estabilidade britânica em relação ao anti-semitismo - índice de 9% dos entrevistados desde 2004 - não se repete quando a questão são os muçulmanos. Em quatro anos, a visão negativa sobre esse grupo aumentou de 18% para 23%. Segundo o relatório, as manifestações de preconceito crescem mais entre pessoas acima de 50 anos e sem nível superior. “Há um paralelo notável entre anti-semitas e antimuçulmanos na opinião pública da Europa Ocidental. O mesmo sentimento prevalece nos mesmos estratos sociais”, indica o documento. Pierre Fournel, delegado-geral da ONG Liga contra o Racismo, de Paris, confirma que o etnocentrismo se expressa com cada vez mais força na Europa. “Na França, apesar de as autoridades nos mostrarem queda nos índices de violência, percebemos o contrário,” relata.Segundo Fournel, a organização registra um aumento nas queixas de discriminação, mas é difícil prová-las judicialmente por causa de sua “sutileza”. “O preconceito religioso se manifesta na vida cotidiana, no momento de pedir um emprego, de alugar um apartamento e em qualquer outra situação em que o sobrenome ou os traços físicos estejam explícitos.”O Pew Research Center também pesquisou o apoio dos muçulmanos a ataques terroristas lançados por homens-bomba. Em seis anos, o apoio caiu de 74%, em 2002, para 32%, neste ano.