30 de agosto de 2019

A Encíclica Humanæ Vitæ e a revolução sexual

Agência Boa Imprensa – ABIM

A Encíclica Humanæ Vitæ e a revolução sexual

Uma condenação atual e perene
➤ Luiz Sérgio Solimeo
No dia 25 de julho de 2018, a Igreja celebrou o 50º aniversário da publicação da Encíclica Humanæ Vitæ, do Papa Paulo VI, lançada no contexto da revolução sexual de meados dos anos sessenta. A moda, a literatura e a indústria do entretenimento haviam contribuído para uma atmosfera em que a moral tradicional em matéria sexual foi subvertida. Isto se manifestou especialmente em filmes de Hollywood, na televisão, na descoberta e divulgação da pílula anticoncepcional e no advento da minissaia. 
(É proibido proibir)
Em maio de 1968, o surto de distúrbios estudantis na maioria das universidades do Ocidente deu à revolução sexual uma base ideológica, unificando e dando significado a toda uma gama de tendências desordenadas voltadas contra a moral tradicional. Essa base ideológica consistia numa mistura de anarquismo, marxismo e freudismo. Ela negava a ordem político-social, e qualquer forma de autoridade, civil, religiosa ou de lei moral. Um slogan pintado nas paredes do campus da Universidade de Paris-Sorbonne (É proibido proibir) condensava numa frase toda essa revolta. [foto ao lado]
Ao mesmo tempo, círculos católicos progressistas procuravam fazer com que a Igreja “se adaptasse” cada vez mais ao mundo. Inúmeros teólogos começaram a argumentar que a Igreja deveria mudar sua moral perene e abandonar a intransigência em questões sexuais, aceitando a “liberdade” sexual e o uso de contraceptivos artificiais. 

A IGREJA NÃO PODE MUDAR A LEI DE DEUS, EXPRESSA NA NATUREZA

Foi nesse clima de contestação que o Papa Paulo VI decidiu publicar uma encíclica sobre a contracepção — a Humanæ Vitæ.[1] A encíclica deu grande alívio aos fiéis católicos, ao mesmo tempo que provocava consternação nas hostes liberais, porque reafirmou, com toda clareza, a doutrina tradicional da Igreja sobre a natureza do casamento e a finalidade primária do ato sexual. Ao mesmo tempo condenou, de modo incisivo, o uso da pílula anticoncepcional ou de qualquer outro meio artificial de contracepção. 
A encíclica explica claramente que a Lei de Deus não pode ser mudada, uma vez que ela é expressa na própria natureza humana: “A Igreja não foi a autora dessa lei, e não pode portanto ser árbitra da mesma; ela é somente depositária e intérprete; nunca pode declarar lícito aquilo que não o é, pela sua íntima e imutável rejeição ao que se opõe ao verdadeiro bem comum do homem”.[2] 
A encíclica é baseada na lei natural e na Revelação, ambas manifestando a vontade de Deus. O Magistério da Igreja recebeu a missão não apenas de interpretar a Revelação, mas também a lei natural, portanto aborda a moral em todos os seus aspectos: “Jesus Cristo, ao comunicar a Pedro e aos Apóstolos a sua autoridade divina, e ao enviá-los a ensinar a todos os povos os seus mandamentos, constituiu-os guardas e intérpretes autênticos de toda a lei moral; ou seja, não só da lei evangélica, como também da natural, dado que ela é igualmente expressão da vontade divina, e que a sua observância é do mesmo modo necessária para a salvação”.[3]
Em conformidade com a lei natural e a Revelação, a Humanæ Vitæ enfatiza que a relação sexual, “é própria e exclusiva aos cônjuges”,[4] e, por sua própria natureza, é ordenada “para a procriação e educação dos filhos”.[5] Por isso, não hesita em afirmar: “Chamando a atenção dos homens para a observância das normas da lei natural, interpretada pela sua doutrina constante, a Igreja ensina que qualquer ato matrimonial deve permanecer aberto à transmissão da vida”.[6] 
Inúmeros teólogos começaram a argumentar que a Igreja deveria mudar sua moral perene e abandonar a intransigência em questões sexuais, aceitando a “liberdade” sexual e o uso de contraceptivos artificiais. 

CONDENANDO A LIMITAÇÃO ARTIFICIAL DA NATALIDADE 

Ao contrário da mentalidade antinatalista de hoje, que vê as crianças como obstáculos à felicidade conjugal, a encíclica recorda: “Sem dúvida, os filhos são o dom mais excelente do matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos pais”.[7] E delineia a obrigação dos cônjuges de aderir às normas ditadas pela lei natural e divina: “Na missão de transmitir a vida, os pais não são, portanto, livres para procederem a seu próprio bel-prazer, […] mas devem conformar o seu agir com a intenção criadora de Deus”.[8] 
Quando o ato conjugal é praticado de tal maneira que “prejudique a disponibilidade para transmitir a vida que Deus, Criador de todas as coisas, nele inseriu segundo leis particulares, está em contradição com o desígnio constitutivo do casamento e com a vontade do Autor da vida humana”.[9] Em linguagem simples, está afirmado que pecam os que praticam o ato sexual impedindo artificialmente a procriação.
Assim, a Igreja não pode aceitar, mas deve condenar a contracepção: “Em conformidade com estes pontos essenciais da visão humana e cristã do matrimônio, devemos uma vez mais declarar que é absolutamente de excluir, como via legítima para a regulação dos nascimentos, a interrupção direta do processo gerador já iniciado; e sobretudo o aborto querido diretamente e procurado, mesmo por razões terapêuticas. É de excluir de igual modo, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, quer perpétua quer temporária, tanto do homem como da mulher. É ainda de excluir toda a ação que, em previsão do ato conjugal ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação”.[10]
Para se avaliar o alcance e a seriedade dessa condenação, o Papa deixou claro que estava falando como Doutor da Igreja Universal e sucessor dos Apóstolos. De fato, depois de expor os novos problemas do Magistério, ele afirma inequivocamente: “Por isso, depois de termos examinado atentamente a documentação que nos foi preparada, depois de aturada reflexão e de insistentes orações, é nossa intenção agora, em virtude do mandato que nos foi confiado por Cristo, dar a nossa resposta a estes graves problemas”.[11] 
Alguns teólogos liberais alegaram que o aspecto unitivo do ato conjugal, por si só, é suficiente para justificá-lo. E poderia ser dissociado do aspecto procreativo, justificando assim o uso da pílula anticoncepcional. A encíclica, ao contrário, reafirma que os aspectos unitivos e procreativos do ato conjugal são inseparáveis por sua própria natureza, como estabelecido pelo Criador. Portanto o homem não pode, por sua própria iniciativa, romper a conexão inseparável “entre o significado unitivo e o significado procreativo”, ambos inerentes ao ato conjugal.[12]
Tais teólogos invocam a teoria do “mal menor”, para justificar o uso da pílula anticoncepcional. No entanto, a encíclica explica que essa teoria não se aplica a este caso: “Nunca é lícito, nem sequer por razões gravíssimas, fazer o mal para que daí provenha o bem (Rom. 3, 8); isto é, ter como objeto de um ato positivo da vontade aquilo que é intrinsecamente desordenado, e portanto indigno da pessoa humana, mesmo se for praticado com intenção de salvaguardar ou promover bens individuais, familiares, ou sociais”.[13]
Em conformidade com a lei natural e a Revelação, a Humanæ Vitæ enfatiza que a relação sexual “é própria e exclusiva aos cônjuges”, e, por sua própria natureza, é ordenada “para a procriação e educação dos filhos”.

ADVERTINDO OS ESTADOS DE ÍNDOLE TOTALITÁRIA 

Quem analisa a Humanæ Vitæ não pode deixar de admirar a sabedoria da doutrina tradicional da Igreja, prevendo ao longo do tempo a situação a que chegaria o mundo moderno, com os Estados exibindo tendência sempre crescente de definir suas próprias normas para as famílias, resultando uma assustadora corrupção da moral. Por isso a encíclica enfatiza que o controle artificial da natalidade abre facilmente o caminho para a infidelidade conjugal e causa “um abaixamento geral dos padrões morais”, expondo particularmente os jovens à tentação. A advertência é clara: 
“Quem poderia reprovar um governo que aplicasse à solução dos problemas da coletividade aquilo que viesse a ser reconhecido como lícito aos cônjuges para a solução de um problema familiar? […] Portanto, não se querendo expor ao arbítrio dos homens a missão de gerar a vida, devem-se reconhecer necessariamente limites intransponíveis no domínio do homem sobre o próprio corpo e as suas funções; limites que a nenhum homem é lícito ultrapassar, seja ele simples cidadão privado ou investido de autoridade”.[14] 
Não há nada utópico na solução apresentada pela Humanæ Vitæ, e de fato é a única realmente coerente e eficaz. Por isso ela chama a atenção dos “educadores e de todos aqueles que desempenham tarefas de responsabilidade, em ordem ao bem comum da convivência humana, […] para a necessidade de criar um clima favorável à educação para a castidade, isto é, ao triunfo da liberdade sã sobre a licenciosidade, mediante o respeito da ordem moral”.[15] 
Observa ainda que a virtude da castidade, sem a qual a família está destinada a perecer, infelizmente é atacada de todas as formas: “Tudo aquilo que nos modernos meios de comunicação social leva à excitação dos sentidos, ao desregramento dos costumes, bem como todas as formas de pornografia ou de espetáculos licenciosos, devem suscitar a reação franca e unânime de todas as pessoas solícitas pelo progresso da civilização e pela defesa dos bens do espírito humano. Em vão se procurará justificar estas depravações com pretensas exigências artísticas ou científicas, ou tirar partido da liberdade deixada neste campo por parte das autoridades públicas”.[16] 

AGIR DE ACORDO COM ENSINAMENTOS PERENES 

Que São Joaquim e sua castíssima filha, a Virgem Maria,
iluminem a tantos que no meio da confusão dos dias atuais
correm o risco de encaminharem seus passos
pelos caminhos de perigosa e terrível perdição
Cinquenta anos após a publicação da Humanæ Vitæ, seus ensinamentos continuam válidos como sempre, e indiscutivelmente se aplicam ao debate sobre o “casamento” homossexual e inúmeras outras aberrações, que tanto ameaçam a família e a própria vida humana. Em meio a essa cacofonia, que obedece a comandos ocultos, deve ser sempre reafirmada a doutrina católica sobre o propósito do ato sexual, e, portanto, do casamento. 
Baseada na imutabilidade da natureza humana, na Sabedoria e Vontade divinas, a doutrina católica prega hoje aquilo que sempre pregou e sempre pregará até o fim dos tempos. Tal pregação nem sempre é popular. De fato, a Humanæ Vitæ foi recebida com desânimo e desprezo pelos promotores da revolução sexual. Mas desprezo à verdade não torna a verdade menos verdadeira. Ao condenar a revolução sexual, num chamado constante para retornar à verdadeira natureza do casamento, a voz sempre coerente e perene da Igreja se destaca ainda mais em meio ao caos moral. 
Estamos em tempos difíceis, ainda mais deteriorados após a Amoris Lætitia. Mas a encíclica de Paulo VI permanece um farol para os que são fiéis ao ensinamento perene da Igreja. Hoje, infelizmente, muitos teólogos, inclusive bispos e cardeais, querem mudar essa doutrina perene. Há até rumores de que o Papa Francisco teria convocado uma comissão para estudar a história da Humanæ Vitæ, presumivelmente com a intenção de modificá-la. 
De nossa parte, aconteça o que acontecer, teremos sempre como norma de vida e combate os princípios imutáveis da lei natural e da Revelação.

____________ 

Notas 
1. CARTA ENCÍCLICA HUMANAE VITAE DE SUA SANTIDADE PAPA PAULO VI, 25 de julho do ano de 1968, http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_25071968_humanae-vitae.html. Durante a comemoração do 40º aniversário, Bento XVI enfatizou: “Quarenta anos depois da sua publicação, aquele ensinamento não só manifesta a sua verdade inalterada, mas revela também a clarividência com a qual o problema é tratado”. (Discurso aos participantes do congresso internacional organizado pela Pontifícia Universidade Lateranense por ocasião do 40º aniversário da Encíclica Humanae Vitae, em 10 de maio de 2008: http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2008/may/documents/hf_ben-xvi_spe_20080510_humanae-vitae.html. 
2. HV, nº 18. As citações da Humanae Vitae referem-se ao número do parágrafo da encíclica apresentado no site do Vaticano: http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_25071968_humanae-vitae.html 
3. HV, nº 4. 
4. HV, nº 8. 
5. HV, nº 9.
6. HV, nº 11.
7. HV, nº 9.
8. HV, nº 10. 
9. HV, nº 13.
10. HV, nº 14. 
11. HV, nº 6. Inúmeros teólogos são da opinião de que a condenação da contracepção é uma doutrina infalível. Por exemplo: Pe. M.R. Gagnebet, O.P., “The Authority of the Encyclical Humanae Vitae” (“A Autoridade da Encíclica Humanae Vitae”), em www.ewtn.com/library/Theology/AUTHUMVT.HTM; Pe. John Hardon, S.J., “Contraception: Fatal to the Faith” (“Contracepção: Fatal à Fé”), em www.catholic-pages.com/morality/fatal.asp; Pe. Brian W. Harrison, O.S., revisão de Humanae Vitae e Infallibilità: il Concilio, Paolo VI e Giovanni Paolo II (“Humanae Vitae e Infalibilidade: o Concilio, Paulo VI e João Paulo II”), por Ermenegildo Lio, O.F.M. (Vaticano, Libreria Editrice Vaticana, 1986), em www.rtforum.org/lt/lt12.html; Pe. Joseph H. Ryder, S.J., “Pope Paul VI’s Encyclical Humanae Vitae as an Infallible Definition of Doctrine” (“A Encíclica Humanae Vitae do Papa Paulo VI como uma Definição Infalível de Doutrina”), Social Justice Review, em www.socialjusticereview.org/articles/humanae_vitae.php. 
12. HV, nº 12.
13. HV, nº 14. 
14. HV, nº 17. 
15. HV, nº 22.
16. Id. Ibid.

L'OSSERVATORE ROMANO - 310819


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POSMODERNIDAD

jueves, 29 de agosto de 2019


POSMODERNIDAD – 30/08/2019

La cultura "posmoderna" tiene algunos aspectos bastante sorprendentes, especialmente en comparación con los que tenía hace unas décadas. Adopta la tendencia ecologista de redescubrir y proponer como modelo de sociedad lo que es regresivo, primitivo, salvaje y tribal.

Este "regreso a la naturaleza" no es tan nuevo como parece. Si recordamos la historia del proceso revolucionario, notamos que, con el pretexto de construir un futuro diseñado sobre la base de la racionalidad científica y tecnológica, a menudo se ha soñado con regresar a un pasado perdido, a un origen virgen, a un "paraíso terrenal" en el que la humanidad viviría feliz al no ser consciente de todas las cosas que le faltarían, despojada y libre de todo.
   
La historia está llena de proyectos utópicos fallidos que intentaron recuperar una felicidad perdida volviendo a un origen primitivo.

Poco después del descubrimiento de las Américas, los barcos que llegaron al nuevo continente comenzaron a interesar no solo a sacerdotes, geógrafos, naturalistas y comerciantes, sino también a "filósofos" que hoy serían llamados etnólogos o antropólogos, ansiosos por estudiar la vida de los pueblos descubiertos. Esos eruditos estaban decepcionados con su propia civilización, a la que acusaban de ser complicada, planificada, injusta y desgarrada por divisiones y guerras. En la Ilustración Rousseau fue líder en la promoción del mito del "buen salvaje".

Ya la revolución protestante buscó redescubrir un "paraíso terrenal", una alternativa a la civilización, un nuevo modelo de sociedad para reemplazar al de la vieja Europa. El siglo XVI vio el surgimiento de las utopías que pretendían reunir el conocimiento y el poder necesarios para un retorno al "paraíso". Algunas sectas protestantes, como los anabaptistas, soñaban con una sociedad desprovista no solo del Papado, sino también de cualquier autoridad religiosa, poder político, familia o propiedad privada.

Esta abolición permitiría un retorno a esa comunidad ideal, la "horda primitiva" imaginada por Engels, en la cual "todo es de todos", todos son iguales entre sí, no solo con respecto a las posesiones y el poder, sino también en sus pensamientos, deseos y sentimientos. Este fue el objetivo de los primeros experimentos realizados por el régimen leninista en Rusia y el maoísta en China. La sangrienta dictadura de los Khmer Rouge en Camboya fue un intento trágico y fracasado de erradicar a toda una población de su civilización deportándola a la selva para experimentar una vida tribal.


29 de agosto de 2019

Molion fez crítica científica da encíclica que antecipa as conclusões do Sínodo Pan-amazônico

Agência Boa Imprensa – ABIM

Molion fez crítica científica da encíclica que antecipa as conclusões do Sínodo Pan-amazônico




















  • Luis Dufaur
No dia 16 de julho de 2015, por iniciativa do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, palestraram no Club Homs da capital paulista o Prof. Luiz Carlos Molion [foto acima] e o autor deste artigo.
O Prof. Molion é meteorologista, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), PhD em Meteorologia e pós-doutor em Hidrologia de Florestas. Ele assestou o foco nos aspectos científicos da Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco.
Suas observações continuam mais atuais do que nunca. Não somente os fenômenos climáticos e ecológicos em pauta continuam os mesmos pois se estendem com grande durabilidade no tempo.
Mas a agitação ideológica “verde” cresceu em insuspeitadas proporções.
Criou-se também um coro de vozes, aliás muitas anticristãs, que sintoniza com o Sínodo Pan-amazônico que se desenvolverá em Roma no próximo mês de outubro.
E o cerne das conclusões desse Sínodo já está inscrito com antecedência na referida encíclica.
O professor Molion observou múltiplas impropriedades, do ponto de vista da ciência, contidas nessa Encíclica, pois adota hipóteses controvertidas ou falsas como se fossem resultantes de um consenso entre os especialistas.
Também sublinhou que o termo “consenso” jamais pode ser usado na ciência. Ele é aplicável na política e em seus conchavos. A ciência é questionadora por natureza.
O Prof. Molion explicou que a análise dos dados dos últimos 420 mil anos registra sucessivas eras glaciais com cerca de 100 mil anos de duração cada uma, interrompidas por períodos quentes ou interglaciários de 10 a 12 mil anos de duração.
A última glaciação ocorreu há 130 mil anos. Nesse período, pode-se constatar que o CO2 nunca causou alteração da temperatura. Pelo contrário, ele acompanhou as mudanças da temperatura com um atraso de 800 a mil anos, ou até 5 mil.
O auditório encheu para ouvir as explicações do prof. Molion sobre a Laudato Si’
O CO2 é um seguidor e não um condutor. O grande controlador do CO2 na atmosfera são os oceanos, que constituem 71% da superfície da Terra. Dos 510 milhões de quilômetros quadrados do Planeta, 361 milhões são cobertos pelos oceanos.
Segundo o abalizado especialista, vivemos hoje num período interglacial iniciado há cerca de 15 mil anos. Nos interglaciários anteriores, a temperatura atingiu de 6º a 10º acima da atual.
Qual era a atividade humana que aqueceu o planeta? perguntou o palestrante. Nessas épocas nem existia o Homo Sapiens!
Esse aquecimento apenas se explica por processos físicos naturais, independentes de qualquer presença ou atividade humana.
A história da civilização humana transcorreu nos últimos 10 mil anos, tendo havido quatro períodos muito mais quentes que o atual:
  • ótimo do Holoceno, há 8 mil anos;
  • Minuano quente, ocorreu 3.500 anos atrás e correspondeu à civilização de Minos;
  • Romano quente — entre 400 a.C. a 300 d.C. — que inclui a época da vida de Cristo;
  • e o Medieval quente, entre 900 e 1250 ou 1300 d.C.
Entre 1350 e 1850, quiçá até inicio do século XX, houve um período frio em que a temperatura média da Europa ficou 2ºC abaixo da atual.
O interglacial em que vivemos tende ao resfriamento. Já passamos pelo máximo de calor 6 mil anos atrás e estamos rumando bem devagar para uma nova era glacial.
Ninguém precisa se preocupar, pois para se chegar a 8º ou 10º abaixo do que está hoje levará cem mil anos.
De acordo com o Prof. Molion, fica assim claro que o Papa Francisco foi muito mal assessorado na redação da Encíclica.
Vídeo: Mitos e fraudes falsamente científicos continuam sendo os mesmos. A prova? Veja esta entrevista-aula de 2010 !!!
O documento papal também recolhe a ideia de um aumento catastrófico do nível dos mares. Em 2007, o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) previa um aumento de 59 cm até 2100; em 2013 sua previsão saltou para 98 cm.
E o líder aquecimentista Al Gore afirma em seu laureado trabalho que o aumento seria de 6 metros! Só que, apesar desse salto vertiginoso, ele comprou uma mansão em Montecito, na Califórnia, pelo valor de 9 milhões de dólares, bem junto à praia…!
O palestrante mostrou que é impossível medir o nível do mar, pois ele não se trata de um sólido contínuo e está exposto a mudanças determinadas por fenômenos astronômicos!
A Encíclica trata também de “eventos extremos” de natureza climática. O que é isso? Um evento extremo é um estado atmosférico momentâneo, não é clima! No clima, o que se considera é a média de tudo, e não apenas um momento extremo.
“Eventos extremos” sempre ocorreram. A pior seca do Nordeste foi em 1877-1879. Na região metropolitana de São Paulo, segundo os pluviômetros, a década com maiores tempestades foi de 1941 a 1950. E a pior enchente que São Paulo já teve foi em janeiro de 1929!
Não tem nada a ver com o aquecimento global!
O professor Molion ilustrou os pontos falhos da Laudato Si’ do ponto de vista científico.
O Prof. Molion também desmitificou outras frases soltas no documento que não se sabe de onde saíram, tais como o medo de descongelamento do permafrost (terra congelada no Ártico) e a liberação de quantidades catastróficas de gás metano por essa e outras vias.
Também neste ponto, a Encíclica acolhe uma mistificação sem base na ciência.
Segundo o expositor, em matéria de efeito estufa o documento papal está totalmente equivocado e deve ser completamente repensado em função dos conhecimentos básicos da física.
Outra questão afirmada sem fundamento é a acidificação dos oceanos. Quanto ácido seria preciso para acidificar os oceanos? É inimaginável.
Resumidamente, o professor Molion voltou a sublinhar verdades básicas na matéria:  
  • o clima varia por causas naturais; 
  • “eventos extremos” sempre ocorreram; 
  • o CO2 não controla o clima global e é o gás da vida; sem CO2 acabariam as plantas, os animais e os homens; 
  • sem energia, inclusive a nuclear, os países pobres não sairão da pobreza.
O renomeado professor concluiu que é muito preocupante o Papa defender na Encíclica uma governança mundial para se controlar as emissões de gás.

L'OSSERVATORE ROMANO - 300819

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CAOS



miércoles, 28 de agosto de 2019



CAOS – 29/08/2019

No hace mucho tiempo, quien dijese que el mundo iría hundiéndose en el caos, era oído con indiferencia. ¿Cómo dar crédito a esta predicción, viendo la prosperidad y el buen orden que parecía reinar en Occidente? Por lo que bastaba que reinara el orden en Europa y en América para poder decir que todo estaba bien y que en el caos era imposible. Como si el mundo oriental no fuera parte del Planeta.

El caos se entendía entonces como un auge catastrófico de todos los desórdenes y desgracias. ¿Cómo admitir entonces que de una situación "evidentemente" ordenada, podría surgir tal paroxismo de desorden? Esta sería la refutación, aparentemente indestructible, que el optimismo entonces reinante, oponía a los que sin duda calificaban de "profetas de calamidades".

Va corriendo rápidamente el convulsionado año 2019 y el examen más superficial de la realidad permite ver que la palabra caos, tenida hasta hace poco como un espantapájaros por tanta gente considerada sensata, se convirtió en una palabra de moda.

De hecho, en los círculos de vanguardia intelectual, que se jactan de posmodernos, la palabra caos es algo frívolo, elegante, más o menos como un bibelot que les gusta tener entre sus dedos para jugar con él y verlo más de cerca.

En lugar de despertar horror, el caos es visto hoy como una fuente de esperanza. Por el contrario, la palabra moderno, que tanto sonreía a los occidentales, parece haber caído en la decrepitud. Reluciente de juventud hasta hace unas décadas, de repente le creció una melena de pelo blanco, no puede ocultar sus arrugas y usa dentadura postiza. ¡Poco le falta para que caiga en el basurero de la Historia! Ser moderno, ¡qué hermoso era hace 40 años! Hoy en día, ¡qué antigualla! Quien no quiera estar involucrado en la decrepitud de lo que es moderno, debe decirse posmoderno. Esta es la expresión del momento.

Cada vez más, el caos y la posmodernidad son conceptos que se van aproximando, a tal punto de que tienden a fusionarse. Y hay quienes incluso ven en catástrofes eventuales el punto de partida de un mañana esplendoroso.

Así, quienes hasta ayer no encontraban suficientes epítetos para lanzar contra la Edad Media, hoy argumentan precisamente con ella para justificar su optimismo.