31 de mayo de 2013

ENTREVISTA: Padre Gabriele Amorth, exorcista oficial do Vaticano

CATOLICISMO ROMANO

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Padre Gabriele AmorthO portal "Catolicismo Romano" disponibiliza uma entrevista com o Padre Gabriele Amorth, um dos exorcistas oficiais do Vaticano. Ele fala algumas coisas a respeito do Concílio Vaticano II e sobre a infiltração do maligno na igreja. Ele também é o presidente da associação dos exorcistas onde tenta desenvolver um trabalho para que sejam formados mais servos de Deus para este ofício, um tanto escasso dentro de nossa igreja. É muito raro encontrarmos um.

Padre Amorth, está pronta a tradução italiana do novo Ritual para os exorcistas...
GABRIELE AMORTH: Sim, está pronta. No ano passado a Conferência Episcopal não quis aprová-la porque havia erros de tradução do latim. E nós, os exorcistas, que deveríamos utilizá-la, aproveitamos para indicar uma vez mais que discordávamos sobre muitos pontos do novo Ritual. O texto base em latim continua sem mudanças nesta tradução. E um Ritual tão esperado no fim transformou-se numa burla. Um incrível empecilho que ameaça impedir agirmos contra o demônio.

Uma acusação pesada. O Sr. se refere a quê?
AMORTH: Faço-lhe dois exemplos somente. Clamorosos. No ponto 15 fala-se dos malefícios e de como comportar-se nesse caso. O malefício é um mal causado a uma pessoa recorrendo ao diabo. Pode ser feito em diversas formas, como feitiços, maldições, maus-olhados, vodu, macumba. O Ritual Romano explicava como enfrentá-lo. O novo Ritual, ao contrário, afirma categoricamente que há uma proibição absoluta de fazer exorcismos nesses casos. Absurdo. Os malefícios são de longe a causa mais freqüente de possessões e males causados pelo demônio: não menos de 90 por cento. É como dizer aos exorcistas que não ajam mais. O ponto 16 então afirma que não se devem fazer exorcismos se não existe a certeza da presença diabólica. Esta é uma obra-prima de incompetência, pois se tem a certeza da presença do demônio numa pessoa só fazendo o exorcismo. Ademais, os responsáveis não perceberam que contradiziam nos dois pontos o Catecismo da Igreja Católica, que indica o exorcismo seja no caso de possessões diabólicas seja no caso de males causados pelo demônio. E diz também para ser feito tanto com pessoas quanto com coisas. E nas coisas não existe nunca a presença do demônio, existe só a sua influência. As afirmações contidas no novo Ritual são gravíssimas e muito danosas, fruto de ignorância e inexperiência.

Mas não foi elaborado por especialistas?
AMORTH: De forma alguma. Nestes dez anos trabalharam com o Ritual duas comissões: uma composta por cardeais, que cuidou dos "prenotanda", ou seja, das disposições iniciais; e outra, que cuidou das orações. Posso afirmar com certeza que nenhum dos membros das duas comissões fez exorcismos nem assistiu a exorcismos nem teve a menor idéia do que são os exorcismos. Este é o erro, o pecado original, desse Ritual. Nenhum dos que colaboraram era especialista em exorcismos.

Como é possível?
AMORTH: Não me pergunte. Durante o Concílio Vaticano II cada comissão era coadjuvada por um grupo de especialistas que apoiava os bispos. E o costume manteve-se também depois do Concílio, cada vez que se refizeram partes do Ritual Romano. Mas não neste caso. E se havia um tema no qual eram necessários especialistas, era este.

E em vez disso?
AMORTH: Em vez disso, nós, os exorcistas, nunca fomos consultados. Além do mais, as sugestões que demos foram recebidas com mal-estar pelas comissões.A história é paradoxal. Quer que eu lhe conte?

Claro. 
AMORTH: À medida que, como tinha pedido o Concílio Vaticano II, as várias partes do Ritual Romano eram revisadas, os exorcistas aguardavam que viesse tratado também o título XII, isto é, o Ritual dos Exorcismos. Mas evidentemente não era considerado um tema relevante, dado que passavam-se os anos e não acontecia nada. Depois, de repente, dia 4 de junho de 1990, saiu o Ritual "ad interim", experimental. Foi uma verdadeira surpresa para nós, que nunca tínhamos sido consultados. Todavia, já fazia tempo que tínhamos preparado alguns pedidos com relação a uma revisão do Ritual; pedíamos, entre outras coisas, o retoque das orações, colocando invocações a Nossa Senhora que faltavam completamente, e o aumento de orações específicas, mas fomos completamente afastados da possibilidade de dar qualquer contribuição. Mas não desanimamos porque o texto tinha sido feito para o nosso uso.

Dado que na carta de apresentação o então prefeito da Congregação para o Culto Divino, o cardeal Eduardo Martínez Somalo, pedia às conferências episcopais que enviassem num prazo de dois anos "conselhos e sugestões dadas pelos sacerdotes que o terão usado", pusemo-nos a trabalhar.

Reuni 18 exorcistas, escolhidos entre os mais experientes do planeta.

Examinamos com grande atenção o texto. Nós o usamos. Elogiamos logo a primeira parte, na qual eram resumidos os fundamentos evangélicos do exorcismo, o aspecto bíblico-teológico, no qual naturalmente não faltava competência, uma parte nova com relação ao Ritual de 1614, composto por Paulo V. Ademais, naquela época não havia necessidade de lembrar esses princípios, por todos reconhecidos e aceitos. Hoje, porém, é indispensável.

Mas quando passamos a examinar a parte prática, que requer um conhecimento específico do tema, manifestou-se a total inexperiência dos redatores.

As nossas observações foram copiosas, artigo por artigo, e fizemo-las chegar a todas as partes interessadas: Congregação para o Culto Divino, Congregação para a Doutrina da Fé, conferências episcopais. Uma cópia foi entregue diretamente ao Papa em mãos.

Como foram acolhidas as suas observações?AMORTH: Acolhida péssima, eficácia nula. Tínhamo-nos inspirado na "Lumen gentium", na qual a Igreja é descrita como "Povo de Deus". No número 28 fala-se da colaboração dos sacerdotes com os bispos, no número 37 diz-se com clareza, inclusive com relação aos leigos, que "segundo a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm a faculdade, aliás às vezes também o dever, de manifestar o seu parecer sobre coisas que concernem ao bem da Igreja". Era exatamente o nosso caso. Mas nós imaginávamos, ingenuamente, que as disposições do Vaticano II tivessem chegado às congregações romanas. Ao contrário, encontramos de frente um muro de rechaço e desprezo. O secretário da Congregação para o Culto Divino fez um relatório à comissão cardinalícia na qual dizia que os seus únicos interlocutores eram os bispos, e não os sacerdotes ou os exorcistas. E acrescentava textualmente, a propósito da nossa humilde tentativa de ajuda como peritos que exprimem o seu parecer: "Vemos o fenômeno dum grupo de exorcistas e supostos demonólogos, esses que logo se constituíram numa Associação Internacional, que orquestrava uma campanha contra o rito". Uma acusação indecente: nós jamais orquestramos campanha alguma! O Ritual era dirigido a nós, e nas comissões não tinham convocado nenhuma pessoa competente, era mais do que lógico que tentássemos dar a nossa contribuição.

Mas então quer dizer que o novo Ritual é para os senhores imprestável na luta contra o demônio?
AMORTH: Sim. Queriam entregar-nos uma arma com defeito. Foram canceladas as orações eficazes, orações que tinham doze séculos de história, e foram criadas outras, ineficazes. Mas felizmente no último momento tivemos um salva-vidas.

Qual?AMORTH: O novo prefeito da Congregação para o Culto Divino, o cardeal Jorge Medina, anexou ao Ritual uma notificação, na qual afirma que os exorcistas não estão obrigados a usar este Ritual, mas se querem podem usar o antigo com permissão do bispo. Os bispos devem pedir autorização à Congregação, que no entanto, como escreve o cardeal, "a concede de boa vontade".

"Concede-a de boa vontade"? É uma concessão bem estranha...AMORTH: Quer saber de onde vem? Duma tentativa feita pelo cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a doutrina da Fé, e pelo próprio cardeal Medina para introduzir no Ritual um artigo - então era o artigo 38 no qual se autorizavam os exorcistas a usar o Ritual precedente. Sem dúvida tratava-se duma manobra extrema para evitarmos os grandes erros que há nesse Ritual definitivo. Mas a tentativa dos dois cardeais foi reprovada.

Então o cardeal Medina, que tinha compreendido o que estava em jogo, decidiu dar-nos de qualquer forma este salva-vidas, acrescentando uma notificação em separado.

Como são considerados os exorcistas dentro da Igreja?
AMORTH: Somos muito mal tratados. Os irmãos sacerdotes que são encarregados dessa delicadíssima tarefa são vistos como doidos, fanáticos. Em geral quase não são tolerados nem pelos bispos que os nomeiam.

Qual o fato mais clamoroso dessa hostilidade?AMORTH: Tivemos um convênio internacional de exorcistas perto de Roma.

Pedimos para ser recebidos pelo Papa. Para não dar a ele o peso de somar outra audiência às tantas que já dá, pedimos simplesmente para ser recebidos na audiência pública das quartas-feiras na Praça de São Pedro.

Inclusive sem que fosse preciso mencionar-nos nas saudações. Fizemos o devido pedido, como lembrará perfeitamente Mons. Paolo De Nicolò, da Prefeitura da Casa Pontifícia, que acolheu de braços abertos o nosso pedido. Um dia antes da audiência porém o próprio Mons. De Nicolò disse-nos - na verdade com grande constrangimento, pelo que se viu muito bem que a decisão não dependia dele - que não viéssemos, não éramos admitidos. Incrível: 150 exorcistas provenientes dos cinco continentes, sacerdotes nomeados pelos seus bispos segundo as normas do direito canônico, que requerem padres de oração, ciência e boa fama - portanto mais ou menos a fina-flor do clero -, pedem para participar duma audiência pública do Papa e são enxotados. Mons.

De Nicolò disse-me: "Naturalmente prometo que lhe enviarei logo uma carta com os motivos". Passaram-se cinco anos, e ainda estou a esperar essa carta.

Certamente não foi João Paulo II a excluir-nos. Mas que seja proibido a 150 sacerdotes participar duma audiência pública do Papa na Praça de São Pedro explica o quanto são dificultados os exorcistas pela sua Igreja, quanto são mal vistos por tantas autoridades eclesiásticas.

O Sr. combate o demônio quotidianamente. Qual é o maior sucesso de Satanás?AMORTH: Conseguir que não creiam na sua existência. Quase conseguiu.

Também dentro da Igreja. Temos um clero e um episcopado que já não crêem no demônio, nos exorcismos, nos males extraordinários que o diabo pode fazer, e tampouco no poder que Jesus concedeu de expulsar os demônios.

Há três séculos que a Igreja latina - ao contrario dos orientais e de várias confissões protestantes - abandonou quase completamente o ministério dos exorcismos. Sem praticá-los, estudá-los nem vê-los, o clero já não crê.

Já não crê tampouco no diabo. Temos inteiros episcopados contrários aos exorcismos. Há nações completamente carentes de exorcistas, como a Alemanha, a Áustria, a Suíça, a Espanha e Portugal. Uma carência assustadora.

Não citou a França. Lá a situação é diferente?AMORTH: Há um livro escrito pelo mais conhecido exorcista francês, Isidoro Froc, intitulado: "Os exorcistas, quem são e que fazem". O volume, traduzido em italiano pela editora Piemme, foi escrito por encargo da Conferência Episcopal Francesa. Em todo o livro jamais se diz que os exorcistas, em certos casos, fazem exorcismos. E o autor declarou várias vezes à televisão francesa que nunca fez exorcismos e que nunca os fará.

Entre cem exorcistas franceses só cinco crê no demônio e fazem exorcismos.

Todos os outros mandam quem se dirige a eles ao psiquiatra.

Os bispos são as primeiras vítimas dessa situação da Igreja Católica, da qual está desaparecendo a crença na existência do demônio. Antes de sair esse novo Ritual, o episcopado alemão escreveu uma carta ao cardeal Ratzinger em que afirmava que não era necessário um novo Ritual, porque já não se devem fazer exorcismos.

É dever dos bispos nomear exorcistas?AMORTH: Sim. Quando um sacerdote é eleito bispo, encontra-se ante um artigo do Código de Direito Canônico que lhe dá autoridade absoluta para nomear exorcistas. A um bispo o mínimo que se pode pedir é que tenha assistido pelo menos a um exorcismo, dado que deve tomar uma decisão tão importante.

Infelizmente, não acontece quase nunca. Mas se um bispo se encontra ante uma solicitação séria de exorcismo - ou seja, feita não por um maluco - e não toma providências, comete pecado mortal. E é responsável por todos os terríveis sofrimentos daquela pessoa, que às vezes duram anos ou uma vida, e que teria podido impedir.

Está dizendo que a maior parte dos bispos da Igreja católica está em pecado mortal?
AMORTH: Quando eu era pequeno o meu velho pároco ensinava-me que os sacramentos são oito: o oitavo é a ignorância. E o oitavo sacramento salva mais que os outros sete juntos. Para cometer pecado mortal é preciso uma matéria grave mas também o pleno conhecimento e o deliberado consentimento.

Essa omissão de ajuda por parte de muitos bispos é matéria grave. Mas esses bispos são ignorantes: não há portanto deliberado consentimento e pleno conhecimento.

Mas a fé permanece intacta, isto é, permanece uma fé católica, se alguém não crê na existência de Satanás?

AMORTH: Não. Conto-lhe um episódio. Quando encontrei pela primeira vez o Pe.Pellegrino Ernetti, um célebre exorcista que exerceu o ministério por quarenta anos em Veneza, disse-lhe: "Se eu pudesse falar com o Papa eu lhe diria que encontro demasiados bispos que não crêem no demônio". Na tarde seguinte o Pe. Ernetti veio até mim para me dizer que de manhã tinha sido recebido por João Paulo II. "Santidade", dissera-lhe, "há um exorcista cá em Roma, Pe. Amorth, que se o visse lhe diria que conhece demasiados bispos que não crêem no demônio". O Papa respondeu-lhe, taxativo: "Quem não crê no demônio não crê no Evangelho". Eis a resposta que ele deu e que eu repito.

Ou seja: a conseqüência é que muitos bispos e muitos padres não seriam católicos?
AMORTH: Digamos que não crêem numa verdade evangélica.

Portanto, sendo o caso, eu os acusaria de propagar uma heresia. Mas fique claro que alguém é formalmente herege se é acusado de alguma coisa e permanece no erro.

Hoje ninguém, pela situação que há na Igreja, acusa um bispo por não crer no diabo, nas possessões demoníacas e por não nomear exorcistas porque não crê.

Contudo, eu poderia dizer-lhe muitíssimos nomes de bispos e cardeais que logo que foram nomeados para uma diocese tiraram a todos os exorcistas tal faculdade. Ou bispos que sustentam abertamente: "Eu não creio nisso.

São coisas do passado". Por quê? Infelizmente porque houve a influência perniciosíssima de certos biblistas, e poderia citar-lhe muitos nomes ilustres. Nós que tocamos todos os dias o mundo sobrenatural sabemos que meteu a colher em tantas reformas litúrgicas.

Por exemplo?
AMORTH: O Concílio Vaticano II tinha comandado a revisão de alguns textos.

Desobedecendo a essa ordem, o que se quis foi refazê-los completamente.

Sem pensar que se podiam piorar as coisas em vez de melhorá-las. E tantos ritos foram piorados por essa mania de querer jogar fora tudo o que havia no passado e refazer tudo desde o começo, como se a Igreja tivesse até hoje sempre tapeado e enganado, e só agora tivesse chegado o tempo dos grandes gênios, dos superteólogos, dos superbiblistas, dos superliturgistas, que sabem dar à Igreja as coisas certas. Uma mentira. O último Concílio tinha simplesmente pedido a revisão desses textos, não a sua destruição.

O Ritual dos exorcismos, por exemplo: era para ser corrigido, não refeito.

Havia orações que têm doze séculos de experiência.

Antes de eliminar orações tão antigas e que por séculos demonstraram a sua eficácia, seria preciso pensar longamente. Mas não. Nós, os exorcistas, experimentando o Ritual "ad interim", vimos que são absolutamente ineficazes.

Também o Ritual do Batismo das crianças foi piorado.

Foi desvirtuado até quase eliminar o exorcismo contra Satanás, que sempre teve enorme importância para a Igreja, tanto que era chamado "exorcismo menor".

Contra esse novo rito protestou publicamente também Paulo VI.

Foi piorado o novo Ritual de Bênçãos. Li minuciosamente todas as suas 1200 páginas. Pois bem, foi cuidadosamente tirada toda referência ao fato de que o Senhor nos protege de Satanás, que os anjos nos protegem do assalto do demônio.

Tiraram todas as orações que havia na bênção das casas e das escolas. Tudo tinha de ser benzido e protegido, mas hoje a proteção contra o demônio já não existe, já não existem defesas e tampouco orações contra ele.

O próprio Jesus tinha-nos ensinado uma oração de libertação no pai-nosso: "Livrai-nos do Maligno. Livrai-nos da pessoa de Satanás". Em vernáculo foi traduzida de forma errônea, e agora se reza dizendo: "Livrai-nos do mal". Fala-se dum mal genérico, do qual no fundo não se sabe a origem. Ao contrário, o mal contra o qual Nosso Senhor Jesus Cristo tinha-nos ensinado a combater é uma pessoa concreta: é Satanás.

O Sr. tem um observatório privilegiado: tem a sensação de que o satanismo esteja difundindo-se?AMORTH: Sim. Muitíssimo. Quando diminui a fé aumenta a superstição. Se uso a linguagem bíblica, digo que se abandona a Deus e se abraça a idolatria; se uso uma linguagem moderna, digo que se abandona a Deus para abraçar o ocultismo. A diminuição assustadora da fé em toda a Europa católica faz com que o povo se entregue às mãos de magos e cartomantes, enquanto as seitas satânicas prosperam. O culto do demônio é anunciado a massas inteiras através do rock satânico de personagens como Marilyn Manson, e atacam-se também as crianças quando jornais e quadrinhos ensinam a magia e o satanismo.

São muito difundidas as sessões espíritas, nas quais se evocam os mortos para ter respostas. Agora aprende-se a fazer sessões espíritas com o computador, com o telefone, com a televisão, com o gravador, mas sobretudo com a escritura automática. Já não há necessidade do medium: é um espiritismo "self service". Segundo as pesquisas, 37 por cento dos estudantes fez pelo menos uma vez o jogo do cartaz ou do copo, que é uma verdadeira sessão espírita. Numa escola em que me convidaram a falar, os jovens disseram que o faziam durante a aula de religião sob olhos complacentes do professor.

E funcionam?AMORTH: Não existe diferença entre magia branca e magia negra. Quando a magia funciona, é sempre obra do demônio. Todas as formas de ocultismo, como esta grande atração pelas religiões do Oriente, com as suas tendências esotéricas, são portas abertas para o demônio. E o diabo entra. Rápido.

Eu não hesitei a dizer imediatamente, no caso da freira assassinada em Chiavenna e no caso dos dois jovens de Novi Ligure [trata-se de delitos que chocaram a Itália recentemente, n.d.tr.], que houve uma intervenção direta do demônio porque esses jovens se dedicavam ao satanismo. Prosseguindo a investigação a polícia descobriu, em ambos os casos, que esses jovens seguiam Satanás, tinham livros satânicos.

O que aproveita o demônio para seduzir o homem?AMORTH: Ele tem uma estratégia monótona. Disse isso a ele, e ele o reconhece... Leva a crer que o inferno não existe, que o pecado não existe sendo só uma experiência mais a fazer. Concupiscência, sucesso e poder são as três grandes paixões nas quais Satanás insiste.

Quantos casos de possessão demoníaca encontrou?
AMORTH: Depois dos primeiros cem casos desisti de contar.

Cem? Mas são muitíssimos. O Sr. diz nos seus livros que os casos de possessão são raros.AMORTH: E de fato são. Muitos exorcistas têm encontrado somente casos de males diabólicos. Mas eu herdei a "clientela" dum exorcista famoso como o Pe. Candido, e portanto os casos que ele não tinha resolvido ainda.

Ademais, os outros exorcistas mandam para mim os casos mais resistentes.

Qual o caso mais difícil que encontrou?
AMORTH: Estou tratando dele agora, e já faz dois anos.

É a mesma jovem que foi abençoada - não foi um exorcismo propriamente - pelo Papa em outubro no Vaticano e que causou sensação nos jornais. É atingida 24 horas por dia, com tormentos indescritíveis. Os médicos e os psiquiatras não conseguiam entender nada. É plenamente lúcida e inteligentíssima.

Um caso realmente doloroso.

Como a pessoa se torna vítima do demônio?
AMORTH: Pode-se cair nos males extraordinários enviados pelo demônio por quatro motivos. Ou porque isso consiste num bem para a pessoa (é o caso de muitos santos), ou pela persistência no pecado de modo irreversível, ou por um malefício que alguém faz por meio do demônio, ou por práticas de ocultismo.

Durante o exorcismo de possessos, que tipo de fenômenos se manifestam?AMORTH: Lembro-me dum camponês analfabeto que durante o exorcismo me falava só em inglês, e eu precisava dum intérprete. Há quem mostra uma força sobre-humana, quem se eleva completamente da terra e várias pessoas não conseguem mantê-lo sentado. Ma é só pelo contexto em que se desenvolvem que falamos de presença demoníaca.

Ao Sr. o demônio nunca fez nada de mal?
AMORTH: Quando o cardeal Poletti me pediu para ser exorcista encomendei-me a Nossa Senhora. "Envolvei-me no vosso manto e estarei seguríssimo". O demônio fez-me tantas ameaças, mas nunca me causou dano algum.

O Sr. não tem medo do demônio?AMORTH -. Eu, medo daquele estúpido? É ele que deve ter medo de mim: eu ajo em nome do Senhor do mundo. E ele é só o macaco de Deus.

Padre Amorth, o satanismo difunde-se cada vez mais. O novo Ritual torna difícil fazer exorcismos. Impede-se aos exorcistas a participação numa audiência papal na Praça de S. Pedro. Diga-me sinceramente: o que está acontecendo?AMORTH: A fumaça de Satanás entra em todas as partes.

Em todas as partes!

Talvez tenhamos sido excluídos da audiência do Papa porque tinham medo de que tantos exorcistas conseguissem expulsar as legiões de demônios que se estabeleceram no Vaticano.

Está brincando, não?
AMORTH: Pode parecer um modo de dizer, mas creio que não seja. Não tenho dúvida alguma de que o demônio tenta sobretudo os postos altos da Igreja, como tenta os postos altos da política e da indústria.

Está dizendo que também aqui, como todas as guerras, Satanás quer conquistar os generais adversários?
AMORTH: É uma estratégia vencedora. Sempre se tenta efetuá-la.

Sobretudo quando as defesas do adversário são fracas. E também Satanás tenta. Mas ainda bem que existe o Espírito Santo que sustém a Igreja: "As portas do inferno não prevalecerão". Apesar dos abandonos.

Apesar das traições, que não devem surpreender. O primeiro traidor foi um dos apóstolos mais próximos a Jesus, Judas Iscariotes. Mas apesar disso a Igreja continua no seu caminho. Mantém-se em pé pelo Espírito Santo, portanto toda a luta de Satanás pode ter somente sucesso parcial. Claro, o demônio pode vencer algumas batalhas. Inclusive importantes. Mas jamais a guerra.

A Realeza de Nossa Senhora e o Sapiencial e Imaculado Coração de Maria

A Realeza de Nossa Senhora e o Sapiencial e Imaculado Coração de Maria


31, maio, 2013
Por Plinio Corrêa de Oliveira


[...] Eu gostaria de dizer uma palavra a respeito do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria.

Ao clicar na imagem você saberá como se consagrar ao Imaculado Coração de Maria
Em primeiro lugar, eu devo lembrar aos Srs. que hoje não é propriamente a festa do Imaculado Coração de Maria. Hoje é a festa de Nossa Senhora Rainha.
Entretanto, eu creio que com toda legitimidade nós podemos festejar o Imaculado Coração de Maria no dia de hoje. E isto por uma razão muito simples, é que um dos modos pelos quais Nossa Senhora torna efetivo o seu domínio na terra é exatamente o seu Coração Imaculado e Sapiencial.
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E há até uma invocação muito bonita de Nossa Senhora, Regina Cordium, Nossa Senhora Rainha dos Corações, que pode ser vista na perspectiva desses dois atributos ou invocações de Nossa Senhora. Primeiro, Nossa Senhora Rainha e em segundo lugar o Imaculado e Sapiencial Coração de Maria.
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Como é que tudo isso se coloca, como é que tudo isso se vê e se entende?
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Nós sabemos que Nossa Senhora, de direito, é a rainha do céu e da terra. Ela o é de direito por duas razões: em primeiro lugar porque Ela é a Rainha-Mãe de toda a criação, Ela é Mãe de Deus e Ela tem, portanto, na criação, uma situação parecida com a que tem as rainhas-mães nos países de estrutura monárquica.
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Mas de outro lado também, porque Deus Nosso Senhor entregou a Nossa Senhora a regência efetiva do céu e da terra. Nossa Senhora manda — porque Ele entregou esse poder — Nossa Senhora manda sobre os anjos, Nossa Senhora manda sobre os santos, Nossa Senhora manda sobre todas as almas que estão no purgatório, Nossa Senhora manda sobre todos os homens que estão no mundo. Ela manda até sobre o inferno.
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Tudo está completamente e inteiramente sujeito a Ela pela vontade de Deus.
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Uma rainha-mãe não é propriamente uma rainha reinante. Ela tem as honras da realeza, mas ela não é a rainha reinante. A rainha Mary, da Inglaterra, por exemplo, é rainha-mãe.
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Ela foi rainha, esposa — ela nunca foi rainha reinante, ela nunca exerceu a realeza, ela teve as honras da realeza, foi esposa do rei Jorge VI, depois faleceu o rei, a realeza passou para a filha dela, a rainha Elisabeth II e ela passou a ser a rainha-mãe.
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Ela passou a vida inteira, portanto, cercada das honras da realeza, não portanto do mando da realeza. A rainha Elisabeth II é a rainha reinante, porque na pequena medida de poder que tem uma rainha da Inglaterra, nessa medida ela reina. De maneira que ela é a rainha reinante.
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Nossa Senhora não é só a rainha-mãe porque é Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas Ela é rainha reinante porque Deus Nosso Senhor confiou a Ela esse poder.
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Agora, esse poder que Ela tem, de direito, como é que ela exerce? Como Ela transforma em fatos esse poder de direito que Ela tem?
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No céu Ela exerce de dois modos: em primeiro lugar, porque Ela tem o direito de mandar e sendo todas as almas que estão no céu confirmadas em graça, elas não fazem senão a vontade de Deus. De maneira que é certíssimo que Nossa Senhora mandando nelas em nome de Deus, Nossa Senhora tem o direito de se impor a elas e elas obedecem.
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Mas é também verdade que ainda que Deus não tivesse mandado, elas quereriam obedecer a Nossa Senhora. E quereriam pelo extremo amor que elas tem a Nossa Senhora, pelo conhecimento que elas tem de todas as virtudes de Nossa Senhora, da superioridade de Nossa Senhora.
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Porque toda superioridade confere um mando, ainda que não houvesse essa ordem de Deus, eu estou certo que todos os anjos e todos os santos do céu pela expressão de uma leve, tênue vontade de Nossa Senhora, eles se moveriam todos nessa direção.
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E aí é um império que é o império de um coração sobre corações. Em que sentido isso?
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O coração, os Srs. sabem – eu já tenho dito isso inúmeras vezes — coração é o órgão físico que é símbolo da mentalidade. Quer dizer, do modo pelo qual a pessoa vê as coisas, e do modo pelo qual quer as coisas.
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O Sapiencial e Imaculado Coração de Maria é uma expressão da mentalidade sapiencial e imaculada de Nossa Senhora. E exprime, entre outras coisas também, a sua bondade inefável, sua doçura inefável, sua misericórdia inesgotável.
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Por todas essas razões, os anjos e santos do céu, considerando Nossa Senhora, a amam com toda a intensidade — abaixo de Deus, mas a amam. Amam tanto quanto é dado a eles amar, mas a amam.
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E o resultado é que esse amor é tal que Ela reinaria sobre eles — o coração dEla sobre o coração deles, — quer dizer a mentalidade dEla sobre a mentalidade deles. Quer dizer, o modo dEla ver as coisas super sapiencialmente seria uma regra de sabedoria para eles. A vontade dEla, santíssima, sem mancha, imaculada, seria uma regra para a vontade deles ainda que não houvessem as ordens de Deus.
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Quer dizer, simplesmente, de Coração a coração, Nossa Senhora domina o céu. Domina o céu e domina o purgatório, porque as almas que estão no purgatório também elas já não pecam mais.
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Também elas já estão garantidas de irem ao céu. Não há perigo de uma alma no purgatório, por exemplo, revoltar-se com os padecimentos extremos que no purgatório se sofrem.
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Por quê? Porque elas estão confirmadas em graça e elas vão para o céu. E por causa disso elas pensam como Nossa Senhora pensa, querem o que Nossa Senhora quer, vivem para Nossa Senhora.
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E por isso, quando Nossa Senhora de vez em quando aparece no purgatório, há para elas uma alegria sem nome. Elas todas cantam, satisfeitíssimas, de dentro de seus tormentos.
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E Ela leva sempre um número enorme de almas para o céu. E às que Ela não leva para o céu, Ela espalha em torno de Si como que um orvalho que diminui as penas, aumenta a esperança de chegar ao céu e alivia os padecimentos daquelas almas.
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Mas é também de Coração a coração que Nossa Senhora domina aquelas almas e reina. E não só pela vontade de Deus.
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Na terra, como é que são as coisas? Nós temos na terra, se os Srs. quiserem, a triste liberdade — que é de fato uma servidão, — a triste liberdade de não fazer a vontade de Deus.
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Em outros termos, nossas paixões nos arrastam. Elas são tiranas que nos levam muitas vezes a fazer o que nós não quereríamos, por pecado nosso, mas nos levam a fazer o que nós não quereríamos. E elas nos dão, assim, a triste liberdade de dizer “não” para Deus.
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Uma triste liberdade que é uma escravidão porque se nós fossemos livres em nossas paixões nós nunca diríamos “não” a Deus. Mas essas paixões existem. E nós temos que lutar contra elas.
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De maneira que, em última análise, há essa servidão nossa: as paixões, que só com a graça de Nossa Senhora nós conseguimos sacudir, conseguimos limitar, e extinguir até. Sem isso, nós seríamos escravos de nossos defeitos.
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E há na terra uma luta entre os que obedecem e os que não obedecem a Nossa Senhora. Nossa Senhora tem o direito de ser obedecida por todo o mundo. E nesse sentido, “de direito”, ela é rainha do mundo inteiro. Mas o mundo tem a possibilidade — se bem que não o direito — de desobedecer a Nossa Senhora. De onde, um número enorme de pessoas que desobedecem a Nossa Senhora.
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Então, o Sapiencial e Imaculado Coração de Maria como é que torna efetiva a sua autoridade jurídica e indiscutível sobre todo mundo? Torna efetiva de uma forma muito simples. Nossa Senhora, pelo seu Coração, Ela toca os corações, Ela toca as almas, e faz com que as almas recebendo graças muito abundantes, sigam a Ela.
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É claro que isto não é automático. Uma pessoa pode resistir à graça. Mesmo a uma graça muito abundante, a pessoa pode resistir. Peca, mas pode resistir. Está bem, mas muitos não pecam por causa da abundância da graça.
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E por esta forma, recebendo graças caudalosas, servem a Nossa Senhora. Mas essas graças como é que são? É a graça que Ela dá a nossos corações de vermos o Coração dEla. De conhecermos e amarmos a sabedoria dEla, de conhecermos e amarmos a nota de Imaculada que existe em toda a Pessoa dEla. E é por esta forma que Ela se torna obedecida por nós.
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De maneira que o Coração dEla é um cetro com o qual Ela governa todos aqueles que Lhe obedecem no mundo.
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É claro que também, Nossa Senhora manda nos maus. O demônio obedece, absolutamente. E por isso também muitas vezes, na história, acontecem coisas desconcertantes para os bons ou para os que defendem o lado do bem, acontecem coisas desconcertantes em última análise porque Nossa Senhora mandou.
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E neste sentido, Ela pode também mandar. Mas não é um mandar que force o livre arbítrio pelo qual a pessoa diz “sim” à graça de Deus. Isso não. Força qualquer outra coisa, esse ponto não força.
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Quer dizer, Nossa Senhora tem um império de direito sobre todos. Que às vezes Ela torna efetivo e ninguém pode resistir. Mas que muitas vezes é efetivo não por um império dEla mas pelo amor que Ela comunica às muitas almas.
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Aí os Srs. tem a razão pela qual tantas pessoas se dedicam, tantas pessoas se imolam, tantas pessoas lutam etc., etc. É por causa do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria.
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Então, nessas condições eu tenho a certeza de que a festa de Nossa Senhora Rainha é a festa do Coração dEla. O que, aliás, está escrito em Fátima: Nossa Senhora disse “por fim o Meu Imaculado Coração triunfará”.
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Triunfará quer dizer reinar. O Coração de Nossa Senhora é um coração régio. Se eu pudesse representar o Imaculado Coração de Maria, eu gostaria de representá-lo encimado por uma coroa, para indicar bem o caráter régio do Coração Sapiencial e Imaculado de Maria.
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A festa, portanto, tem toda a propriedade – ainda que seja a festa de Nossa Senhora Rainha – tem toda a propriedade para nós cultuarmos e venerarmos o Imaculado Coração de Maria.
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De que maneira? Fazendo nosso esse pedido: tornai meu coração semelhante ao Vosso. Semelhante não quer dizer vagamente parecido, não. Quer dizer parecido em tudo quanto está nos desígnios da Providência que pareça.
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“Tornai-me sapiencial, de uma sapiencialidade que seja uma participação da vossa; tornai-me puro de uma pureza que seja uma participação da vossa”. E, sapiencial e puro: é preciso ser contra-revolucionário.
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Por que? Porque a Revolução é o auge da insensatez e da falta de pureza. É o contrário, de modo escandaloso, mas diretamente o contrário da sabedoria e da pureza, sobretudo da pureza imaculada de Nossa Senhora.
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Então, o Sapiencial e Imaculado Coração de Maria é Nossa Senhora da Contra-Revolução. É por onde a Revolução mais odeia Nossa Senhora, é por onde nós, filhos da Contra-Revolução, mais nos afirmamos filhos dEla.
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Os Srs. compreendem quantas razões há para nós aproveitarmos os últimos minutos desta festa para pedirmos graças para nós. Sobretudo essa transformação por onde nosso coração seja confiscado por Nossa Senhora, seja tomado por Nossa Senhora.
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Isso nós podemos dizer: “Minha Mãe, eu não sou bastante forte para me dar a Vós: dominai-me. Entrai na minha alma com graças tais que eu praticamente não resistirei. Esta porta, minha Mãe, que eu por miséria não abro, arrombai-a. Eu vos espero atrás dela com meu sorriso, meu reconhecimento e minha gratidão”.
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Aqui está uma boa oração para a festa de hoje.
Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira.info

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NOTA DEL BLOG: MEMENTO: "LADRAN SANCHO LUEGO CABALGAMOS"

Don Felipe y doña Letizia habían acudido al teatro invitados por la institución barcelonesa

Apenas faltaban unos minutos para que el director de orquesta italiano Daniele Callegari marcara el inicio de la divertida ópera de Gaetano Donizetti L’elisir d’amore cuando los príncipes de Asturias tuvieron que soportar un sonoro abucheo al efectuar su entrada, a última hora de la tarde de este jueves, al palco del Gran Teatro del Liceo de Barcelona. Algunos de los asistentes no dudaron en gritar a los Príncipes “foteu el camp”, expresión catalana un tanto malsonante que viene a significar marcharos de aquí. El abucheo quedó atenuado en parte por los aplausos de cortesía del público que llenaba el coliseo lírico de la Rambla, mucho más fuertes cuanto más cerca estuvieran los asistentes de la localidad que ocupaban don Felipe y doña Letizia.
La llegada de los Príncipes causó notable expectación entre quienes alrededor de las ocho de la tarde paseaban por la Rambla a la altura del Liceo, muchos de ellos turistas. Don Felipe y doña Leticia, como sucedería después en el interior del teatro lírico, tuvieron que escuchar algunos tímidos silbidos compensados, también en este caso, por algunos escasos aplausos.
La función lírica, que arrancó a la hora prevista sin más incidentes, contó además con la asistencia del alcalde de Barcelona, el convergente Xavier Trias; los consejeros de Justicia y Cultura de la Generalitat de Cataluña, Germà Gordó y Ferran Mascarell, respectivamente, y diversas autoridades y mecenas del Liceo. Fueron apenas unos segundos, pero la rotundidad de los abucheos sorprendió mucho en un escenario como el Liceo, tan poco propenso a ese tipo de manifestaciones de protesta.

Los alcaldes rurales protestan ante Hacienda contra la reforma local

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Los representantes de las pedanías reclaman fondos ante el Ministerio de Hacienda

Alcaldes transportan un ataúd hasta el Ministerio de Hacienda. / LUIS SEVILLANO
Un millar de alcaldes de pedanías rurales se han congregado este viernes ante el Ministerio de Hacienda, en Madrid, para protestar contra la reforma de la administración local, que prevé ahorrar 8.000 millones de euros a las arcas públicas. Los representantes de los entes políticos más pequeños de España, la mayoría de Castilla-La Mancha y Castilla y León, han transladado tierra de sus respectivos pueblos, que han depositado ante el Ministerio para después enterrar un ataúd envuelto en coronas de flores como símbolo para expresar que la reforma supondría la muerte de sus municipios.
Entre gritos, silbidos y papeletas, Antonio Martín Cabanillas, presidente de la Federación de las Entidades Locales Menores de España, ha exclamado: "Reto al ministro [de Hacienda Cristóbal Montoro], a que vaya a prestar el servicio con los medios que nosotros tenemos, a ver si es capaz", y ha añadido que "desde un despacho se puede ser muy valiente. Vente a un pueblo, señor Montoro". Los asistentes han aplaudido a Cabanillas cuando ha declarado que "la reforma, lo único que va a conseguir va a ser engañar a Europa".
La reforma local no solo ha soliviantado a los municipios. Las llamadas Entidades Locales Menores, que no tienen tal categoría (en España hay 3.720, el 60% en Castilla y León) están heridas de muerte con los cambios normativos que prepara el Gobierno. Deberán desaparecer el 1 de enero de 2014 a menos que presenten cuentas al Ministerio de Hacienda y la mayoría no lo hace, o como mínimo no con la firma de un secretario municipal, como requiere el Gobierno.
Las pedanías se defienden diciendo que no tienen estructura ni recursos suficientes (en muchos casos son núcleos de menos de cien vecinos), por eso esta mañana cientos de alcaldes pedáneos se manifestaron en Madrid exigiendo que la ley contemple con más claridad sus competencias. “Hay una tercera desamortización en marcha: la de los bienes comunales y el patrimonio de las Entidades Locales Menores”, han denunciado los asistentes.
Las pedanías tienen un inmenso patrimonio forestal. Solo los montes de utilidad pública en manos de estas entidades suponen un tercio de la superficie de la provincia de León. En Asturias, el 46% de los bosques se administra a través de alguna de sus 39 entidades locales. Con la reforma, serán los Ayuntamientos o las Diputaciones las encargadas de su gestión.
Las movilizaciones han comenzado a las doce de la mañana ante el Ministerio de Hacienda y continuaron en el Congreso de los Diputados, donde los alcaldes entregaron un escrito al presidente. Después se desplazaron a la sede de la Federación de Municipios donde se reunieron con su secretario, Ángel Fernández. Éste se comprometió a trasladar sus reivindicaciones y aseguró a través de un comunicado que, de que comenzó el proceso negociador, "la FEMP siempre ha defendido en sus alegaciones a los pequeños municipios y a las Entidades Locales Menores". Añadió que las pedanías rurales españolas "siguen encabezando, junto con el debate competencial, las prioridades de la FEMP en la negociación". Los pueblos rurales recelan sin embargo de este apoyo: durante la protesta de esta mañana pudieron oírse gritos contra los Ayuntamientos.