18 de abril de 2013
Grupo de mulheres luta em Jerusalém por acesso ao Muro das Lamentações
Grupo de mulheres luta em Jerusalém por acesso ao Muro das Lamentaçõe
Foco
Grupo de mulheres luta em Jerusalém por acesso ao Muro das Lamentações
Ultraortodoxos, que controlam o local, não querem presença de organização no espaço considerado o mais sagrado do judaísmo
DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM
Quando Bonnie Ras, 54, imigrou para Israel em 2010 o Muro das Lamentações era para ela símbolo da união entre os judeus de todo o mundo.
Ao chegar ao país vinda dos Estados Unidos, porém, ela concluiu que o lugar mais sagrado do judaísmo significaria a segregação.
Ras foi detida na semana passada, ao lado de outras quatro mulheres, sob a acusação de desordem e de não respeitar as tradições do lugar. Elas irão à corte no dia 24 deste mês.
Entre os fatores que causaram indignação aos judeus chamados haredim (ultraortodoxos), que controlam acesso ao local, estava o fato de elas vestirem xales de reza e filactérios (faixas com inscrições religiosas). São apetrechos reservados aos homens.
Os ultraortodoxos não são contra a presença de mulheres no local, mas à forma como o grupo de Ras, o Mulheres do Muro, reza.
"[O Muro das Lamentações] está sendo administrado de uma maneira inaceitável para a maioria dos judeus", afirma Ras à Folha. "Respeito os haredim, mas eles não podem dizer que não somos bons judeus porque nós não somos iguais a eles."
O debate das Mulheres do Muro, além do feminismo, esbarra no conflito entre os setores conservadores e aqueles mais liberais no país.
Os haredim são minoria em Israel, cerca de 10%. Para Ras, os benefícios desse grupo, incluindo o que ela chama de "ditadura" sobre os rituais, estão relacionados à presença dos ultraortodoxos em coalizões do governo. "Foi o preço que pagamos pelo nosso sistema político."
Eles não fazem parte da coalizão atual, o que pode significar que terão papel reduzido nos próximos anos.
MATUTINO
Os ultraortodoxos afirmam que se incomodam com práticas religiosas como ler a Torá (livro sagrado) em voz alta, pois a voz feminina é vista como distração.
O grupo de mulheres discorda e afirma que tem como único interesse continuar a orar, como fazem desde sua fundação, há 25 anos.
"Nós não acordamos tão cedo para protestar", diz Ras. "Essa é uma questão de liberdade de culto."
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