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TERÇA-FEIRA, 26 DE MARÇO DE 2013
A Paixão de Cristo revive na Paixão da Igreja
A evidência dos fatos deixa patente que a partir do Concílio Vaticano II [foto abaixo] penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, a “fumaça de Satanás”de que falou Paulo VI, a qual se foi dilatando dia a dia mais, com a terrível força de expansão dos gases. Para escândalo de incontáveis almas, o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo entrou no sinistro processo da como que autodemolição, a que aludiu aquele mesmo Pontífice, em Alocução de 7 de dezembro de 1968.
A História narra os inúmeros dramas que a Santa Igreja Católica Apostólica Romana sofreu nos vinte séculos de sua existência. Oposições que germinaram fora d’Ela, e de fora mesmo tentaram destruí-la. Tumores formados dentro d’Ela, extirpados, contudo, pela própria Esposa de Cristo, mas que, já então de fora para dentro, tentaram destruí-la com ferocidade.
Quando, porém, viu a História, antes de nossos dias, uma tentativa de demolição da Igreja, já não mais articulada por um adversário, mas qualificada de como que autodemolição em altíssimo pronunciamento de repercussão mundial?
A atitude normal de um católico vendo a Igreja, sua Mãe, passar por essa crise deve ser antes de tudo de profunda tristeza, porque é lamentável que isso seja assim. É um perigo para incontáveis almas que a Igreja seja afligida por tal crise. E, por essa razão, pode-se ter a certeza de que quando Nosso Senhor, do alto da cruz, viu todos os pecados que haveriam de ser cometidos contra a obra da Redenção que Ele consumava de modo tão profundamente doloroso, sofreu enormemente em vista de tal gênero de pecados, cometidos em nossos dias.
E, evidentemente, todos esses pecados produziram sofrimentos verdadeiramente
inenarráveis no Sapiencial e Imaculado Coração de Maria, que pulsava de dor no peito da Santíssima Virgem enquanto Ela estava de pé junto à Cruz.
Considerando quanto Nosso Senhor e sua Santíssima Mãe sofreram por causa do que agora está se passando, é impossível não se ficar consternado, muito mais do que em qualquer Sexta-Feira Santa anterior, porque talvez este seja um dos pontos mais agudos da Paixão, e que se mostra em toda a sua hediondez nas atuais circunstâncias da vida da Igreja.
O homem contemporâneo é um adorador do prazer, do gáudio, da diversão, e tem horror ao sofrimento.
Ora, está-se aqui em presença de um padecimento agudíssimo. Pode-se compreender, pois, embora tal atitude não seja justificável, a posição de tantas almas que evitam pensar nisso e considerar a fundo o que está se passando para não sofrer em união com Nosso Senhor esta situação trágica, como trágica foi a Paixão.
Em face do drama em que se encontra a Santa Igreja, muitas almas procuram, então, assumir uma posição de indiferença, parecida com a de numerosos contemporâneos de Nosso Senhor, que acreditavam que Ele era Homem-Deus. Mas que, vendo-O passar durante a Via Sacra, em vez de se compadecer por seus lancinantes sofrimentos, achavam melhor não considerá-los, e pensar em outras coisas.
E eis a prova: Nosso Senhor pregou maravilhas e fez milagres portentosos que devem ter impressionado pelo menos uma parte considerável do povo que O cercava. Não seria concebível que essa parte, santamente impressionada, tenha se mantido numa atitude tão quieta, inerte, diante do que se passava. E que a única pessoa que fez algo em prol do Redentor, durante a parte inicial da Via Sacra, tenha sido a Verônica com o seu véu, no qual ficou estampada, depois, a face sagrada do Salvador. Verdadeiramente, mais ninguém a não ser ela tomou tal atitude.
As santas mulheres e Nossa Senhora juntaram-se mais adiante a Nosso Senhor e foram até o alto do Calvário. A Virgem Santíssima está acima de todo elogio. As santas mulheres, que A acompanharam, merecem um elogio que participa do louvor a que Nossa Senhora fez jus. Mas, fora disso, inércia.
Por ocasião da Semana Santa, o que mais se deve pedir a Nossa Senhora, é que Ela nos liberte desse estado de espírito, de tal mentalidade.
Se nosso Redentor está sofrendo, devo querer padecer aquilo que O atormenta. E sofrerei isso meditando nas dores d’Ele. Esse é o meu dever, dada a união que Ele condescendeu misericordiosamente em estabelecer entre Si mesmo e mim. E o que não for isso não pode deixar de ser qualificado senão de abominável.
Os dias em que vivemos são de gravidade, de tristeza, mas na última fímbria do horizonte aparece uma alegria incomparavelmente maior do que qualquer gáudio terreno: a promessa de um sol que nascerá — o Reino de Maria, anunciado no ano de 1917 por Nossa Senhora em Fátima.
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(*) Artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, distribuído à imprensa em 25-2-1994.
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