23 de noviembre de 2010
Polícia em cidade espanhola faz patrulha de ônibus por falta de dinheiro
oesp
Prefeitura de La Línea de la Concepción lançou esquema por não ter verba para consertar viaturas.
23 de novembro de 2010 | 9h 48
Policiais de uma cidade no sul da Espanha estão sendo obrigados a fazer patrulhas a pé ou de ônibus por falta de dinheiro.
A prefeitura da cidade de La Línea de la Concepción admitiu que não tem verba para consertar as viaturas ou para comprar novos veículos.
A crise é tamanha que falta dinheiro até para pagar as contas de luz. "Patrulhar a pé ou de ônibus não me parece nenhum problema gravíssimo", descreveu o prefeito Alejandro Sánchez em uma sessão plenária as autoridades municipais.
O prefeito batizou o novo estilo de patrulhamento como "polibus", um sistema que ele afirma ter copiado de outros países (sem dizer quais) até que o "problema de falta de liquidez seja resolvido".
Desde 15 de novembro, os policiais têm que pegar ônibus de linhas públicas e monitorar as ruas olhando pela janela em busca de incidentes.
Como passageiros normais, os guardas entram uniformizados nos veículos, se posicionam ao lado de janelas e vigiam a cidade, dividida por zonas, segundo os trajetos dos ônibus.
No caso de avistar alguma ocorrência que exija intervenção policial, eles deixam o ônibus no próximo ponto ou comunicam-se com outros policiais para que estes cheguem a pé o mais rápido possível ao local.
'Terceiro mundo'
Das nove viaturas da prefeitura, apenas uma está circulando, porque o restante está em oficinas mecânicas ou impedido de sair por excessos de multas.
O sindicato da polícia espanhola definiu a situação como "típica do terceiro mundo".
O secretário-geral do Sindicato Unificado da Polícia, Francisco Camacho, disse que "a questão é lamentável".
"Ninguém pode imaginar 50 policiais por turno todos os dias patrulhando uma cidade a pé", alegou. "Em uma emergência, não podemos fazer nada. As pessoas reclamam, mas se um policial tem que esperar um ônibus para chegar até o local da urgência... é uma loucura", disse em entrevista coletiva.
O prefeito confirmou que "as viaturas estão fora de serviço porque não passaram a Inspeção Técnica de Veículos (IPVA espanhola) e (porque) falta liquidez para todos os consertos e multas".
Mas disse que está negociando com uma empresa um empréstimo de veículos para emergências e que espera resolver o problema em um prazo de dois meses.
Turistas e drogas
A cidade de La Línea de la Concepción tem cerca de 70 mil habitantes e faz fronteira com o território britânico de Gibraltar.
Além de monitorar o trânsito de turistas que cruzam ambos os países, a polícia vigia o movimento dos barcos e balsas para coibir o tráfico de drogas do norte da África para a Europa.
Por causa da situação, partidos de oposição e representantes da polícia acusam o prefeito de desorganização e descaso.
O Sindicato da Polícia Municipal já entrou com um processo judicial contra a prefeitura de La Línea de la Concepción e fez uma queixa oficial à Direção Geral de Tráfico.
O presidente deste sindicato, Juan Carlos Serrano, disse à BBC Brasil que, antes de começarem a patrulhar a pé ou de ônibus, os policiais apresentaram várias alternativas ao município, mas não houve acordo.
Uma das opções oferecidas seria a de providenciar o conserto de motos antigas. "Mas estão em estado tão precário, que você olha e nem acredita que aquilo é um veículo", completou.