8 de abril de 2009
Uma nova ‘guerra civil’ divide espanhóis 70 anos depois
Diário de Notícias, Lisboa, quarta-feira, 1º de abril de 2009
Uma nova ‘guerra civil’ divide espanhóis 70 anos depois
Abel Coelho de Morais
A guerra civil espanhola acabou há 70 anos. Mas as “duas Espanhas” referidas por António Machado em Provérbios e Cantares continuam a defrontar-se numa espécie de conflito que se mantém actual por outros meios. Ainda hoje, “duas Espanhas” lutam pelo coração “do espanhol que quer viver e a viver começa”, como escreveu Machado.
Uma das batalhas mais renhidas trava-se em torno da chamada lei da memória histórica, aprovada em Outubro de 2007. Nesta se condenou formalmente o regime do general Franco, se incentivou a procura e identificação das valas comuns e se estabeleceram indemnizações para as vítimas do “regime fascista” e de todos os que sofreram perseguições.
Outra batalha envolve Governo e Igreja em tornos do casamento e direito à vida.
Aquela lei declarou sem efeito os julgamentos realizados a partir de 1939, que levaram à morte inúmeros opositores. Ficaram também proibidas as manifestações de exaltação ao regime saído da vitória de 1939, em especial no Vale dos Caídos, monumento erguido por Franco aos mortos da guerra e onde se encontram sepultados combatentes de ambos os lados.
O historiador Stanley G. Paine escreveu em 40 Perguntas Fundamentais Sobre a Guerra Civil (2006) que, “desacreditados o socialismo e o colectivismo, o dogma da ‘democracia republicana’ converteu-se na ideologia oficial da esquerda espanhola em geral e, desde 2004, do Governo de Rodríguez Zapatero”.
A principal crítica à estratégia de Zapatero tem sido a de que contraria o espírito por detrás da transição de 1975, que assinalou o fim do regime franquista. Um processo pautado por uma estratégia em que se procuraram neutralizar as clivagens do passado para permitir a instauração dum regime democrático, sob a égide da monarquia.
Zapatero não entendeu as virtudes — razões e compromissos — da transição. Por isso, continua a guerra das “duas Espanhas”.
Uma nova ‘guerra civil’ divide espanhóis 70 anos depois
Abel Coelho de Morais
A guerra civil espanhola acabou há 70 anos. Mas as “duas Espanhas” referidas por António Machado em Provérbios e Cantares continuam a defrontar-se numa espécie de conflito que se mantém actual por outros meios. Ainda hoje, “duas Espanhas” lutam pelo coração “do espanhol que quer viver e a viver começa”, como escreveu Machado.
Uma das batalhas mais renhidas trava-se em torno da chamada lei da memória histórica, aprovada em Outubro de 2007. Nesta se condenou formalmente o regime do general Franco, se incentivou a procura e identificação das valas comuns e se estabeleceram indemnizações para as vítimas do “regime fascista” e de todos os que sofreram perseguições.
Outra batalha envolve Governo e Igreja em tornos do casamento e direito à vida.
Aquela lei declarou sem efeito os julgamentos realizados a partir de 1939, que levaram à morte inúmeros opositores. Ficaram também proibidas as manifestações de exaltação ao regime saído da vitória de 1939, em especial no Vale dos Caídos, monumento erguido por Franco aos mortos da guerra e onde se encontram sepultados combatentes de ambos os lados.
O historiador Stanley G. Paine escreveu em 40 Perguntas Fundamentais Sobre a Guerra Civil (2006) que, “desacreditados o socialismo e o colectivismo, o dogma da ‘democracia republicana’ converteu-se na ideologia oficial da esquerda espanhola em geral e, desde 2004, do Governo de Rodríguez Zapatero”.
A principal crítica à estratégia de Zapatero tem sido a de que contraria o espírito por detrás da transição de 1975, que assinalou o fim do regime franquista. Um processo pautado por uma estratégia em que se procuraram neutralizar as clivagens do passado para permitir a instauração dum regime democrático, sob a égide da monarquia.
Zapatero não entendeu as virtudes — razões e compromissos — da transição. Por isso, continua a guerra das “duas Espanhas”.