19 de diciembre de 2009
Israel chega aos 62 anos sem Constituição
O Globo, domingo, 13 de dezembro de 2009
Israel chega aos 62 anos sem Constituição
Renata Malkes
Jerusalém — A afirmação de que “onde há dois judeus, há pelo menos três opiniões” é uma das mais tradicionais pérolas do humor judaico. Mas, em pleno século XXI, a velha máxima, que simboliza discussões filosóficas intensas, muitos questionamentos e pouco consenso, pode representar um dos maiores desafios de Israel, país que chega aos 62 anos sem conseguir elaborar uma Constituição.
Apesar das crescentes pressões internas pela elaboração do texto final, o rascunho da Carta Magna circula há anos no Comitê de Justiça do Parlamento sem conseguir responder a questões-chave, como: quem é judeu?, o que é igualdade para minorias étnicas?, como separar definitivamente Estado e religião?, e a pergunta mais importante, o que é o Estado Judeu?
Noiva em fuga da religião
Aos 32 anos de idade, a carioca Rosane Dias diz se sentir como uma adolescente fugindo para se casar escondida. Crescida numa família protestante, ela conheceu o marido, Gadi, um israelense judeu, e mudou-se para Tel Aviv há três anos. Mãe de Beny, de 2 anos, ela se prepara para viajar para Praga e finalmente oficializar o casório na primavera. O casal engrossa as estatísticas de israelenses impedidos de se casar pelo Rabinato-Chefe, único órgão com poderes de realizar matrimônios em Israel. Apesar de apenas 20% da população serem [judeus] ortodoxos, o ritual segue à risca os preceitos da lei judaica ortodoxa.
Os dois noivos têm de dar provas de serem judeus, a noiva deve se declarar virgem e tomar um banho especial antes da cerimônia. Quem não se enquadra na descrição, tenta driblar o monopólio indo para o exterior.
Segundo a Associação de Mulheres de Israel, a cada ano 11 mil israelenses são obrigados a sair do país para casar, numa indústria que movimenta 31 milhões de shekels por ano (cerca de US$ 8,2 milhões). Na falta do casamento civil, milhares de casais recorrem a pacotes de turismo para oficializar a união no exterior. Chipre e República Tcheca são os destinos mais comuns para quem tenta driblar o Rabinato.
Israel chega aos 62 anos sem Constituição
Renata Malkes
Jerusalém — A afirmação de que “onde há dois judeus, há pelo menos três opiniões” é uma das mais tradicionais pérolas do humor judaico. Mas, em pleno século XXI, a velha máxima, que simboliza discussões filosóficas intensas, muitos questionamentos e pouco consenso, pode representar um dos maiores desafios de Israel, país que chega aos 62 anos sem conseguir elaborar uma Constituição.
Apesar das crescentes pressões internas pela elaboração do texto final, o rascunho da Carta Magna circula há anos no Comitê de Justiça do Parlamento sem conseguir responder a questões-chave, como: quem é judeu?, o que é igualdade para minorias étnicas?, como separar definitivamente Estado e religião?, e a pergunta mais importante, o que é o Estado Judeu?
Noiva em fuga da religião
Aos 32 anos de idade, a carioca Rosane Dias diz se sentir como uma adolescente fugindo para se casar escondida. Crescida numa família protestante, ela conheceu o marido, Gadi, um israelense judeu, e mudou-se para Tel Aviv há três anos. Mãe de Beny, de 2 anos, ela se prepara para viajar para Praga e finalmente oficializar o casório na primavera. O casal engrossa as estatísticas de israelenses impedidos de se casar pelo Rabinato-Chefe, único órgão com poderes de realizar matrimônios em Israel. Apesar de apenas 20% da população serem [judeus] ortodoxos, o ritual segue à risca os preceitos da lei judaica ortodoxa.
Os dois noivos têm de dar provas de serem judeus, a noiva deve se declarar virgem e tomar um banho especial antes da cerimônia. Quem não se enquadra na descrição, tenta driblar o monopólio indo para o exterior.
Segundo a Associação de Mulheres de Israel, a cada ano 11 mil israelenses são obrigados a sair do país para casar, numa indústria que movimenta 31 milhões de shekels por ano (cerca de US$ 8,2 milhões). Na falta do casamento civil, milhares de casais recorrem a pacotes de turismo para oficializar a união no exterior. Chipre e República Tcheca são os destinos mais comuns para quem tenta driblar o Rabinato.