25 de enero de 2013
INFALIBILIDADE MONOLÍTICA E AS DIVERGÊNCIAS ENTRE OS ANTIMODERNISTAS - bilingüe: portugués y castellano
INFALIBILIDADE
MONOLÍTICA
E
AS DIVERGÊNCIAS ENTRE OS ANTIMODERNISTAS
http://www.arnaldoxavierdasilveira.com/
Arnaldo Xavier da Silveira
1.
O
mundo católico deve muito aos simples fieis que conservam a fé verdadeira, bem
como aos escritores e homens de ação antimodernistas que nos últimos decênios
têm desenvolvido amplamente as doutrinas e ações em defesa do depósito sagrado
da Tradição. Em variados campos da teologia, especialmente na eclesiologia e na
liturgia, o aprofundamento dos princípios tradicionais tem sido notável; e, no
terreno prático da vida católica, igualmente, os antimodernistas têm batalhado
com um denodo heroico que no futuro a História da Igreja registrará com
destaque.
Divergências
nos meios antimodernistas
2.
Não são poucos, entretanto, os desacordos que têm surgido, na teoria como na
prática, entre os antimodernistas. Alguns
aceitam incondicionalmente o Concílio Vaticano II, outros não. Alguns se
denominam tradicionalistas, outros rejeitam essa qualificação [1].
Alguns dizem que o Papa Honório foi herege, outros o negam, e análoga
divergência de posições existe em relação a numerosos fatos da história da
Igreja. Muitos adotam algumas teorias doutrinárias modernistas, a ponto de se
afastarem da ortodoxia, embora continuem a dizer-se tradicionalistas. E por aí
seguem as diferenças nos modos de ver, chegando com frequência a graves
aversões pessoais.
__________________________
[1] Para indicar o gênero daqueles que abraçam a
fé verdadeira, seguindo a Tradição católica, emprego de preferência o termo
“antimodernistas”, que parece mais abarcativo do que os demais que são
correntes, como ”tradicionalistas” e “antiprogressistas”.
3. No atual momento histórico, não parece
possível conciliar posicionamentos tão diversos e mesmo opostos entre si. É de
esperar que, com o tempo, com o amadurecimento das ideias, com o influxo da
graça que não pode abandonar a Igreja, as orientações dos fiéis verdadeiros
caminhem para posições convergentes e sólidas, de modo que, submissos ao
Magistério como manda a lei da Igreja, os antimodernistas acabem por harmonizar
melhor suas posições, respeitado sempre o velho princípio: in necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas.
Uma
infalibilidade monolítica?
4. Existe um ponto doutrinário fundamental ao
qual não se vê que os doutrinadores mais eminentes do antimodernismo, bem como
seus seguidores, deem a importância devida. Trata-se do princípio de que pode
haver erros e heresias em documentos do Magistério pontifício e conciliar não
garantidos pela infalibilidade [2].
Com efeito, esse princípio está em geral ausente dos arrazoados
antimodernistas, que nos últimos decênios têm alimentado e sustentado o orbe
católico com a boa doutrina.
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[2] Ver “La
Nouvelle Messe de Paul VI: Qu’en Penser?”, que publiquei em 1975, Diffusion
de la Pensée Française, Chiré en Montreuil, Parte II, cap. IX et X, e trabalhos
ali citados.
5. Negar de modo absoluto a possibilidade de
erro ou mesmo de heresia em documento pontifício ou conciliar não garantido
pela infalibilidade, é atribuir a esta um caráter monolítico, que não
corresponde ao que Nosso Senhor quis e fez ao instituí-la. As prefiguras
neotestamentárias são claras: a barca de Pedro quase soçobrou, só sendo salva
por um milagre; Pedro renegou a Jesus Cristo, e não esteve ao pé da Cruz. Para
o episódio da resistência de São Paulo a São Pedro na questão dos ritos
judaicos, busquem-se as explicações mais subtis que possam ser excogitadas, mas
é incontroverso que São Pedro era “digno
de repreensão” (“reprehensibilis erat”)
[3].
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[3] Gal. 2, 11.
Dos ensinamentos
não infalíveis
6. Na história da infalibilidade pontifícia
prevalece até nossos dias, infelizmente, mesmo em autores tradicionais dos mais
consagrados, a divisão simplista e dicotômica, segundo a qual o Papa só pode
falar, em matéria doutrinária: (1) como doutor privado, ou (2) numa definição
infalível do Magistério extraordinário. Para tais autores, “non datur tertium”, isto é, não há outro
modo pelo qual o Papa possa falar, não há como fugir a essas duas alternativas.
Nessa linha, fica na sombra a terceira possibilidade, que é a de um pronunciamento
magisterial público mas não infalível. Com efeito, foi apenas a partir do
século XIX que se explicitou melhor e se cristalizou a noção do Magistério
ordinário não infalível, e que os Papas e os grandes doutores aprofundaram a
doutrina preciosa e riquíssima segundo a qual o Magistério Ordinário pode gozar
da infalibilidade, quando universal no tempo e no espaço, preenchendo ainda as
demais condições da infalibilidade.
7. Grandes autores da neoescolástica,
preocupados em combater o liberalismo, o modernismo e heresias afins,
ressaltaram sempre a autoridade doutrinária papal, parecendo insinuar às vezes
uma infalibilidade monolítica, que subsistiria de modo absoluto em todas as
circunstâncias, como se não dependesse de condições, nem mesmo das que foram
expressamente declaradas no Concílio Vaticano I. Na neoescolástica encontra-se
entretanto com frequência maior precisão nesses conceitos, tornando-se assim
claro que, ocasionalmente, ou em períodos de crise, ou quiçá em outras
circunstâncias extraordinárias, são possíveis pronunciamentos papais que não
exprimam a verdade. E, nesta matéria, o que vale para o Papa vale também, mutatis mutandis, para o Concílio [4].
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[4] “(...) o problema do critério da
infalibilidade não se põe de maneira essencialmente diferente no caso do papa e
no do concílio ecumênico. Um e outro, com efeito, podem ter a intenção de
envolver sua autoridade de maneira apenas parcial, ou de maneira irrevogável.
Somente esta última vontade é critério certo de infalibilidade” (Charles Journet,
“L’Eglise du Verbe Incarné”, Desclée de Brouwer, 3ª ed. aumentada, 1962, t. I,
p. 578, nº 1)].
8. Há quem diga que, embora nem sempre garantido
pela infalibilidade, um pronunciamento doutrinário papal ou conciliar não pode
conter erro. Essa posição se enuncia melhor da seguinte forma: dizer que um
ensinamento não é infalível, não significa que nele possa haver erro, significa
apenas que tal ensinamento não está formalmente garantido pelo carisma da
infalibilidade; para esse ensinamento, no entanto, mesmo não assegurado pela
infalibilidade, permanece a assistência do Espírito Santo e portanto vale o
princípio de que não pode conter erro. ― A boa doutrina, contudo, é outra. Essa
assistência prometida à Igreja pode ser absoluta, assegurando a verdade do
ensinamento, e o é quando estão preenchidas as condições da infalibilidade.
Quando, entretanto, não estão preenchidas tais condições, é possível a recusa
da graça pelo homem. E aplica-se então a regra enunciada por Santo Tomás: “quod
potest esse et non esse, quandoque non est” (“o que pode ser e
não ser, às vezes não é”). Em sã lógica, não se vê como acolher a noção
inflacionada e monolítica da infalibilidade, que levaria ao absurdo de um “falível
infalível” [5].
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[5] A expressão é de Jean Madiran, in Le
faillible infaillible : l’analyse de Jean Madiran, La Riposte Catholique, 27.11.2012.
Distinguindo o
herético do “heretizante”
9. Se pode haver erro ou mesmo heresia em
documentos papais e conciliares, a
fortiori pode haver neles proposições merecedoras de censuras menos graves.
Aplicado esse princípio ao Concílio Vaticano II, vê-se que o problema não é só saber se nele haveria heresias
formais, mas é também verificar se, em confronto com a Tradição, há nos seus documentos
finais proposições favorecedoras do erro ou da heresia, com sabor de erro ou de
heresia, ofensivas aos ouvidos pios, escandalosas, ou merecedoras de outras
censuras teológicas. Numa palavra, não se trata apenas de saber se no Concilio
há erros ou heresias, mas também de verificar se nele há proposições
heretizantes [6].
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[6] Pode-se
perguntar se o que aqui escrevo não se chocaria com o apelo de Bento XVI, em
discurso à Cúria Romana de 22-12-2005, para que o Concílio seja interpretado
segundo uma “hermenêutica da reforma na
continuidade”. ― Na mesma ocasião, o Papa declarou que a aceitação do
Vaticano II, “em grande parte da Igreja”,
isto é, entre os antimodernistas, depende de uma “justa chave de leitura e de aplicação”. Em espírito filial e de
religiosa submissão ao Magistério vivo em toda a medida em que a doutrina
católica a impõe, digo que as dúvidas e polêmicas sobre o Vaticano II, que há
décadas enchem de perplexidade os católicos fieis, certamente se reduzirão, ou
talvez mesmo desaparecerão, se Sua Santidade declarar, de modo mais específico
do que até agora o fez, e absolutamente preciso, qual é essa “chave” da interpretação do Concílio como
“reforma na continuidade”. Por sua
natureza, essa declaração não pode deixar de esclarecer se é teologicamente
possível que haja proposições errôneas, heréticas ou heretizantes em
ensinamentos conciliares de caráter doutrinário, que não preencham os
requisitos da infalibilidade.
10. Manifestamente, uma
proposição conciliar errônea, herética ou heretizante não se incorporaria ao
patrimônio das verdades de fé, por não estarem aí preenchidas as condições da
infalibilidade do Magistério ordinário. Tal proposição seria uma declaração
falha do Concílio, o qual não goza de uma infalibilidade monolítica. Ademais,
caso ocorram várias proposições heretizantes, articuladas entre si num mesmo
sistema, este, igualmente, não se incorporaria à doutrina da Igreja.
Em conclusão
11. Entendo que são apodíticos os argumentos
escriturísticos e da Tradição que fundamentam a doutrina da possibilidade de
erro e heresia em documento papal e conciliar não infalível. Por outro lado, a
noção da infalibilidade monolítica inspira a maior parte, tanto dos
sedevacantistas, quanto dos neoconciliares que atribuem força dogmática ao
Vaticano II; e está na raiz de dúvidas, perplexidades e angústias que
atormentam numerosos espíritos fiéis. Um amplo esclarecimento dessa matéria
seria um fator de convergência, apto a eliminar mal-entendidos e a reduzir
diferenças de visão que há, na doutrina e na prática, entre pensadores e
movimentos antimodernistas.
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INFABILIDAD
MONOLITICA
Y LAS
DIVERGENCIAS ENTRE LOS ANTIMODERNISTAS
06.02.2013
1. El mundo católico debe mucho al pueblo
sencillo que conserva le fe verdadera, así como a los escritores y hombres de
acción antimodernistas que en los últimos decenios han desarrollado ampliamente
las doctrinas y acciones en defensa del depósito sagrado de la Tradición. En
variados campos de la teología, especialmente en la eclesiología y en la
liturgia, la profundización de los principios tradicionales ha sido notable; y,
en el terreno práctico de la vida católica, igualmente, los antimodernistas han
peleado con tal denuedo heroico que en el futuro la Historia de la Iglesia lo
registrará con énfasis.
Divergencias en los medios antimodernistas
2
Sin embargo, son bastantes los desacuerdos que han surgido, en la teoría como
en la práctica, entre los antimodernistas. Algunos aceptan incondicionalmente
el Concilio Vaticano II, otros no. Algunos se denominan tradicionalistas, otros
rechazan esa denominación[1].
Algunos dicen que el Papa Honorio fue hereje, otros lo niegan, y análoga
divergencia de posiciones existe con relación a numerosos hechos de la historia
de la Iglesia. Muchos adoptan algunas teorías doctrinales modernistas, hasta
tal punto que se apartan de la ortodoxia, a pesar de que continúen llamándose
tradicionalistas. Y así continúan las diferencias en los modos de ver, llegando
con frecuencia a graves antipatías personales.
______________________
[1] Para indicar el género de aquellos que abrazan la fe
verdadera, siguiendo la Tradición católica, uso preferentemente el término
"antimodernistas", que parece más amplio que los demás corrientes,
como "tradicionalistas" y "antiprogresistas".
3.
En el actual momento histórico, no parece posible conciliar posturas tan
diversas e incluso opuestas entre sí. Se puede esperar que, con el tiempo, con
la maduración de las ideas, con la acción de la gracia que no puede abandonar a
la Iglesia, las orientaciones de los fieles verdaderos caminen para posiciones
convergentes y sólidas, de modo que, sumisos al Magisterio como manda la ley de
la Iglesia, los antimodernistas acaben por armonizar mejor sus posiciones,
respetando siempre el viejo principio: in
necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas.
¿Una infabilidad monolítica?
4. Existe un punto doctrinal fundamental al que
no se ve que los doctrinadores más eminentes del antimodernismo, así como sus
seguidores, den la importancia que se debe. Se trata del principio de que puede
haber errores y herejías en documentos del Magisterio pontificio y conciliar no
garantizados[2]. En efecto, ese principio está
en general ausente en los argumentos antimodernistas, que en los últimos
decenios han alimentado y sustentado el orbe católico con la buena doctrina
_______________________
[2] Vide “La Nouvelle Messe de
Paul VI: Qu’en Penser?”, que publiqué en 1975, Diffusion de la Pensée
Française, Chiré en Montreuil, Parte II, cap. IX et X, y los trabajos que cito
allí.
5. Negar de modo absoluto la posibilidad de
error o incluso de herejía en un documento pontificio garantizado por la
infabilidad, es atribuir a esta un carácter monolítico, que no corresponde a lo
que Nuestro Señor quiso e hizo al instituirla. Las prefiguras neotestamentarias
son claras: la barca de Pedro casi zozobró, siendo salvada solamente por un
milagro; Pedro renegó a Jesucristo, y no estuvo al pié de la Cruz. Para el
episodio de la resistencia de San Pablo a San Pedro en la cuestión de los ritos
judaicos, se pueden buscar las explicación más sutiles que se puedan pensar,
pero es incontrovertible que San Pedro "era
reprensible" ("reprehensibilis
erat")[3].
_____________
[3] Gal. 2,
11.
Sobre
las enseñanzas no infalibles
6. En la historia de la infabilidad pontificia
prevalece desafortunadamente hasta los días de hoy, incluso en autores
tradicionalistas más consagrados, la división simplista y dicotómica, según la
cual el Papa sólo puede hablar, en materia doctrinal: (1) como doctor privado,
o (2) en una definición infalible del Magisterio extraordinario. Para tales
autores, "non datur tertium",
esto es, no existe otro modo por el cual el Papa pueda hablar, no es posible
salir de una de esas dos alternativas. En esa línea, queda en la sombra la
tercera posibilidad, que es la de un pronunciamiento magisterial público, pero
no infalible. En efecto, fue apenas a partir del siglo XIX que se explicitó
mejor y se cristalizó la noción del Magisterio ordinario no infalible, y que
los Papas y los grandes doctores profundizaron la doctrina preciosa y riquísima
según la cual el Magisterio Ordinario puede gozar de la infabilidad, cuando es
universal en el tiempo y en el espacio, rellenando aún las demás condiciones de
la infabilidad.
7. Los grandes autores de la neoescolática,
preocupados el liberalismo, el modernismo y las herejías afines, siempre
resaltaron la autoridad doctrinal papal, pareciendo insinuar con frecuencia una
infabilidad monolítica, que existiría absolutamente en todas las
circunstancias, como si no dependiese de condiciones, ni siquiera de las que
fueron expresamente declaradas en Concilio Vaticano I. Sin embargo en la
neoescolática se encuentra frecuentemente más precisión en esos conceptos,
haciéndose así claro que, ocasionalmente, o en periodos de crisis, o quizá en
otras circunstancias extraordinarias, son posibles pronunciamientos papales que
no expresen la verdad. Y, en esta materia, lo que vale para el Papa vale
también, mutatis mutandis, para el
Concilio[4].
_____________________
[4] "(…) el problema del criterio de
la infabilidad no se pone de manera esencialmente diferente en el caso del papa
y en el del concilio ecuménico. En efecto, uno y otro pueden tener la intención
de envolver su autoridad apenas parcial, o irrevocablemente. Sólo esta última
voluntad es criterio verdadero de infabilidad" (Charles Journet, “L’Eglise du
Verbe Incarné”, Desclée de Brouwer, 3ª ed. aumentada, 1962, t. I, p. 578, nº
1)].
8. Hay los que dicen que, aunque
ni siempre garantizado por la infabilidad, un pronunciamiento doctrinal papal o
conciliar no puede tener error. Esa posición se enuncia mejor de la siguiente
forma: decir que una enseñanza no es infalible, no significa que en él pueda
haber error, significa apenas que tal enseñanza no está formalmente garantizada
por el carisma de la infabilidad; para esa enseñanza, no obstante, incluso no
asegurada por la infabilidad, permanece la asistencia del Espíritu Santo y por
lo tanto vale el principio de que no puede tener error. — La buena doctrina,
sin embargo, es otra. Esa asistencia prometida a la Iglesia puede ser absoluta,
asegurando la verdad de la enseñanza, y lo es cuando están satisfechas las
condiciones de la infabilidad. Cuando, sin embargo, no están satisfechas tales
condiciones, es posible que el hombre rechace la gracia. Y se aplica entonces la
regla enunciada por Santo Tomás: “quod potest esse et non esse, quandoque non est” ("lo que puede ser y no ser, a veces no lo es").
Como es lógico, no se ve como recibir la noción inflacionada y monolítica de la
infabilidad, que llevaría al absurdo de un "falible infalible"[5].
_________________________
[5] La
expresión es de Jean Madiram, in Le faillible infaillible : l’analyse de Jean
Madiran, La Riposte Catholique,
27.11.2012.
Distinguiendo
al herético del "heretizante"
9. Si puede haber error o incluso
herejía en documentos papales y conciliares, a fortiori puede haber en ellos
proposiciones que merezcan censuras menos graves. Aplicando ese principio al
Concilio Vaticano II, se ve que el problema no es sólo saber si en el habría
herejía formales, pero es también verificar si, confrontando con la Tradición,
hay en sus documentos finales proposiciones que favorezcan al error o la
herejía, que ofendan a los oídos píos, escandalosas, o que merezcan otras
censuras teológicas. En síntesis, no se trata apenas de saber si en el Concilio
hay errores o herejías, sino también, pero también de verificar si en él hay proposiciones
heretizantes[6].
________________
[6] Se
puede preguntar si lo que aquí escribo no chocaría con el llamamiento de
Benedicto XVI, en el discurso a la Curia Romana de 22-12-2005, para que el
Concilio sea interpretado según una "hermenéutica
de la reforma en la continuidad". — En la misma ocasión, el Papa declaró
que la aceptación del Vaticano II, "en
vastas partes de la Iglesia", esto es por los antimodernistas, depende
de una "correcta clave de lectura y
de aplicación". Con espíritu filial y de religiosa sumisión al
Magisterio vivo en la medida en que la doctrina lo impone, digo que las dudas y
polémicas sobre el Vaticano II, que hace décadas llenan de perplejidad a los
católicos fieles, ciertamente se reducirán, o tal vez incluso desaparecerán, si
Su Santidad declarase, de modo más específico de lo que hasta ahora lo hizo, y con
precisión absoluta, cual es la "clave"
de la interpretación del Concilio como "reforma en la continuidad". Por su naturaleza, esa declaración
no puede dejar de explicar si teológicamente es posible que haya proposiciones
erróneas, heréticas o heretizantes en las enseñanzas conciliares de caracter
doctrinal, que no satisfagan los requisitos de la infabilidad.
10. Manifiestamente, una
proposición conciliar errónea, herética o heretizante no se incorporaría al
patrimonio de las verdades de la fe, por no estar satisfechas las condiciones
de la infabilidad del Magisterio ordinario. Tal proposición sería una
declaración imperfecta del Concilio, el cual no goza de una infabilidad
monolítica. Además, en el caso que ocurran varias proposiciones heretizantes,
articuladas entre sí en un mismo sistema, este igualmente, no se incorporaría a
la doctrina de la Iglesia.
Conclusión
11. Entiendo que son apodícticos
los argumentos bíblicos y de la Tradición que fundamentan la doctrina de la
posibilidad de error y herejía en un documento papal y conciliar no infalible.
De otra parte, la noción de infalibilidad monolítica inspira la mayor parte,
tanto de los sedevacantistas, cuanto de los neoconciliares que atribuyen fuerza
dogmática al Vaticano II; y está en la raíz de las dudas, perplejidades y
angustias que atormentan numerosos espíritus fieles. Un amplio esclarecimiento
de esa materia sería un factor de convergencia, apto para eliminar mal
entendidos y a reducir diferencias de visión que hay, en la doctrina y en la
práctica, entre pensadores y movimientos antimodernistas.
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