4 de diciembre de 2012
Um pedaço de Estado
Um pedaço de Estado
04 de dezembro de 2012 | 2h 05
Gilles Lapouge - O Estado de S.Paulo
Depois de a
Assembleia-Geral das Nações Unidas ter outorgado, por grande maioria, o status
de membro observador à Palestina, o presidente Mahmoud Abbas, o arquiteto desse
sucesso e chefe dos palestinos moderados, foi recebido triunfalmente em
Ramallah, na Cisjordânia. E afirmou: "Agora temos um Estado".
Muito bom. Mas tal Estado é
apenas um "pedaço de Estado". Além disso, os israelenses já lançaram
uma violenta contraofensiva. Orquestrado pelo primeiro-ministro Binyamin
Netanyahu, no momento, o contra-ataque envolve dois aspectos, ambos
ameaçadores: de um lado, a retomada espetacular da ampliação de assentamentos
na Cisjordânia. De outro, o bloqueio dos fluxos financeiros.
No aspecto financeiro, o
governo israelense arrecada mensalmente impostos e direitos alfandegários em
nome da Autoridade Palestina que repassa depois para o governo em Ramallah.
Domingo, anunciou que não repassará a soma de 460 milhões de shekels, o
equivalente a 92,7 milhões, que deveria remeter à Autoridade Palestina. Motivo:
o desconto de uma dívida que a Palestina tem com a concessionária de energia
israelense.
Quanto aos assentamentos,
Netanyahu afirmou que autorizará a construção de 3 mil novas casas na
Cisjordânia. O premiê israelense justificou a decisão como "uma resposta
ao ataque contra o sionismo e o Estado de Israel nas Nações Unidas".
E Netanyahu precisou:
"Hoje, nós construímos e continuaremos a construir em Jerusalém e em todos
os lugares estabelecidos no mapa de interesses estratégicos da Terra de
Israel".
Há muito tempo Israel vem
ampliando assentamentos, apesar da desaprovação internacional. Mas a construção
mencionada agora é de uma natureza muito particular. Ela se situa na chamada
zona E-1, entre Jerusalém Oriental e o assentamento de Maale Adumin.
Especialistas israelenses,
como Laurent Zecchini, entenderam rapidamente que este lugar não é inocente. O
futuro assentamento terá um sentido bastante estratégico. Na verdade, será uma
"continuação territorial" israelense em Jerusalém Oriental, o que
significa que vai realizar um corte na Cisjordânia a ponto de comprometer de
fato a viabilidade deste Estado palestino anunciado por Abbas no seu retorno a
Ramallah, no domingo.
Alerta. A viva reação do governo israelense contra a votação nas Nações Unidas
colocou de sobressalto as capitais ocidentais, especialmente Londres e Paris. O
ministro francês do Exterior, Laurent Fabius, e seu homólogo britânico, William
Hague, consultaram-se. E protestaram ao governo de Israel. Na manhã de ontem o
jornal israelense Haaretz chegou a anunciar que os governos francês e britânico
estariam prontos para recolher seus representantes diplomáticos em Israel.
Informação desmentida. No momento.
Outros países europeus,
como Alemanha e Holanda, além da União Europeia como bloco, também manifestaram
inquietação. /
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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