OP-ED COLUMNIST
What Republicans Think
By DAVID BROOKS
Published: June 14, 2012 739 Comments
Democrats frequently ask me why the Republicans have become so extreme. As they describe the situation, they usually fall back on some sort of illness metaphor. Republicans have a mania. President Obama has said that Republicans have a “fever” that he hopes will break if he is re-elected.
Josh Haner/The New York Times
David Brooks
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I guess I’d say Republicans don’t have an illness; they have a viewpoint. Let me describe it this way: In the 1950s, Dwight Eisenhower reconciled Republicans to the 20th-century welfare state. Between Ike and George W. Bush, Republican leaders basically accepted that model. Sure, they wanted to cut taxes and devolve power, but, in practice, they sustained the system, often funding it more lavishly than the Democrats.
But many Republicans have now come to the conclusion that the welfare-state model is in its death throes. Yuval Levin expressed the sentiment perfectly in a definitive essay for The Weekly Standard called “Our Age of Anxiety”:
“We have a sense that the economic order we knew in the second half of the 20th century may not be coming back at all — that we have entered a new era for which we have not been well prepared. ... We are, rather, on the cusp of the fiscal and institutional collapse of our welfare state, which threatens not only the future of government finances but also the future of American capitalism.”
To Republican eyes, the first phase of that collapse is playing out right now in Greece, Spain and Italy — cosseted economies, unmanageable debt, rising unemployment, falling living standards.
America’s economic stagnation is just more gradual. In the decades after World War II, the U.S. economy grew by well over 3 percent a year, on average. But, since then, it has failed to keep pace with changing realities. The average growth was a paltry 1.7 percent annually between 2000 and 2009. It averaged 0.6 percent growth between 2009 and 2011. Wages have failed to keep up with productivity. Family net worth is back at the same level it was at 20 years ago.
In America as in Europe, Republicans argue, the welfare state is failing to provide either security or dynamism. The safety net is so expensive it won’t be there for future generations. Meanwhile, the current model shifts resources away from the innovative sectors of the economy and into the bloated state-supported ones, like health care and education. Successive presidents have layered on regulations and loopholes, creating a form of state capitalism in which big businesses thrive because they have political connections and small businesses struggle.
The welfare model favors security over risk, comfort over effort, stability over innovation. Money that could go to schools and innovation must now go to pensions and health care. This model, which once offered insurance from the disasters inherent in capitalism, has now become a giant machine for redistributing money from the future to the elderly.
This is the source of Republican extremism: the conviction that the governing model is obsolete. It needs replacing.
Mitt Romney hasn’t put it this way. He wants to keep the focus on President Obama. But this worldview is implied in his (extremely vague) proposals. He would structurally reform the health care system, moving toward a more market-based system. He would simplify the tax code. He would reverse 30 years of education policy, decentralizing power and increasing parental choice. The intention is the same, to create a model that will spark an efficiency explosion, laying the groundwork for an economic revival.
Democrats have had trouble grasping the Republican diagnosis because they don’t have the same sense that the current model is collapsing around them. In his speech in Cleveland on Thursday, President Obama offered an entirely different account of where we are. In the Obama version, the welfare-state model was serving America well until it was distorted a decade ago by a Republican Party intent on serving the rich and shortchanging the middle class.
In his speech, Obama didn’t vow to reform the current governing model but to rebalance it. The rich would pay a little more and everyone else would get a little more. He’d “double down” on clean energy, revive the Grand Bargain from last summer’s budget talks, invest in infrastructure, job training and basic research.
Obama championed targeted subsidies and tax credits. Republicans, meanwhile, envision comprehensive systemic change. The G.O.P. vision is of an entirely different magnitude: replace the tax code, replace the health care system and transform entitlements.
This is what this election is about: Is the 20th-century model obsolete, or does it just need rebalancing? Is Obama oblivious to this historical moment or are Republicans overly radical, risky and impractical?
Republicans and Democrats have different perceptions about how much change is needed. I suspect the likely collapse of the European project will profoundly influence which perception the country buys this November.
A version of this op-ed appeared in print on June 15, 2012, on page A39 of the New York edition with the headline: What Republicans Think.
O que pensam os republicanos
Para conservadores, sistema de bem-estar social ameaça futuro das finanças e capitalismo
19 de junho de 2012 | 3h 08
David Brooks - O Estado de S.Paulo
WASHINGTON - Os democratas perguntam-me frequentemente por que razão os republicanos passaram a adotar uma posição tão extremista. E recorrem em geral a uma metáfora que alude a uma doença. Por exemplo, os republicanos têm uma mania. Segundo o presidente Barack Obama, os republicanos têm uma "febre" que ele espera domar se for reeleito.
Joe Raedle/AFP
Para republicanos, modelo de governo é obsoleto
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ESPECIAL: Eleições americanasDiria que os republicanos não têm uma doença, mas um ponto de vista.
Eu vejo a coisa da seguinte maneira: nos anos 50, Dwight Eisenhower fez com que os republicanos aceitassem o Estado do bem-estar social do século 20. Entre ele e George W. Bush, os líderes republicanos concordaram basicamente com esse modelo. Certamente, eles queriam cortes de impostos e a descentralização do poder, mas, na prática, apoiaram o sistema, muitas vezes financiando-o mais profusamente do que os democratas.
Agora, muitos republicanos chegaram à conclusão de que o modelo de Estado do bem-estar social se encontra à beira da morte. Yuval Levin expressou perfeitamente esta convicção em um ensaio definitivo para The Weekly Standard, intitulado Our Age of Anxiety: "Temos a percepção de que a ordem econômica que conhecemos na segunda metade do século 20 provavelmente nunca mais voltará - que ingressamos numa nova era para a qual não estamos preparados (...). Ao contrário, estamos à beira do colapso fiscal e institucional do nosso Estado do bem-estar social, que ameaça não apenas o futuro das finanças públicas, mas também o futuro do capitalismo americano".
Na visão dos republicanos, a primeira fase desse colapso ocorre neste preciso momento na Grécia, Espanha e Itália - com economias mimadas, endividamento impossível de administrar, desemprego crescente e queda do padrão de vida.
A estagnação econômica dos EUA é somente mais gradativa.
Nas décadas que se seguiram à Segunda Guerra, a economia americana cresceu em média bem acima de 3% ao ano. Mas, desde então, não conseguiu acompanhar o ritmo das mudanças. Entre 2000 e 2009, o crescimento médio foi de mísero 1,7% ao ano. E entre 2009 e 2011, foi em média 0,6%. Os salários não se coadunam com a produtividade. A renda líquida familiar voltou ao patamar de 20 anos atrás.
Nos EUA, assim como na Europa, afirmam os republicanos, o Estado do bem-estar social não oferece segurança nem dinamismo. A rede de segurança é tão dispendiosa que deixará de existir para as próximas gerações. Ao mesmo tempo, o atual modelo transfere recursos dos setores inovadores da economia para setores estatais já inchados, como a saúde e a educação. Sucessivos presidentes foram acumulando regulamentações e brechas na lei, criando uma forma de capitalismo de Estado no qual as grandes empresas prosperam porque dispõem de conexões políticas, enquanto as pequenas lutam para sobreviver.
O modelo de bem-estar social privilegia a segurança em lugar da inovação. O dinheiro que poderia ser canalizado para a escola e a inovação agora se destina às aposentadorias e à saúde. Esse modelo, que outrora oferecia uma proteção contra os desastres inerentes ao capitalismo, agora se tornou uma máquina gigantesca que redistribui o dinheiro do futuro para a população mais velha.
Esta é a causa do extremismo republicano: a convicção de que o modelo de governo é obsoleto e precisa ser substituído.
Mitt Romney não vê o problema desta maneira. Ele concentra sua atenção no presidente Obama. Mas esta visão de mundo está implícita em suas propostas (extremamente vagas, aliás). Ele reformaria a estrutura do sistema de saúde, buscando um sistema com mais base no mercado.
Simplificaria o código fiscal; abandonaria a política da educação adotada há 30 anos, descentralizaria o poder e aumentaria as possibilidades de escolha dos pais.
A intenção é a mesma, criar um modelo que produza uma explosão de eficiência, preparando o terreno para o renascimento econômico.
Os democratas tiveram dificuldade em compreender o diagnóstico republicano porque não têm a mesma convicção de que o atual modelo esteja desmoronando ao seu redor.
Em seu discurso em Cleveland, na quinta-feira, Obama apresentou um relato completamente diferente da nossa situação atual. Na versão dele, o modelo de Estado do bem-estar social foi muito útil para os EUA até ser desvirtuado, há dez anos, pelo Partido Republicano, preocupado em servir aos ricos e enganar a classe trabalhadora. Em seu discurso, Obama não prometeu reformar o atual modelo de governo, e sim em fazer um reajuste geral. Os ricos pagariam um pouco mais e todos os outros teriam um pouco mais.
Ele duplicaria os investimentos em energia limpa, retomaria as conversações sobre orçamento, realizadas do ano passado, e investiria em infraestrutura, em capacitação para o emprego e em pesquisa básica.
Obama defende os subsídios e os incentivos fiscais em áreas específicas. De sua parte, os republicanos imaginam uma mudança sistêmica abrangente. Sua visão é de uma magnitude totalmente diferente: substituição do código fiscal e do sistema de saúde, e transformação do sistema de dotações orçamentárias.
Na realidade, estas eleições dizem respeito exatamente a uma questão: o modelo do século 20 se tornou obsoleto, ou precisará apenas de um ajuste? Será que Obama não está atento a esse momento histórico ou os republicanos estão sendo excessivamente radicais, temerários e nada práticos? Republicanos e democratas têm estratégias diferentes em relação às mudanças necessárias. Na minha opinião, o provável colapso do projeto europeu influirá profundamente na estratégia que o país adotará em novembro. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
DAVID BROOKS, THE NEW YORK TIMES, É JORNALISTA
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