FUTURO DA COLÔMBIA COM O PRESIDENTE DUQUE
12 de agosto de 2018
O presidente Iván Duque junto à vice-presidente Marta Lucía Ramírez, no dia da eleição
♦ Eugenio Trujillo Villegas *
No passado mês de junho, Ivan Duque foi eleito o novo presidente da Colômbia, depois de uma campanha eleitoral muito disputada. O resultado era previsível, pois seu contendor imediato, o ultraesquerdista Gustavo Petro, gerou temor generalizado nos eleitores com suas propostas radicais: revolução marxista no estilo da Venezuela, que lançaria a Colômbia em uma aventura socialista suicida na qual ele seria o sucessor de Chávez e Maduro. Ameaçou expropriar grandes agropecuaristas e pôr fim à exploração de petróleo e carvão. A consequência foi um irreversível dano eleitoral a si mesmo.
A Colômbia se manifestou nas urnas contra essas propostas populistas de esquerda, e ao mesmo tempo elegeu o principal adversário do atual presidente Juan Manuel Santos. Ivan Duque teve pouco mais de 10 milhões de votos, contra 8 milhões de Gustavo Petro. Na realidade, esses votos totalizam 18 milhões contra Santos, evidenciando profunda rejeição a seu governo de fraudes e mentiras. Tal é o descrédito do presidente Santos, que seu próprio partido não apresentou nenhum candidato, por saber que seria vergonhosamente derrotado.
Desde outubro de 2016, quando um plebiscito rejeitou o processo de paz, a Colômbia se desiludiu quanto às propaladas vantagens da pacificação das Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia(FARC). Alguns guerrilheiros depuseram as armas e se dedicaram à política, com grande propaganda midiática; mas a maioria se dividiu em várias dissidências, que continuam se beneficiando com os enormes recursos da cocaína… e também são apoiadas pelos ex-guerrilheiros que se tornaram políticos. Como não espanta a ninguém, a guerrilha continua…
Os líderes guerrilheiros representantes das FARC no Congresso colombiano…
O novo presidente deve corrigir a maneira de governar
Diante desses resultados, esta é a pergunta obrigatória para quem acompanha os acontecimentos em nosso país: Que rumo tomará o novo presidente da Colômbia? Temos muita esperança de que ele tome o rumo certo, empenhando-se em resolver algumas questões fundamentais, fontes inesgotáveis dos nossos grandes problemas:
- Combater a corrupção desenfreada em todas as esferas dos poderes públicos — É verdade que esse câncer avançou assustadoramente no governo Santos, mas existe com impunidade há muitas décadas. Não atinge exclusivamente políticos e funcionários do Estado, mas também alguns setores empresariais, igualmente responsáveis pelos colossais e escandalosos desfalques nos cofres públicos.
- Pôr fim à abjeta degradação da justiça — Como corolário do precedente, essa deterioração moral atingiu até as mais altas instâncias judiciais, onde se compram sentenças e se vendem decisões por somas milionárias, obtidas pela pilhagem contínua dos recursos do Estado. Servidores públicos participam de verdadeiras empresas criminosas para desfalcar assombrosas quantias; e depois, com esses mesmos recursos fraudulentos, compram sua absolvição nas altas Cortes. No final do ano passado, magistrados do Supremo Tribunal de Justiça foram judicializados, juntamente com o responsável pela luta anticorrupção do Ministério Público, por protagonizarem comportamentos aberrantes e escandalosos.
- Evitar que os acordos de paz do governo Santos se transformem em instrumento de impunidade e tirania — Os criminosos que devastaram a Colômbia durante décadas, aterrorizando os indefesos com suas atrocidades e humilhações, transformaram-se agora em legisladores, por vontade do governo. Integrarão comitês administrativos que definirão o futuro da nação, sem pagar por seus crimes, sem pedir perdão por eles, sem se arrependerem de tanto mal que fizeram. É indispensável o novo governo exercer também controle sobre a Justiça Especial para a Paz (JEP). Esse sistema transicional, criado após o acordo com as FARC, caminha para se colocar acima dos outros órgãos judiciais, arrogando direitos e funções que não lhe dizem respeito, tudo para favorecer sua impunidade.
- Enfrentar o tráfico de drogas com energia e sem claudicação — Esta é a enorme fonte que financia a guerra e os crimes de todos os grupos guerrilheiros e paramilitares, além de alimentar o crime organizado e ser a ponta-de-lança da degradação moral do país. Durante os oito anos do governo Santos, o cultivo ilegal de coca aumentou de 50.000 para quase 200.000 hectares, e a cocaína para os viciados da Europa e Estados Unidos terá certamente crescido também na mesma proporção.
A autêntica solução na prática dos valores do Evangelho
Santuário de Nossa Senhora
de Las Lajas, em Ipiales,
no sul da Colômbia. [Foto: Luis G. Arroyave]
Há na Colômbia muitos outros aspectos a melhorar, para alcançarmos progresso verdadeiro, legítimo e autêntico. Os que destroem o establishment não são só os terroristas, mas também os que roubam bens do Estado e das empresas privadas. Procuramos interpretar aqui o rumo que desejam para a Colômbia não só os eleitores de Ivan Duque, mas também muitos dos que, embora votando em Petro, não simpatizam com a revolução chavista da Venezuela, antes pedem uma mudança fundamental na maneira de governar e fazer política. Mas se a filosofia e os valores do Evangelho não iluminarem as almas dos que compõem a sociedade, é inútil perseguir o crescente número de criminosos com a autoridade coercitiva do Estado. Acrescenta-se, pois, a necessidade imperiosa de resgatar os valores religiosos, morais e cívicos que foram se evaporando de todas as atividades humanas, destruindo as instituições com as consequências trágicas que estamos vendo.
Se o próximo governo não for capaz de cumprir esses objetivos básicos, levando em conta o clamor da verdadeira e autêntica Colômbia, o presidente a ser eleito dentro de quatro anos muito provavelmente nos levará, contra a nossa vontade, para o inferno de uma ditadura de extrema-esquerda, embora não o queira a maioria. Se não houver uma solução para esses grandes desafios, abrir-se-ão as portas para a opressão totalitária e a miséria socialista, fenômenos que sempre andam de mãos dadas.
A Colômbia não pode resistir indefinidamente à ação devastadora de quem governa dando as costas ao senso comum e aos valores morais, cujas elites preferem abdicar covardemente diante da ufania do crime, em vez de enfrentá-lo com coragem. Os colombianos sabem perfeitamente que esta será a triste realidade de nosso país, caso o novo governo decida não encetar o rumo certo.
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(*) Diretor da Sociedad Colombiana Tradición y Acción.
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