18 de febrero de 2018
Enviados vaticanos pedem a bispos legítimos passarem a diocese para ilegítimos filo-comunistas
Por
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11 de Fevereiro de 2018
Mons
Pedro Zhuang Jianjian, bispo de Shantou, está sob chantagem do regime comunista
e dos enviados vaticanos para entregar a diocese a bispo ilícito
Entre 18 a 22 de dezembro, Dom Pedro
Zhuang Jianjian de Shantou (Guangdong) foi retirado de sua diocese, no sul do
país, e escoltado até Pequim.
A escolta policialesca devia
conduzi-lo até representantes categorizados do governo central e com uma
delegação “estrangeira”, evidentemente do Vaticano.
Ele só foi informado de que “um
prelado estrangeiro” o aguardava. Tratava-se de um representante da diplomacia
vaticana.
Esse lhe pediu para entregar a sé
episcopal ao bispo ilícito José Huang Bingzhang, noticiou a bem informada
agência AsiaNews.
Foi a segunda vez em três meses que a
Santa Sé lhe pediu a demissão do bispo Zhuang.
Com efeito, em carta de 26 de
outubro, Dom Zhuang, 88, fora convidado pela Santa Sé a se demitir e entregar a
diocese a um bispo excomungado, que a diplomacia vaticana – a Ostpolitik – está
prestes a reconhecer.
Uma fonte igreja de Guangdong, que
pediu para permanecer no anonimato, contou a AsiaNews: “Dom Zhuang recusou-se a
obedecer e declarou: ‘aceito levar a cruz por desobedecer’”.
O bispo resistente foi ordenado
secretamente em 2006, com a aprovação do Vaticano.
No entanto, o governo chinês o
reconhece apenas como sacerdote e, por sua vez, apoia o bispo excomungado, José
Huang Bingzhang, deputado no Parlamento (Assembleia Nacional do Povo) por longo
tempo.
Mons. Zhuang ficou “sob controle” –
leia-se preso – até 11 de dezembro. Mesmo sabendo que o bispo é velho, que não
está em boa saúde e que fazia frio extremo em Pequim, os policiais lhe
recusaram o pedido de não ir a Pequim.
Tampouco lhe garantiram a presença de
um médico. Sete agentes viajaram com ele, mas nenhum padre foi autorizado a
acompanha-lo ou lhe prestar assistência.
O
Cardeal Zen aproveitou sua inesperada presença numa audiência geral para
entregar carta ao Papa que quiçá por vias normais não a acolheria. Foto arquivo
2014
O ancião bispo foi hospedado no hotel
Huguosi. Em 19 de dezembro, foi levado para visitar monumentos; obviamente
dedicados aos líderes marxistas.
No dia seguinte, ele foi levado à
sede da governamental Associação Patriótica e fictício Conselho dos Bispos da
China – uma espécie de CNBB chinesa montada pela ditadura comunista e até o
presente não é reconhecida pela Santa Sé.
Lá encontrou os bispos Ma Yinglin,
Shen Bin e Guo Jincai, que são respectivamente o presidente, o vice-presidente
e o secretário-geral do Conselho dos Bispos.
Os bispos Ma e Guo foram sagrados
ilicitamente e estão rompidos com o Vaticano.
Em 21 de dezembro, o bispo Zhuang foi
levado para o hotel estadual em Diaoyutai. Lá foi recebido por três
representantes da Administração Estatal de Assuntos Religiosos.
Segundo AsiaNews, naquela ocasião, o
Pe. Huang Baoguo, sacerdote chinês da Congregação para a Evangelização dos
Povos, levou-o a uma reunião com “o bispo estrangeiro e três sacerdotes
estrangeiros do Vaticano”.
Quando a China e a Santa Sé retomaram
diálogos oficiais em 2014, Mons. Claudio Maria Celli ficou encarregado das
negociações.
Ele está aposentado, mas segue
atuante no relacionamento China-Vaticano, e viaja frequentemente à China. A
fonte da agência supõe que o prelado presente foi ele. Posteriormente ficou
confirmado se tratar de Mons. Celli agindo por conta da Santa Sé.
“O bispo estrangeiro” explicou a
Mons. Zhuang que seu propósito era chegar a um acordo com o governo chinês
fazendo com que o ilegítimo bispo Huig ficasse bispo da diocese.
A delegação vaticana pediu a Mons.
Zhuang sair da diocese e lhe concedendo como consolo a possibilidade de sugerir
três nomes de sacerdotes. Entre esses, o bispo ilegítimo elegeria o vigário
geral.
“Mons. Zhuang, mais uma vez,
escutando o pedido, quebrou em lágrimas”, disse a fonte, acrescentando que
“seria inútil designar como vigário geral um padre que o bispo ilegítimo
poderia remover ao seu gosto”.
Um dos bispos, que pediu para
permanecer anônimo, disse à AsiaNews que o Vaticano pediu uma opinião sobre
Mons. Huang. “Não sei como isso vai acabar, mas isso parece se encaminhar para
uma solução horrível”, acrescentou.
A AsiaNews pediu confirmação do
Vaticano e só recebeu como resposta que apenas fizera um pedido de opinião a
Mons. Zhuang sobre o bispo ilícito.
O Cardeal Joseph Zen, bispo emérito
de Hong Kong, confirmou a notícia coletada pela AsiaNews, desmentindo as
versões enviesadas da Ostpolitik vaticana.
Após a primeira tentativa de pressão
combinada de policiais e monsenhores vaticanos, o Card. Zen fez chegar carta a
Mons. Savio Hon Taifai, ainda responsável na Cúria Romana, sobre os brutais
fatos.
O próprio Cardeal Zen descreveu as
violências morais em carta de 29 de janeiro (2018) também publicada por AsiaNews.
Cardeal
Joseph Zen Ze Kiun, bispo emérito de Hong Kong, assumiu a difícil tarefa de
defender os bispos católicos diante das pressões vaticanas
Mons. Savio levou o caso a
conhecimento do Papa Francisco. Esse prometeu estudar o caso e pareceu que o
assalto arrefeceria.
Em dezembro, o Cardeal Zen ficou
estarrecido com a nova investida policialesca-vaticana com características
ainda mais chocantes e surpreendentes para o ancião cardeal.
Mons. Zhuang pediu em lágrimas que o
Cardeal levasse um relatório.
O Cardeal aceitou a incumbência, mas
sabia ser a coisa muito incerta que o Santo Padre quisesse receber um envio do
sofrido prelado resistente.
Doente e debilitado, o Cardeal de 85
anos pegou um avião de Hong Kong até Roma planejando chegar encima da hora da
audiência geral do Papa de 10 de janeiro (2018).
Houve atraso, mas chegou no meio da
cerimônia e ocupou o lugar reservado a cardeais. Ninguém o aguardava. Foi assim
que conseguiu se aproximar para a dramática missão.
Na hora do “beija-mãos” o Cardeal a
pôs nas mãos do Santo Padre dizendo que viajara só para isso e que esperava que
o Papa se dignasse lê-la.
Mas, o Cardeal não aguardava o que
viria: na tarde do mesmo dia Francisco I mandou chama-lo para audiência privada
no dia 12.
Numa conversa de meia hora, o Cardeal
perguntou se o Papa tinha tido tempo de “estudar o caso”.
A resposta do Pontífice foi: “Sim, eu
falei para eles (seus colaboradores na Santa Sé) que não criem um outro caso
Mindszenty”!
A referência ao cardeal Mindszenty,
um dos heróis da fé na resistência à perseguicao comunista, impressionou ao
Cardeal chinês.
Mas lhe lembrou que a Santa Sé, após
várias tentativas frustradas do Cardeal Casaroli no sentido desejado pela
ditadura comunista, havia ordenado ao Cardeal Mindszenty abandonar o país.
Foi um triunfo sinistro da
convergência da Ostpolitik vaticana com o governo marxista. O Papa Paulo VI
nomeou um sucessor do goto do governo comunista.
O drama da China, então, não estava
acabando, mas começando.
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