13 de octubre de 2017
CATALUÑA: O triunfo da insensatez
Folha de S. Paulo,
domingo, 8 de outubro de 2017
O triunfo da insensatez
Clóvis Rossi
O velho sábio que habitava esta
Folha costumava repetir que vivera o suficiente para ver tudo acontecer e o seu
contrário também.
Não vivi ainda tanto quanto ele
nem espero viver, mas está em curso o triunfo espetacular da insensatez, que
jamais imaginava ver (tomara que ainda consiga ver também o seu contrário, do
que começo a duvidar).
Refiro-me em especial ao caso da
Catalunha, mais especificamente à insistência de uma parte considerável de seus
líderes políticos em declarar a independência.
Respeito muitos os que se
manifestam pela independência pelo sentimento de que, sendo catalães, não cabem
na Espanha. Discordo, mas amores não se discutem, se sentem.
Pena que o amor nem sempre é lindo
e que valha, neste caso como em tantos outros, uma das frases do grande
frasista que foi o general Juan Domingo Perón: “La realidad es la única verdad”.
A realidade é simples: não passa
de tremenda insensatez a Catalunha separar-se da Espanha. A ponta do iceberg
com o qual se chocará a região apareceu na quinta (5), quando o Banco Sabadell,
depois de mais de cem anos na Catalunha, anunciou mudança para Alicante.
O CaixaBank, o terceiro maior da
Espanha, prepara-se para mudar para Valencia. São perdas evidentes para a
Catalunha. E não são as únicas: as lideranças catalãs em momento algum
discutiram a sério nem fizeram a população saber o custo que terá a
obrigatoriedade de criar uma nova moeda, já que a saída da Espanha significará
perder o direito de usar o euro.
Como diz o jornal francês “Le
Monde”, nenhum país europeu está disposto a reconhecer o resultado do
plebiscito de domingo (1º).
Reforça o britânico “Financial
Times”: “Considerada a escassa participação e a indiscutível ilegalidade, não
há justificativa alguma para a declaração de independência”.
Se os problemas econômicos a
enfrentar fossem um preço aceitável para compensar libertar-se da opressão da
Espanha, ainda vá lá. Liberdade é um valor inestimável.
O problema é que não existe
opressão. Basta ler artigo no “Guardian” de Victor Lapuente Giné, professor de
Ciência Política da Universidade de Gotemburgo (Suécia): “Desde a concepção, a
Espanha foi um empreendimento político pluralista. (...) Não é coincidência que
o primeiro exemplo de parlamentarismo moderno na Europa Ocidental sejam as
Cortes de León de 1188. As cidades e regiões gozaram de capacidades de
autogoverno desconhecidas em outros países”.
O fato de a ditadura de Francisco
Franco (1936-1975) ter de sufocado a Catalunha não justifica se separar agora.
Afinal, Franco já morreu faz tempo e as comunidades espanholas gozam de amplas
capacidades de autogoverno.
O triunfo da insensatez não se
limita às lideranças catalãs. Na Venezuela, um sujeito que recebe orientações
do antecessor, disfarçado de “pajarito”, também triunfa e conduz seu país a um
desastre sem paralelo -com apoio, aliás, de significativa parcela da esquerda
brasileira, também imbecilizada.
A lista de insensatos é bem maior
e passa pelo Brasil, mas o espaço acabou.
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