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Vitral da igreja de Notre-Dame, em Beaupréau representando o general Henri de La Rochejaquelein - 1890
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O que dizem os maus contra a devoção ao Sagrado Coração de Jesus? Primeiro uma coisa que pensam ser um argumento decisivo: "por que adorar o Coração de Jesus? Não poderíamos fazer uma linda devoção às Sagradas mãos de Jesus? Aos Sagrados olhos de Jesus? Então, decompomos blasfemamente Jesus e vamos fazer uma adoração a cada parte do corpo. Então, fazemos uma adoração às orelhas, que ouvem todas as súplicas do homem, à boca, que falou, às mãos que abençoaram (não dizem que também fustigaram...). Então, não vale a pena fazer essa devoção".
"Depois, dizem eles, é uma devoção sentimental. O coração é o emblema do sentimento para o sentimentalismo. Portanto é uma devoção sentimental, sem conteúdo teológico e não deve ser admitida".
Na realidade, a Santa Sé, várias vezes, por meio de documentos pontifícios solenes, substanciosos, magníficos, recomendou essa devoção [cfr. Por exemplo, a encíclica "Inscrutabile divinae Sapientiae" do Papa Pio VI, em 1775]; cobriu de indulgências a devoção das primeiras sextas-feiras, ligadas à devoção ao Sagrado Coração de Jesus, porque é a comunhão feita em reparação às ofensas que o Sagrado Coração de Jesus recebe. Ela cumulou de indulgências as confrarias e arquiconfrarias que Ela mesma instituiu em favor da devoção do Sagrado Coração de Jesus. Ela aprovou e estimulou a construção de igrejas, altares e imagens em louvor do Sagrado Coração.
Quanto ao mistério da Igreja, essa devoção é, tem sido aprovada de modo superabundante e tem tudo para merecer nossa confiança. De outro lado, esse argumento de que não se pode ter uma devoção a cada parte do sacratíssimo corpo de Nosso Senhor, não tem sentido nenhum. De fato, privadamente falando, podemos adorar a Nosso Senhor em suas mãos santíssimas, podemos e devemos adorá-Lo em seus olhos infinitamente expressivos, significativos, régios, doutorais e salvadores. Pensar que com um só olhar Nosso Senhor regenerou São Pedro, e adorar Nosso Senhor inclusive em seus olhos divinos, evidentemente é uma coisa que se pode fazer.
Apenas a Igreja, que tem muito o senso do ridículo, e que compreende que o ridículo fica a um passo do sublime, compreende que os espíritos vulgares teriam facilidade em pôr sarcasmo contra uma coisa que assim desmembrada realmente choca um pouco a sensibilidade humana, mas que nada tem de contrário ao raciocínio e que até muito adequadamente pode fazer-se. Por exemplo, conta-se de pedras da via sacra - sobretudo de uma - no caminho de Nosso Senhor, que teria a marca de seus pés divinos. Ao adorar seus pés divinos enquanto palmilharam a terra para ensinar, enquanto encheram-se do pó dos caminhos para ensinar e salvar, para combater o mal, adorar esses pés enquanto serviram para carregar a cruz, enquanto se encheram de sangue para nossa Redenção, enquanto suportaram os cravos da Paixão, é perfeitamente verdadeiro, legítimo, necessário.
E até um lindo modo de adorarmos a Nosso Senhor Jesus Cristo é nos unirmos às disposições e meditações de Nossa Senhora, na ocasião em que Nosso Senhor foi descido da cruz, quando Ela teve seu corpo sacratíssimo no colo, exangue. Ela contemplou cada parte desse corpo machucado com uma dor, com uma profundidade de conceitos, de amor, de veneração, de respeito, de carinho. Ela considerou cada uma dessas partes, adorou, com certeza, cada uma dessas partes em sua significação e sua função específica; mediu a ofensa feita à divindade no ter flagelado aquela parte e com isso - afinal de contas - Ela praticou essa devoção.
Portanto, é apenas uma questão de conveniência, uma questão de senso das aparências, senso das proporções, se ousasse exprimir-se assim, que leva a Igreja a não promover a adoração de cada uma das partes do corpo de Nosso Senhor.
O que é, propriamente, a devoção ao Sagrado Coração? É a devoção ao órgão de Nosso Senhor, que é o Coração. Mas na Escritura, o coração não tem o significado sentimental que tomou no fim do século XVIII, mais ou menos, e certamente no século XIX. Não exprime o sentimento. Quando diz a Escritura: “A ti disse o meu coração: eu te procurei”, o coração aí é a vontade humana, é o propósito humano, é propriamente, a santidade humana. Aí quando Nosso Senhor diz isso, diz: "na minha vontade santíssima, Eu quero". O Evangelho diz: “Nossa Senhora guardou todas as coisas em seu coração e as meditava”. Os senhores percebem que não é o coração sentimental, mas a vontade dEla, a alma dEla que guardava aquelas coisas e pensava sobre elas. O coração é a vontade da pessoa, o seu elemento dinâmico que considera e pondera as coisas. O Sagrado Coração de Jesus é a consideração disso em Nosso Senhor, simbolizado pelo coração, porque todos os movimentos da vontade do homem podem ter no coração uma repercussão. Nesse sentido, então, é o órgão adequado para exprimir isso. E é nesse sentido, então, que se adora o Santíssimo Coração de Jesus.
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