3 de noviembre de 2015

“A OPINIÃO DO MUFTI NÃO ME INTERESSA” Oswaldo Aranha- Ex-Chanceler do Brasil




Edição 432  Diretor/Editor: Osias WurmanSegunda, 03 de novembro de 2015

“A OPINIÃO DO MUFTI NÃO ME INTERESSA”



Oswaldo Aranha- Ex-Chanceler do Brasil
No início de abril de 1947 a Grã Bretanha solicitou à Organização das Nações Unidas, que tinha somente dois anos de existência, a realização de uma Sessão Extraordinária de sua Assembléia Geral para tentar resolver o intrincado problema da situação na Palestina. O termo Palestina referia-se à região situada a Oeste do Rio Jordão em que habitavam, majoritariamente, judeus e muçulmanos. A área estava ocupada militarmente, desde 1923, por tropas inglesas, no assim denominado Mandato Britânico. As Nações Unidas ainda não estavam instaladas no imponente prédio de Manhattan, mas em Flushing Meadows, Queens, distante 15 quilômetros de sua atual sede. Em 28 de abril daquele mesmo ano foi realizada a eleição do Presidente dessa Assembléia, ocasião em que o Chanceler Oswaldo Aranha foi escolhido para dirigir seus trabalhos pela expressiva maioria de 45 dos 50 votos. Aranha, democrata convicto, decidiu enviar uma comissão das Nações Unidas para examinar, in-loco, a situação populacional da região, ou seja, saber em que áreas da Palestina residiam, respectivamente, árabes e judeus, para elaborar o traçado das fronteiras entre os países que estavam por nascer. Segundo o historiador norte-americano Stanley Hilton, autor da mais completa biografia de Aranha, o chanceler terminou essa sessão especial convencido da necessidade de se criar uma pátria para os judeus. Entrevistado por um repórter, que lhe transmitiu a informação de que o Grã Mufti de Jerusalém, Mohammad Amin Al-Husayni, Gruppenfuehrer para as comunidades muçulmanas conquistadas pelos nazistas durante a guerra, com um passado pouco recomendável de chefe das SS na Sérvia, Bósnia, Albânia e países islâmicos do Norte da África, havia declarado que “os judeus queriam se apossar da Palestina para usá-la como trampolim para sua maior expansão na região”.  Aranha, que não tinha papas na língua, respondeu abruptamente: “A opinião do Mufti não me interessa. Não é um problema judaico ou árabe, mas um problema mundial”. O nome desse exótico personagem acaba de retornar às manchetes depois que o Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, revelou a estranha afinidade entre o Mufti e Hitler, especialmente no que se refere ao extermínio de judeus. O que, talvez, pouca gente saiba é que, mesmo depois da acachapante derrota da Alemanha nazista para as forças aliadas, essa figura, ao invés de enfiar a viola no saco e sumir do noticiário, ainda tenha tentado interferir nas negociações sobre a Partilha da Palestina.  Apesar de suas inúteis verberações e ameaças, a partilha foi aprovada por maioria absoluta de votos na histórica sessão da ONU de 29 de novembro de 1947. Com lideranças desse quilate, não é de se estranhar, em pleno 2015, que organizações terroristas como a Al Qaeda, Irmandade Muçulmana, Boko Haram, Exército Islâmico e outras anomalias do gênero ainda estejam mais preocupadas em destruir e implodir seus inimigos e também umas às outras do que construir nações.   
Nelson Menda
Miami – EUA
nmenda@hotmail.com


No hay comentarios: