18 de enero de 2018

2017: Ameaças de cisma na Igreja e balbúrdia universal

Agência Boa Imprensa – ABIM

2017: Ameaças de cisma na Igreja e balbúrdia universal

RetrospectivaO ano do centenário de Fátima, em que muitos ansiavam pelo triunfo de Nossa Senhora, terminou justificando ainda mais fortemente as razões dos castigos prenunciados em 1917, que culminarão na vitória do Imaculado Coração de Maria
  • Luis Dufaur
  • Fonte: Revista Catolicismo, Nº 805, Janeiro/2018
O ano de 2016 se encerrou envolto em situações que pareciam impossíveis de acontecer, mas que aconteceram. Nos Estados Unidos, após desmentir todos os vaticínios midiáticos, o símbolo do direitismo radical assumiu a presidência, mas teve sua vitória maculada pelo arqui-inimigo russo, que teria interferido no processo eleitoral.
A vitória de Donald Trump coroou, em âmbito mundial, uma sucessão de progressos da chamada “extrema-direita” ou dos “ultraconservadores”. A esquerda chorou a perda de seu amado símbolo Fidel Castro e os recordes de impopularidade do presidente socialista francês François Hollande. Na América Latina, enquanto o ditador Nicolás Maduro ficava cada vez mais isolado, frustrado e violento, seus mais altos colaboradores brasileiros e argentinos se apresentavam em incômodas cadeiras dos respectivos Judiciários. No Chile, a socialista Michelle Bachelet bateu recordes de impopularidade; no Equador, Rafael Correa nem voltou a se candidatar; no Peru, o segundo turno ficou entre candidatos da direita; e na Bolívia, Evo Morales viajou a Cuba para se tratar, antes de vir ao Brasil.
Trump anunciava medidas diametralmente opostas às de seu predecessor, como a de recusar o Acordo ambientalista de Paris; de reverter a reforma da saúde de Obama; de reforçar órgãos e normas antiterroristas; de vetar imigrantes islâmicos e latinos; de cortar o favorecimento econômico da China comunista; de restaurar o embargo de Cuba; de revogar o uso indiscriminado de toaletes pelos transgêneros; de extinguir o Estado Islâmico; de cortar verbas destinadas ao aborto e à agenda LGBT; de tirar os EUA da UNESCO; de cortar os impostos, e assim por diante.
Em julho, o presidente americano, logo após ordenar o maciço bombardeio de uma base sírio-russa que abrigava armas químicas, fez em Varsóvia seu primeiro grande discurso de política internacional. Ali ele elogiou a defesa da civilização, rememorou a épica resistência católica polonesa contra a invasão comunista de 1920 e nas décadas da opressão soviética, convocou todos para a defesa da cultura, da família e da Fé. O ministro de Defesa da Polônia sublinhou que o discurso fora o reconhecimento dos valores da civilização cristã e ocidental que “todos iremos defender, lado a lado” ([i]).

Múltiplas rachaduras nos EUA

As divisões nos EUA foram exacerbadas pelas esquerdas após a investidura de Trump. A polêmica sobre contatos de membros de sua equipe com agentes russos degenerou numa balbúrdia. Os EUA tinham sido anestesiados pela mentira de que o “comunismo morreu”, e as direitas mais patrióticas ficaram enlameadas com acusações de conexões suspeitas com as redes secretas do Kremlin. A polêmica degenerou em “guerra” ([ii]) aberta entre a mídia e o novo presidente, que proibiu cinco grandes jornais e TVs de participar de entrevistas na Casa Branca ([iii]).
Foi como se um maestro de orquestra oculto ordenasse com sua batuta uma grande finale aos fautores da fratura nos EUA, um país que em linhas muito gerais constitui a pilastra da ordem ocidental, democrática, de liberdade econômica e ordem social. E a discórdia que no século XIX fez eclodir a Guerra Civil entre o Norte e o Sul reviveu num dia de confrontos com mortos e feridos em Charlottesville, Virgínia ([iv]).
Na versão midiática, tratou-se do maior embate entre “supremacistas brancos”, nostálgicos do regime sulista, e herdeiros dos escravos que se manifestavam contra a estátua do general Lee, líder dos confederados. A mídia aprofundou o atrito apontando o Ku Klux Klan, o nazismo e o crescente racismo como ligados às violências e mortes atribuídas a policiais “brancos” em diversas cidades americanas, e até mesmo a um confuso movimento antijudaico ([v]).
Os EUA assistiram também a um surto furioso de assassinatos coletivos irracionais, sem considerar aqueles perpetrados por islâmicos. O maior deles ceifou pelo menos 59 vidas e feriu 527 em Las Vegas, no mês de outubro ([vi]). O cultuado guru hippie da morte, Charles Manson, faleceu em novembro na prisão, mas o espírito diabólico que o impulsionou reaparecia difusamente, incitando a chacinas como aquela que o tornou tristemente famoso ([vii]).
Retrospctiva
americano lançando mísseis sobre o Japão em direção aos EUA e de suas bases, explodindo bombas atômicas e proferindo reiteradas bravatas de seu ditador. E eis que o gigante se mostrou intimidado [foto]. Bem sabia Trump que por trás da insignificante Pyongyang se encontravam a Rússia e a China, mas ele havia ordenado um bombardeio maciço da base sírio-russa que abrigava armas químicas. Comunicou esse feito ao presidente chinês durante a sobremesa de um jantar, e a Rússia engoliu como pôde. Mas sob o pretexto de que somente a China apaziguaria a pulga norte-coreana, Trump condescendeu em fazer concessões opostas ao que havia se comprometido em relação àquele país.
Dos “EUA em 1º lugar” aos “EUA isolados”, foi um comentário comum da mudança ([viii]). Em agosto, o Havaí tornou-se o primeiro Estado americano a se preparar para um eventual ataque nuclear norte-coreano, treinando a população e renovando as velhas sirenes da Guerra Fria ([ix]). Nova York repensa a recuperação dos abrigos atômicos ideados no passado para casos de ataques soviéticos ([x]).

A Europa se desagrega em face do Islã

Derrotado e dizimado em seus redutos do Oriente Médio, o Estado Islâmico tendeu a disseminar-se pelo Ocidente, que se tornou em 2017 o palco de trágicos atentados islâmicos.
Em junho, um fanático lançou uma caminhonete contra pedestres numa Ponte de Londres, matando sete e ferindo 48 pessoas ([xi]). Em agosto, em Barcelona, outro adepto da “religião da paz” com uma van ocasionou 15 mortos e mais de 100 feridos([xii]). As exortações à “acolhida” e os elogios ao diálogo e ao ecumenismo não dissuadiram a ânsia assassina do Islã. Em novembro, a perversa façanha foi repetida em Manhattan, ceifando oito vidas e ferindo 11 pedestres ([xiii]). Esses crimes maiores foram secundados por muitos outros de menor alcance.
A exasperação dos europeus gerou milhares de violências miúdas, por vezes sangrentas, contra os imigrantes e os asilos criados pelos governos para recebê-los. Esses revides caíram como luva para os sheiks do terror. O e-book Muslim Gangs recomendou multiplicar esses atritos, ainda que pequenos, para se chegar a uma guerra geral: “Esses golpes aumentarão a intensidade do conflito, e gradualmente uma guerra pegará fogo. A guerra será tão dura que não haverá espaço para a polícia […], assim teremos lutas ‘tribais’ e minimilícias nos diversos países europeus, cada grupo defendendo seu próprio território” ([xiv]).
Uma guerra “tribal” análoga ao atual desfazimento da ordem pública no Rio de Janeiro. A tensão imperante em certas cidades e bairros europeus reduziu pela metade o afluxo de migrantes. Pela primeira vez em quatro anos, esses não chegaram a 200 mil, segundo a Organização Internacional para as Migrações ([xv]). Mas a União Europeia tenta forçar os países da Europa Central a abrirem suas portas aos invasores.
Na França, o centrista Emmanuel Macron foi o candidato-tampão votado por modesto contingente eleitoral; mas seu endeusamento pela imprensa acabou guindando-o à presidência. Ao longo do ano ele entrou em uma vertiginosa e constante queda de prestígio. Na Alemanha, a chanceler Ângela Merkel — grande promotora da imigração — foi reeleita com escassos 33% dos votos. A Alternativa para a Alemanha (AfD) de “extrema-direita”, tornou-se o terceiro maior grupo no Parlamento com 13% dos votos e 92 deputados ([xvi]). Em novembro, a fragilidade do novo gabinete vem dando lugar a um desgoverno que semeia calafrios na Europa ([xvii]). Na Áustria, o jovem conservador Sebastian Kurz, do Partido Popular, foi eleito primeiro-ministro aliando-se ao Partido da Liberdade, de “extrema-direita” ([xviii]).
Reputados intelectuais e acadêmicos europeus publicaram em Paris um manifesto pela verdadeira Europa, hoje corroída por uma falsa Europa que destrói as raízes cristãs e dissolve as nações na União Europeia ([xix]). Por sua vez, o cardeal Robert Sarah denunciou que “a Europa construída sobre a fé de Cristo hoje vive um período de apostasia tranquila”. Ele reafirmou o direito das nações em distinguir o refugiado político do religioso, bem como a obrigação dos migrantes econômicos de se adaptarem à cultura do país que os acolhe, dando a Polônia como exemplo ([xx]).

Separatismo: falsa opção

No dia 1º de outubro, um referendo ilegal e fraudulento pela independência da Catalunha cristalizou um processo que se arrastava havia tempo([xxi]). O governo espanhol aplicou a Constituição e os líderes separatistas foram presos ou fugiram. Apesar de imensas manifestações populares catalãs em defesa da unidade espanhola, o clima ficou irremediavelmente tenso.[foto]
Na Espanha há pelo menos sete regiões com movimentos separatistas escancarados, embora menos fortes que o catalão, mas cada qual com a sua história particular. Em novembro, algumas “Repúblicas andaluzas” — que incluem mais de um terço da Espanha —, o Alentejo português e parte do Marrocos proclamaram “independência virtual” de uma região semelhante ao Califado de Córdoba reclamado pelos islamitas. Tudo ficaria no âmbito doméstico se não houvesse a ingerência, largamente demonstrada, da “guerra da informação” movida por Moscou ([xxii]).
Putin degustou a sua vingança: o Ocidente fragmentou a URSS e agora estaria recebendo o troco. Putin também abriu em Barcelona uma “embaixada-fantoche” de um território georgiano ocupado pelo exército russo. Esse território é reconhecido apenas por Moscou e por alguns países “bolivarianos”. O “ministro” fundador dessa “legação” havia passado uma semana ao Norte da Itália, durante um referendo legal exigindo maior autonomia para as regiões da Lombardia e do Vêneto ([xxiii]).
A crise da Catalunha permaneceu como referência para as tendências separatistas envenenadas pela Rússia que corroem a Europa. No próprio Kremlin, Putin financia há vários anos uma reunião de congressos anuais de movimentos separatistas que agem no Ocidente ([xxiv]). Também no Brasil houve um empurrãozinho para a secessão. Pelo segundo ano consecutivo, realizou-se em 900 municípios dos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul o chamado Plebisul, convocado com o slogan “O Sul É o Meu o País” e tendo como modelo o plebiscito separatista catalão. Contudo, graças a Deus, ele teve fraca participação ([xxv]).
Nos EUA, com base na lei SB 54 — que impede os funcionários estaduais de prender pessoas indocumentadas —, o estado da Califórnia declarou-se “Estado-santuário” ([xxvi]). A cidade de São Francisco fez questão de pagar 190 mil dólares de multa, pelo fato de um funcionário da Prefeitura ter aplicado a lei federal a uma pessoa sem documento e violado assim o tabu de “cidade-santuário([xxvii]). O estado do Texas, pelo contrário, proibiu suas cidades de se tornarem “cidades-santuário”, que não aplicam as leis federais sobre a imigração ([xxviii]).

A ordem se fragmenta no mundo

RetrospectivaA tendência à fragmentação política, social, legal e cultural deu fortes sinais no Brasil. A Secretaria de Segurança do Rio revelou que bandos armados dominavam 843 territórios, nos quais a Constituição Federal não é levada em conta. Os “territórios controlados ilegalmente” incluem favelas, conjuntos habitacionais, imóveis específicos e até partes de bairros ([xxix]).
A virtual evaporação da ordem legal foi ressaltada pelo 11º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o qual mostra que entre 2010 e 2016 o latrocínio subiu 57,8% no País, chegando a 2,5 mil registros ou sete casos por dia. O cômputo só não inclui o número ainda maior de roubos, porque muitas vítimas não apresentam denúncia às delegacias ([xxx]). Mais doloroso foi o recorde de homicídios no Brasil em 2016: 61.619 mortes, aumento anual de 4,7%, ou sete homicídios por hora, segundo o Fórum ([xxxi]).
Na Venezuela, os bispos imploraram a intercessão do Papa Francisco junto ao ditador Nicolás Maduro [foto acima] — por quem nutre simpatias —, para fazer cessar a perseguição religiosa e a miséria no povo venezuelano, que procura alimento nas lixeiras, que não encontra remédios nas farmácias ou gasolina nos postos, que foge pelas fronteiras, sofre repressão assassina, e padece como vítima de um “genocídio” material e moral ([xxxii]).
A única resposta do Soberano Pontífice da Igreja foi uma nota, qualificada de o “pior papelão diplomático de seus mais de quatro anos de pontificado” ([xxxiii]). José Palmar, pároco em Maracaibo, invocou os católicos mortos e presos, e disse: “É lamentável o mutismo de Francisco sobre a realidade totalitária, ditatorial e violenta do regime. O que ele falou foi como se tivesse dito a Lázaro: Não vais ressuscitar, ficarás aí, podre na cova” ([xxxiv]). Ao fazer uma apologia do Pontífice, o presidente-ditador venezuelano declarou que havia uma “campanha internacional” urdida contra ele pelos “poderes do mundo” ([xxxv]).
O “Wall Street Journal” sintetizou: “Quando o Papa Francisco quer que sua mensagem chegue àqueles que ele desaprova, nunca lhe faltam palavras, sobretudo em se tratando dos EUA. Mas quando se trata da brutalidade do governo venezuelano contra o seu próprio povo, o Papa e o Vaticano preferiram silenciar o nome de Nicolás Maduro.
Na Colômbia, a guerrilha marxista-leninista das FARC lançou um partido político, cujo logo com os símbolos tradicionais do comunismo obteve licença para projetar na fachada da Catedral de Bogotá, na iminência da visita de Francisco ([xxxvi]). Não espanta que escritores como George Neumayr tenham apontado a influência das ideias comunistas sobre o Pontífice, que declarou ter “conhecido muitos marxistas que são boas pessoas”, e que a bandeira do marxismo em favor dos pobres no fundo é cristã ([xxxvii]).
O Pontífice afastou a ideia — tão natural — de visitar a Argentina, seu país natal, de cujo presidente em exercício não esconde sua antipatia por ter derrotado em eleições democráticas o nacionalismo socialista representado pelos Kirchner. Também descumpriu sua promessa de visitar o Brasil por ocasião do terceiro centenário de Nossa Senhora Aparecida. ([xxxviii]).

China e Rússia: ditaduras que se solidificam

Uma tendência totalitária oposta ao esfarelamento das nações e das grandes organizações foi assegurada Retrospectopelos dois países que aspiram subjugar o Ocidente: a China e a Rússia. Em Pequim, o Partido Comunista Chinês, reunido em seu XIX Congresso, reforçou a ditadura comunista na pessoa do presidente Xi Jinping, equiparado a Mao Tsé-tung — portanto, a um semideus do materialismo —, além de inscrever seu nome e seus ensinamentos na constituição do partido ([xxxix]). Também ratificou o objetivo do marxismo oriental: estabelecer a hegemonia mundial chinesa, usando a economia como arma de conquista. Enquanto isso, no Ocidente, alguns símbolos do mundo a ser conquistado — como a revista “The Economist”, por exemplo —, saudaram o “mais recente imperador da China”, ([xl]) e também prestaram homenagem ao “novo czar da Rússia” antes mesmo de Putin se apresentar à eleição e ser empossado, como era previsto.
Putin organizou uma desbotada comemoração oficial do centenário da Revolução bolchevique de 1917 da mesma forma como seu predecessor mais admirado, Josef Stalin, fechou em 1943 a Internacional Comunista (Komintern) e suprimiu A internacional como hino da URSS visando ser admitido na coalizão que venceria a II Guerra Mundial iniciada por ele juntamente com seu aliado Adolf Hitler.
Com o país quebrado, o exército esvaziado de soldados e com equipamentos em grande parte antiquados, o projeto russo de conquista universal mudou. Putin aplicou o melhor de seus recursos na guerra psicológica, ou da informação ([xli]). A ingerência geral dessa guerra não impediu a diplomacia vaticana de procurar em Moscou um grande e fundamental aliado.
Em agosto, o cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado e “número dois” do Pontífice, efetuou uma emblemática viagem à Rússia, onde se encontrou com o patriarca Kirill — com quem Francisco estabelecera profundos vínculos em Havana —, e principalmente com o “czar” Putin [foto acima] e seu chanceler, Serguei Lavrov ([xlii]). Os católicos russos, que gemem sob as ameaças, arbitrariedades e injustiças legais do Kremlin, viram com espanto o enviado do Vaticano como que lhes dar as costas enquanto estreitava calorosamente as mãos de seus perseguidores ([xliii]).
Esses católicos pediram que fossem lembrados os 442 sacerdotes e os 900 religiosos e leigos mortos por ódio à fé. “Os sofrimentos nas prisões soviéticas e nos campos de trabalho continuam sendo um problema para toda a sociedade”, disse Dom Igor Kovalevsky, secretário-geral da Conferência Episcopal russa ([xliv]). Os católicos temem pela própria sobrevivência, ameaçada pela convergência Moscou-Vaticano ([xlv]). Também padecem os católicos ucranianos, vendo o Vaticano favorecer o invasor do Leste mediante concessões, sorrisos e presentes.
Com fé e perseverança, o cardeal Joseph Zen advertiu ao longo do ano sobre a “estratégia equivocada” do Vaticano em relação ao comunismo chinês. “Como pode dar a iniciativa da escolha dos bispos a um governo ateu? O governo não mudou. É incrível! A Conferência Episcopal chinesa é um embuste. Não posso acreditar que a Santa Sé não saiba disso. Ela se reúne quando convocada pelo governo, este dá as ordens, e ela obedece. É uma fraude. […] são ateus comunistas. Querem destruir a Igreja” ([xlvi]).
Em agosto, a aproximação Pequim-Santa Sé levou uma “ducha de água fria” com a publicação no Vaticano de um elenco dos 75 bispos mortos na China desde 2004, após padecerem anos e décadas de prisão, trabalhos forçados, “campos de reeducação”, prisão domiciliar e assédio policial. No XIX Congresso do PC chinês, o novo “semideus” comunista deixou bem claro que deseja a “chinização” da Igreja Católica, separando-a de Roma e tornando-a escrava do socialismo ([xlvii]).

“Amoris laetitia”: desacordo fundamental

Durante o ano de 2017 multiplicaram-se as divisões a respeito do documento pontifício Amoris laetitia. O cardeal Walter Brandmuller Retrospectiva[foto]foi lapidar sobre a essência do problema: “Quem afirma poder alguém establecer nova união enquanto sua esposa legítima ainda se encontra viva, está excomungado. Quem pratica o adultério, está pecando gravemente. Se alguém acha que pode contradizer o dogma definido por um Concílio Geral [Trento], isso se chama heresia e implica exclusão da Igreja” ([xlviii]).
Para o cardeal sul-africano Wilfrid Fox Napier, a Amoris laetitiaaprova a poligamia, pois “no Ocidente a poligamia é sucessiva, enquanto na África ela é simultânea”; e, de acordo com o documento pontifício, poder-se-ia dar a comunhão ao polígamo e às suas várias mulheres ([xlix]). Com a Amoris laetitia na mão, é possível até sofismar que o divórcio seria uma nova vocação ou “via de santidade” na Igreja, lamentou o Pe. Angiolo Falchum, experiente sacerdote da Diocese de San Miniato, na Itália.
O cardeal nigeriano John Onaiyekan lamentou que setores da Igreja pressionem para que os “católicos divorciados e recasados” possam comungar sem emenda de vida ([l]). A Conferência Episcopal polonesa proibiu por unanimidade dar a Eucaristia aos “recasados”. A decisão foi a “ponta de um iceberg” que aponta para um mal-estar eclesiástico silencioso, mas muito amplo ([li]).
Dom Athanasius Schneider, Bispo-auxiliar de Astana, no Cazaquistão, ratificou que os bispos que mandam dar a Comunhão aos divorciados recasados “cometem grave abuso de poder” e que os sacerdotes devem resistir e responder: “Vossa Excelência me ordena cometer um pecado e eu não posso, pois antes devo obedecer a Deus” ([lii]). E o Cardeal Janis Pujats, arcebispo emérito de Riga ressaltou: a Amoris laetitia é liberal demais porque é impossível dar a comunhão a quem está em estado de pecado mortal ([liii]).
Porém, com pleno respaldo pontifício, cardeais e bispos mandaram aplicar a Exortação apostólica Amoris laetitia de modo a distribuir a comunhão aos casais adúlteros ([liv]). Enquanto os bispos de Malta davam as boas-vindas à Amoris laetitia e mandavam afastar seminaristas que não estavam de acordo com ela nesse particular ([lv]), o Cardeal de Palermo, Dom Corrado Lorefice, dava luz verde a seu clero para avançar no sentido da Exortação apostólica ([lvi]) e expulsava da paróquia de Romagnolo o Pe. Alessandro Minutella que deplorava “uma igreja que renega a Cruz, que reabilita Lutero, que trai a Eucaristia e que olha para o culto mariano como algo superado” ([lvii]).
No mesmo sentido libertário, o cardeal Francesco Coccopalmerio, responsável pela interpretação oficial dos textos legislativos da Santa Sé, defendeu que os divorciados “recasados” não podem ser chamados de “pecadores públicos”, podendo receber os sacramentos em estado de pecado, no contexto da Amoris laetitia ([lviii]). Em carta coletiva, os bispos belgas fecharam as portas à proibição de dar a comunhão aos divorciados recasados, e as abriram àqueles que se encaixam no esquema da Amoris laetitia ([lix]).
Em julho, o presidente da Pontifícia Academia de Ciências, Dom Marcelo Sánchez Sorondo, comemorou exultante o “momento mágico” em que “pela primeira vez o magistério do Papa é paralelo ao magistério da ONU”, organismo agnóstico que promove a demolição da família, os crimes de Estado contra a vida, a Ideologia de Gênero, e visa à criação de uma ordem mundial diametralmente oposta à civilização cristã ([lx]).

“Casamento” homossexual disfarçado

A aplicação da Amoris laetitia redundou até em dar Comunhão em clima de “acolhida” aos casais Retrospectivasodomitas. Segundo o cardeal Schönborn, Arcebispo de Viena, as “segundas uniões, os divórcios, as uniões de pessoas do mesmo sexo, todas fazem parte de uma nova narrativa da família” ([lxi]). E o programa do “Encontro Mundial das Famílias”, marcado para 2018 em Dublin sobre a Amoris laetitia, incluiu “explícita promoção do relacionamento homossexual como forma de família” ([lxii]).
A Irlanda, um dos países mais católicos do mundo, elegeu em junho um primeiro-ministro homossexual. Influenciada pelo “quem sou eu para julgar?”, ela já havia sido pioneira nessa matéria ao reconhecer, em plebiscito, o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo ([lxiii]).
Em março, o Papa Francisco recebeu em visita oficial o “marido” do primeiro-ministro do Luxemburgo. Outrora, os Papas jamais recebiam um casal mal constituído ou de divorciados, mas hoje nem a etiqueta diplomática impede o mau exemplo “mais subversivo que uma guerra mundial” ([lxiv]).
Ficou sem esclarecimento imediato a incursão da Gendarmeria Vaticana numa orgia homossexual à base de drogas e com a participação de eclesiásticos, num apartamento do Palácio do antigo Santo Ofício emprestado a um cardeal ([lxv]). O escândalo reforçou as suspeitas de que as atitudes do Vaticano favoráveis aos homossexuais obedeçam à ação de um forte lobby desse pecado instalado dentro dos muros sagrados ([lxvi]).
Enquanto a homossexualidade grassa em todos os ambientes, inclusive nos católicos, a Santa Sé nomeia para Consultor de Comunicações o Pe. James Martin S.J. [foto acima], proeminente apologista da agenda LGBT. ([lxvii]) Navegando nas mesmas águas, a Universidade Católica Notre Dame, (EUA) concedeu sua mais alta honraria — a Medalha Laetare — ao sacerdote Gregory Boyle, que dissente da Igreja, entre outras coisas, nas questões do “casamento” homossexual e da ordenação de mulheres ([lxviii]).
No dia da festa de São João Batista, martirizado por increpar a imoralidade do rei Herodes, o Bispo de Brabante (Holanda) acolheu a parada LGBT em sua catedral para um “serviço ecumênico” ([lxix]). Em Stuttgart, a parada homossexual de julho teve a adesão da Juventude Católica, que imprimiu um opúsculo-guia para estimular a participação no desfile ([lxx]). Em junho, a Universidade Católica do Peru aprovou a “Reforma Trans”, pela qual os transexuais podem usar o toalete de sua preferência, e também deu normas para “sensibilizar” todos os professores, estudantes e funcionários em matéria de Ideologia de Gênero ([lxxi]).
Durante a encomenda do corpo de Dom Jean-Marie Benoît Bala, Bispo de Bafia (Camarões), assassinado, o Administrador Apostólico da diocese denunciou que o crime foi encomendado por homossexuais instalados na Igreja e no clero. Órgãos internacionais eclesiásticos e civis agiram para apagar a denúncia ([lxxii]). Em agosto, pela primeira vez na História, um grupo de “peregrinos homossexuais e lésbicas católicos” estenderam grande faixa durante o Angelus na Praça de São Pedro. Um casal sodomita brasileiro festejou: “É um grande progresso para uma instituição que durante a Inquisição queimava os homossexuais” ([lxxiii]).

Filhos imploram o pão da clareza e recebem pedra([lxxiv])

Multiplicaram-se as súplicas ao Sumo Pontífice para que restituísse a clareza do ensinamento católico sobre a Eucaristia, a família e a “moral de situação”. À primeira Filial Súplica, subscrita por mais de 800 mil católicos do mundo inteiro, somou-se a denúncia na qual 45 teólogos e professores apontam as heresias e os crimes canônicos contidos na Amoris laetitia ([lxxv]). Os quatro cardeais que apresentaram cinco Dubia ao Papa, em 2016, não obtiveram resposta, e solicitaram em abril uma audiência ao Pontífice, mas o silêncio continuou pétreo e inexplicável ([lxxvi]).
ChinaO cardeal Joseph Zen, Arcebispo emérito de Hong- Kong [foto], também apoiou a iniciativa dos Dubia ([lxxvii]). Em fevereiro, a International Confraternities of Catholic Clergy, que reúne milhares de sacerdotes de língua inglesa, pediu ao Papa “uma interpretação com autoridade” da Amoris laetitia consoante com a doutrina e a pastoral imemorial da Igreja. Os sacerdotes concordaram com os Dubia ([lxxviii]). Na Casa Santa Marta, o Papa Francisco condenou em maio os católicos “fanáticos” pela clareza ([lxxix]), mas não respondeu a nenhum dos pedidos.
Em agosto, 40 clérigos e acadêmicos católicos entregaram ao Papa Francisco a “Correção filial da propagação das heresias” ([lxxx]), na qual apontam sete erros contra a Fé contidos na Amoris laetitia. Essas sete heresias também foram ensinadas com “palavras, fatos e omissões de Vossa Santidade” — afirma o documento, que até novembro obteve a adesão de 250 signatários ([lxxxi]).
Em julho, o Papa Francisco removeu da Congregação para a Doutrina da Fé o cardeal Gerhard Müller, acusado sotto voce de discordar da Amoris laetitia ([lxxxii]). Dom Frederick Henry, Bispo de Calgary, Canadá, foi constrangido a renunciar por ser contrário à política pró-LGBT nas escolas públicas ([lxxxiii]). O Arcebispo de Bruxelas, Dom Jozef De Kesel, baniu a Fraternidade dos Santos Apóstolos, que se distinguia pela vida monacal tradicional e atraía muitas vocações ([lxxxiv]).
Os monges beneditinos de Núrcia (Itália) foram impedidos pelo bispo de reconstruir a basílica sobre o túmulo de São Bento, Patriarca da Europa, derrubada por um terremoto ([lxxxv]). Ainda em fevereiro, mais um decreto da Santa Sé obrigou os Franciscanos da Imaculada “monitorados há quatro anos” a entregar as propriedades que usufruem, mas que pertencem a sociedades de leigos, segundo sentença definitiva da Justiça civil. O gesto foi tido como violento, totalitário e até “soviético” ([lxxxvi]). Nos mesmos dias, mais de 200 religiosas da Associação privada Lumen Dei recorreram à Justiça civil espanhola para salvar seu patrimônio que estava sendo vendido pelo Arcebispo de Oviedo e pelo Bispo de Cuenca, designados pela Santa Sé para “monitorar” uma minúscula associação de nome parecido ([lxxxvii]).
Por fim, a exigência papal de renúncia do Grão-Mestre da Ordem de Malta ([lxxxviii]) instalou uma “grande desordem sob o céu”, escreveu o vaticanista Sandro Magister ([lxxxix]). Eclesiásticos de alta patente e do baixo clero se queixaram insistentemente da “atmosfera de intimidação e medo” proveniente de Santa Marta. Tornou-se lugar comum que em Roma: “está em curso uma ‘guerra’ feita pelo ‘espírito do Vaticano II’ contra os católicos ortodoxos” ([xc]).

Vaticano, “ninho de inimigos da Igreja?” ([xci])

O conjunto de cientistas e acadêmicos católicos reunidos na Pontifícia Academia pela Vida foi substituído por defensores do aborto e dos anticoncepcionais ([xcii]). O órgão foi apelidado de “Pontifícia Academia da Morte”, por sua “sistemática obra de demolição” ([xciii]). Quando a Justiça britânica proibiu auxílios extraordinários ao bebê Charlie Gard — cujos pais haviam angariado recursos para uma tentativa derradeira nos EUA —, Dom Vicente Paglia, presidente da Academia da Vida, emitiu um comunicado qualificado unanimemente de “covarde” ([xciv]). Em novembro, tal Academia convidou para falar no congresso o presidente da Planned Parenthood suíça e o presidente da Real Sociedade Médica, que é favorável à eutanásia ([xcv]). O filósofo austríaco Josef Seifert, após ter sido expulso dessa Academia, foi também demitido do cargo de professor do Seminário de Granada, por ter enviado uma carta privada ao Papa Francisco — aliás, nunca respondida. O professor defendia que a Amoris laetitia é portadora de uma “bomba atômica teológico-moral” que poderá derrubar todo o ensinamento moral da Igreja. “Essas ‘falsíssimas doutrinas’ conduzirão muitas almas ao inferno”, muitos sacerdotes serão obrigados a administrar sacrilegamente os sacramentos ([xcvi]). Para o Prof. Claudio Pierantoni, da Universidade do Chile, o caso do Prof. Seifert é o “inicio da perseguição oficial da boa ortodoxia na Igreja” e traz à luz um “cisma de fato”, aberto por graves erros incluídos num documento papal ([xcvii]).
Para o American Spectator, sob o Papa Francisco “a nova ortodoxia é a heterodoxia, e ai daqueles que não acertarem o passo”. “Incontáveis organizações católicas […] promovem a heresia e o escândalo […], mas recebem louvores [do Pontífice]; e, pelo contrário, os conservadores caem sob seu olhar fulminante”. Mencionou a ambiguidade papal sobre o uso dos preservativos, a crítica das mães católicas que geram filhos “como coelhos”, e o convite feito a Paul Ehrlich — o extremista da limitação da natalidade para “salvar o planeta” — para falar no Vaticano sobre a “extinção biológica” ([xcviii]).
Para Michael Hichborn, presidente do Lepanto Institute, ativistas pró-aborto colocaram uma cabeça de ponte na Igreja Católica com o pretexto de salvar o meio ambiente. E dali “trabalham ativamente para minar e subverter a Igreja e seus ensinamentos”, num “ataque sem precedentes” ([xcix]). “É impensável o que está acontecendo na Igreja” — comentou John-Henry Westen, editor-chefe de LifeSiteNews, diante da promoção pelo Vaticano da International Population Conference, a qual reuniu os piores promotores do controle populacional, que alegam falsos mitos ecológicos e pedem um “governo mundial” para punir os países que não cerceiam os nascimentos ([c]).
O organizador, Dom Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências, acusou o presidente Trump de atitudes “contra a ciência” que beneficiam “os grandes capitais”, e elogiou a China comunista pelo fato de “colaborar muito” com o ambientalismo quando apela para uma lógica de luta de classes ([ci]). Civiltà Cattolica, a maior revista jesuíta do mundo, ofendeu católicos e evangélicos conservadores que deram a vitória a Donald Trump, acusando-os de praticar um “ecumenismo do ódio”.
O Arcebispo de Filadélfia se espantou pela invectiva desse órgão tão afim a um Papa que fala em construir pontes ([cii]). Em outubro, em face das atuais ameaças dos inimigos radicais da vida que agem para minar e subverter a Igreja, Dom Athanasius Schneider, Bispo-auxiliar de Astana, no Cazaquistão, disse que os católicos devem se predispor ao martírio. ([ciii]).

Incremento da blasfêmia, o sacrilégio e o satanismo

No Carnaval das Ilhas Canárias, um transexual realizou uma paródia de Cristo descendo da cruz, diante de um público ébrio de deboche anticristão. O bispo local, Dom Francisco Cases, culpou o relativismo moral resumido no slogan libertino e blasfemo “sem Deus, nada é verdade, vale tudo”([civ]).
Nesse ambiente relativista universal, a imagem de Nossa Senhora Aparecida [foto] foi conduzida num desfile de carnaval no sambódromo de São Paulo, em um ambiente de vulgaridade, obscenidade e Retrospectoneopaganismo materialista, com a bênção de altos membros da Hierarquia católica ([cv]). O clamor dos fiéis feridos não foi ouvido pelos eclesiásticos e o padre Reginaldo Manzotti cantou o início do samba oficial do evento ([cvi]).
O Cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, o reitor do Santuário Nacional de Aparecida e uma dezena de clérigos foram colocar uma imagem da Padroeira do Brasil aos pés de um imenso ídolo de Buda, ao qual queimaram incenso em gesto ecumênico no templo Zulai, em Cotia (SP) ([cvii]).
Na Catedral de Ceuta (Espanha), santuário da Padroeira da África, foi exposto solenemente à adoração o deus hinduísta Ganesh. O bispo julgou “negativo” o fato, mas depois se retratou, após os pagãos recorrerem ao Papa Francisco ([cviii]). A diocese católica de Hallam, na Inglaterra, encorajou os fiéis a visitar santuários pagãos, honrar suas imagens e comer alimentos “abençoados” em espírito de “ecumenismo” e “diálogo”. Uma afronta aos mártires — comentou o presidente do Lepanto Institute ([cix]).
O Superior Geral da Companhia de Jesus, Pe. Arturo Sosa, foi fotografado no Cambodge participando de uma “oração inter-religiosa” com monges budistas. E o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho da Cultura, participou na Argentina de uma dança indígena da divindade panteísta e satânica “Pachamama” — de um de cujos “sacerdotes” alguns bispos chilenos pediram a “bênção”, após uma sagração episcopal em 2015. O novo bispo já foi elevado a cardeal ([cx]).
Em outubro, durante um encontro na Universidade Gregoriana, a “celebração eucarística foi apresentada como um ritual na perspectiva tântrica”, ou do budismo tibetano, cuja meditação é feita mediante ato sexual e no qual se utilizam perversões e drogas para a obtenção de “experiências místicas” ([cxi]).

Rumo à desagregação comuno-tribalista

O Papa Francisco convocou para outubro de 2019 um Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia ([cxii]). O presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, cardeal Cláudio Hummes, exortou os bispos da região em nome do Papa a serem “corajosos” e “arriscar” nas propostas ([cxiii]). Por sua vez, o ex-frei Boff, que auxiliou o Papa na redação da encíclica ambientalista Laudato Si’, interpretou essa via “corajosa” como aquela que pede o fim do celibato eclesiástico, a instituição de “diaconisas” a caminho do sacerdócio e uma nova liturgia indígena ([cxiv]). Com efeito, o Papa Francisco insinuou em declaração ao jornal “Die Zeit” a possibilidade de ordenar homens casados em “comunidades isoladas”como na Amazônia ([cxv]).
Reunidos em Puebla, 45 Teólogos da Libertação confirmaram ao Papa Francisco o seu apoio “ao grito da Terra e ao grito das vítimas do sistema”. E lhe pediram que continuasse a animar “as lutas pela ecologia, pelos índios e pelos afrodescendentes” ([cxvi]).
Foi também recebida na audiência geral do Pontífice a Coordenação Mapuche, que com pretextos ecológicos, anticolonialistas e indigenistas pratica atentados com derramamento de sangue contra governos, multinacionais e grandes proprietários ([cxvii]). Em novembro, a morte de um guerrilheiro mapuche num combate armado na Argentina levantou uma ponta do véu sobre a “igreja panamazônica”. Também na Patagônia, militantes indígenas com apoio eclesiástico reclamam uma “área mística” — que obedece a uma obscura divindade — em territórios do Chile e da Argentina ([cxviii]).

Continuadores de Lutero?

O Papa Francisco nomeou um pastor protestante argentino para editor da versão espanhola de “L’Osservatore Romano” ([cxix]). O cardeal Kurt Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, louvou a emissão de um selo postal vaticano comemorativo dos 500 anos da revolta de Lutero, que se estivesse vivo teria reconhecido o Vaticano II como “seu próprio Concílio”([cxx]).
A “bispa” luterana Katherine Finegan foi empossada por sua seita na catedral católica de Marquette, Michigan (EUA), cujo bispo, Dom John Doerfler, elogiou o “espírito do Vaticano II” ([cxxi]). Por sua vez, um pastor evangélico pentecostal presidiu a celebração de exéquias na basílica do Santíssimo Crucifixo da cidade de Como, Itália ([cxxii]).
Em junho, em comemoração pelos 500 anos da sublevação herética de Lutero, celebrou-se pela primeira vez na Espanha a liturgia luterano-católica, com a presença do cardeal Ricardo Blázquez, presidente da Conferência Episcopal ([cxxiii]). Em Turim, sob o pretexto de “hospitalidade eucarística”, iniciou-se a “experiência” de uma “missa ecumênica”, na qual todos os hereges e cismáticos presentes comungam ([cxxiv]).
Na comemoração do quinto centenário da revolta de Lutero em Wittenberg, o ícone central foi um deteriorado barco de refugiados que partiu de Bengazi, na Líbia. Ele seria o símbolo do ecumenismo católico-protestante voltado contra seus piores inimigos: os europeus, que não querem perder as suas raízes cristãs. “As certezas ideológicas foram rompidas” ([cxxv]), comentou Benjamin Hasselhorn, curador das exposições.
Sintomaticamente, em Wittenberg apenas 6% dos luteranos dão importância à sua seita e menos de 2% participam de seus cultos. Na cidade natal de Lutero, Eisleben, os três templos se encontram tão vazios que num deles não há mais cultos, enquanto nos demais os adeptos não passam de 30 pessoas. A comemoração da revolta do heresiarca é animada quase só pelo “progressismo” católico sem eco nos fiéis ([cxxvi]). O despropósito desse ecumenismo foi patenteado por Dom Anders Arborelius, Cardeal de Estocolmo, que reprovou a “partilha” da Comunhão entre católicos e luteranos em liturgias ecumênicas ([cxxvii]).

“O Papa que dividiu a Igreja Católica”

O pontificado do Papa Francisco, que empolgou “progressistas”, grupos de esquerda e anticatólicos, continuou a ser ovacionado pela imprensa. Mas o próprio Papa percebeu que está sendo abandonado por um número cada vez maior de seguidores. Na véspera do Natal, ele disse que poderia “entrar para a história como o Papa que dividiu a Igreja Católica”, enquanto a Rádio Vaticana gracejava, comparando-o a Lutero ([cxxviii]).
RetrospectoDom Donald Wuerl, Cardeal-arcebispo de Washington, defendeu a tese de que o Papa está mudando o próprio papado “e reformulando completamente a função dos bispos” em conexão com o Concílio Vaticano II. As palavras-talismãs dessa revolução são “colegialidade” e “sinodalidade” ([cxxix]). O economista Jeffrey Sachs [foto], um dos maiores pregadores do imoral controle da fecundidade dos carentes para eliminar a pobreza, louvou a encíclica Laudato Si e o Papa Francisco como “o líder moral mais importante da humanidade” ([cxxx]).
Em outubro, o Papa Francisco afastou a ideia da imutabilidade da religião e da moral, porque ambas devem estar sempre “progredindo” ([cxxxi]). E o Pe. Spadaro S.J. glosou: “o Papa percebe que agora não se pode falar de uma norma que está por cima de tudo” ([cxxxii]). Falando do “sacerdócio feminino”, o Geral da Companhia de Jesus, Pe. Arturo Sosa, defendeu a orientação do atual pontificado no sentido de que “a Igreja do futuro precisará ter uma hierarquia diferente”, que incluiria “companheiros homossexuais”([cxxxiii]). “Quem sou eu para julgar?” foi o “argumento” usado pelo cardeal Gérald Lacroix, Arcebispo-primaz do Canadá, para liberar as exéquias católicas aos que se suicidam por meio da eutanásia ([cxxxiv]). Na Bélgica, os Irmãos da Caridade praticam a eutanásia em doentes mentais e tratam as advertências da Santa Sé como jogos verbais de um intérmino “diálogo” ([cxxxv]).

Vazio em torno do Papa Francisco

Para o vaticanista Sandro Magister, até entre os bispos da América Latina cresce o desamor pelo Papa RetrospectoBergoglio. Na Colômbia, muitos bispos discordaram do apoio vaticano ao “sim” no referendo pelos acordos com as guerrilhas das FARC [foto]. Na Bolívia, os bispos desaprovam seu relacionamento ostensivamente amigável com o presidente socialista e “cocaleiro” Evo Morales. Na Venezuela, o episcopado está magoado, pois Maduro faz ostensivo uso de sua amizade com o Papa para afundar o país no comunismo e na miséria ([cxxxvi]).
Por ocasião da visita do Papa à Colômbia, sacerdotes católicos e “muitíssimos grupos de oração” do país lamentaram que suas declarações sobre a homossexualidade e a família tinham ferido o magistério da Igreja. “Se um homossexual vem se confessar e eu lhe digo que está em pecado, ele responde: o Papa disse que não, quem é o senhor para me julgar?”, explicou um padre ([cxxxvii]).
Datafolha computou que de outubro de 2014 a dezembro de 2016 o catolicismo perdeu ao menos 9 milhões de fiéis no Brasil, ou 6% dos maiores de 16 anos. Na passagem de ano, apenas 50% dos brasileiros se declaravam católicos. Segundo o Instituto Pew, as apostasias foram determinadas pelo desejo de uma maior conexão com Deus (77%) e pela recusa do estilo de culto da nova igreja (68%) ([cxxxviii]). O secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, desinteressou-se desses espantosos resultados, pois, segundo ele, a CNBB não se interessa em “recuperar” as ovelhas perdidas, mas sim em promover a “justiça social”. O filósofo Luís Felipe Pondé expôs o mesmo em outros termos: “A Igreja se aproximou do marxismo, mas se afastou da dona de casa” ([cxxxix]).
Cifras impressionantes vieram a público em julho, de parte da Conferência Episcopal alemã: em 2016, 162.093 fiéis apostataram da Igreja — aumento de 10% em relação a 2015. As primeiras comunhões caíram de 178.746 em 2015 para 176.297 em 2016; as crismas, de 154.261 em 2015 para 149.796 em 2016. E dos 13.856 sacerdotes existentes, apenas 8.786 estavam em serviço ativo devido à elevada média de idade. Só 10,2% dos católicos assistem regularmente à missa ([cxl]). Dom Rudolf Voderholzer, Bispo de Regensburg, exclamou: “Cessemos de protestantizar a Igreja antes que ela se esvazie como a dos luteranos!”
Ele lembrou que as propostas episcopais com vistas a “solucionar” a crise apontam para a abolição do celibato eclesiástico; para instalação da igualdade entre homens e mulheres, incluindo o sacerdócio feminino; para o “casamento” entre homossexuais e lésbicas; para a comunhão a qualquer um. “Mas tudo isso já foi feito pelos luteranos e as estatísticas deles são piores que a dos católicos!” ([cxli]).
Na Espanha, há 10 anos que vem sendo fechado um mosteiro por mês: os femininos caíram de 864 para 779, os masculinos de 38 para 35. Dos existentes, dois terços definham sem vocações ([cxlii]). Em Québec, província canadense e uma das regiões mais católicas do mundo, a Igreja fechou 72 templos em 2014; as paróquias caíram de 257 em 1966 para 169 em 2013; os sacerdotes, que em 1966 somavam 8.800 em todo o país, agora são apenas 2.600, além de serem muito idosos; a Missa, outrora assistida por 90% dos católicos, hoje é frequentada apenas por 4% deles.
“O cristianismo hoje é uma religião em via de extinção”, enquanto o islamismo progride velozmente ([cxliii]). Fato sintomático: na igreja de Santo Erasmo, em Veneza, o pároco afixou um cartaz na porta dizendo que “a missa tinha sido suspensa por falta de fiéis” ([cxliv]). Respondendo a essas tendências, o Papa Francisco pregou durante uma missa no hotel Santa Marta, que “é melhor ser ateu do que católico hipócrita” ([cxlv]).

Fátima e Aparecida negligenciadas em seus centenários

Em Fátima, no centenário das aparições, o Papa Francisco repeliu — contrariamente ao acenado por Nossa Senhora em 1917 —, a noção de que o pecado atrai castigos, associando tal noção a uma doentia obsessão por pseudo-revelações catastrofistas. Também desqualificou a devoção a Nossa Senhora de Fátima, vista como uma “santinha” da qual se esperam “graças baratas” ou imaginando-a “detendo o braço justiceiro de Deus”, considerando Jesus Cristo como um “juiz implacável” ([cxlvi]).
Incêndios em PortugalNos meses de junho e outubro, centenas de incêndios inexplicáveis queimaram florestas nas proximidades de Fátima [foto], causando pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos. “Foi uma coisa que parecia o diabo”, disse um dos moradores ([cxlvii]). O Pe. Alfonso Gálvez escreveu que existe uma relação entre os terríveis incêndios e o desvirtuamento ocorrido com a mensagem de Fátima, que incluiu cultos pagãos e ostentação de bandeiras LGBT no santuário ([cxlviii]).
Dom Salvatore Cordileone, Arcebispo de San Francisco, nos EUA, fez um balanço do século pós-Fátima, afirmando que “em muitas frentes se zombou de Deus” e hoje nós vemos “um espelho vivo do inferno” com guerras mundiais, campos de extermínio, numerosos genocídios — incluindo o aborto e a eutanásia —, provocadoras passeatas LGBT e perseguições anticristãs. “Deus é ridicularizado em nossas ruas, esses burlescos são recebidos com aprovação e aplauso em nossa comunidade, e ainda assim permanecemos em silêncio. Mas de Deus não se zomba” ([cxlix]).
Em outubro, cerca de um milhão de poloneses marcharam até as fronteiras de seu país a fim de rezar um terço do Rosário pedindo a Nossa Senhora para afastar o perigo muçulmano, do laicismo e das apostasias. O simbólico ato ocorreu na festa de Nossa Senhora das Vitórias — quando se comemora o sucesso das armas cristãs na batalha naval de Lepanto contra o Império Otomano — e contou a adesão de 320 paróquias de 22 dioceses. Esse “Rosário das Fronteiras” lembrou especialmente o centenário das aparições de Fátima ([cl]). Mas o bispo emérito Dom Tadeusz Pieronek, promotor das tendências do atual pontificado, invectivou a Conferência episcopal, afirmando que “os bispos poloneses se engajaram numa estrada perigosa”. Seu argumento foi de que se estava usando o terço como “uma arma ideológica a serviço da propaganda do governo” para recusar a entrada de imigrantes como se todos eles fossem bandidos, desrespeitando a vontade do Santo Padre ([cli]).

“Uma Igreja despedaçada”

Em resposta a uma pesquisa realizada pelo jornal “Il Tempo”, os italianos manifestaram seu desgosto com o pontificado do Papa argentino, dizendo que ele faz “muita política e pouca religião”, que “está andando fora do caminho”, que “não estou de acordo com o modo de guiar a Igreja Católica”, e até o lancinante dito “caro Papa, assim me fazeis afastar da Igreja”. A imensa maioria estava espantada com o estímulo dado pelo Pontífice à penetração islâmica e às desordens sociais, às violências e aos crimes dela derivados ([clii]).
Marcello Pera, ex-presidente do Senado italiano, condensou a opinião geral sobre a “acolhida” pontifícia à imigração: “Não o entendo. […] O Papa faz isso porque detesta o Ocidente, aspira destruí-lo e faz de tudo para atingir essa meta. Não há motivos racionais, nem mesmo evangélicos que expliquem o que ele diz” ([cliii]). Segundo explicou o escritor Laurent Dandrieu, o Papa Francisco inverte os princípios com efeitos desastrosos. Ele favorece a segurança pessoal esquecendo que essa não existirá se as nações ocidentais caírem na anarquia por efeito de uma imigração descontrolada e inassimilável ([cliv]).
RetrospectivaEm fevereiro, o centro de Roma amanheceu coberto de cartazes com uma foto do Pontífice e os dizeres: “Francisco, tens monitorado Congregações, removido sacerdotes, decapitado a Ordem de Malta e os Franciscanos da Imaculada, ignorado cardeais. Onde está a tua misericórdia?” ([clv][foto]. O alarme expresso nos cartazes tem relação com “a resistência surda e obstinada”, com a insatisfação de uma “frente do silêncio”eclesiástica em relação ao Pontífice, a qual envolve “amplos setores dos episcopados” que não adotaram as novas normas vaticanas ([clvi]).
Segundo Sandro Magister, este pontificado desenhou a “geografia de uma Igreja despedaçada”, onde dioceses, Ordens religiosas, episcopados e continentes divergem em pontos essenciais do dogma, como os Sacramentos ([clvii]). Para o escritor Vittorio Messori, o Papa Francisco está transformando a Igreja numa “sociedade líquida” à mercê da incerteza e da mudança, onde tudo é instável e mutável ([clviii]). Em outubro, através do Motu Proprio “Magnum Principium”, o Papa Francisco deu às conferências episcopais a última palavra na tradução da Missa. O cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregacao para o Culto Divino, escreveu afirmando que os bispos não têm esse poder, apesar do Motu Proprio. O Papa desmentiu sarcasticamente o cardeal. Por sua vez, o cardeal Gerhard Müller explicou que com a nova norma a unidade da Igreja será “destruída” ([clix]).
O cardeal Walter Brandmüller sublinhou a necessidade de o Papa reinante fazer uma profissão de fé como se fazia outrora. “O Papa é a cabeça da Igreja, é seu membro vital, e Ela deve ter certeza de que ele preserva a fé autêntica”, acrescentou ([clx]). Raymond Arroyo, diretor da EWTN, registrou “a sensação de cisma”; algo que já houve na História, mas que agora não se sabe de que lado está o Papa, nem qual é o lado correto ([clxi]). E um livro surpreendente colocou um fecho no ano de 2017: “O Papa ditador”. Ele foi publicado há pouco, depois dos Cardeais Brandmüller, Burke e Müller vislumbrarem a possibilidade de se abrir um cisma na Igreja ([clxii]).

2018: grandes estouros, reações e triunfo final da Igreja?

No centenário de Fátima a Igreja Católica vive uma crise em que o “progressismo” tenta fragmenta-la com cismas e espalhar uma anarquia que desintegre os restos de ordem social. Os fatores de ordem foram sendo triturados num vórtice.
Mas tal fragmentação se operou atropeladamente. Na pressa aloucada da Igreja Nova se pode auscultar a proximidade de iminente derrota. O descolamento entre os fiéis que perseveram e o clero “progressista” atingiu uma dimensão sem precedentes. O desgaste do socialismo e do comunismo ficou patenteado na queda dos regimes bolivarianos e nas ascensões eleitorais de Trump e de movimentos afins. Esses eventos soaram como toque de finados para o processo revolucionário. O socialismo universal e a “revolução pós-conciliar” descambaram para o abismo. Mas simularam vitalidade e continuarão simulando até caírem exânimes.
2017 patenteou que na Igreja cresce o senso da indestrutibilidade da Nave de Pedro e a saudade pela ordem. E diante do desvario se multiplicam os que bradam de modo categórico “NÃO” ao Apocalipse do caos.
O panorama futuro sugere o seguinte: que a crise na Igreja será escorraçada em virtude da promessa divina de que “as portas do inferno não prevalecerão contra Ela” (Mt, 16, 18). Entretanto, essa vitória provavelmente realizar-se-á por milagre, pois pelos caminhos comuns parece não haver saída. Há também a promessa de Fátima revelada há um século. Ela é bem conhecida e garante a vitória esplendorosa da Igreja, com o triunfo do Imaculado Coração de Maria, e a espetacular e súbita derrocada da Revolução gnóstica e igualitária.

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Notas:
[i]) UOL Notícias, 06.07.2017.
[ii]) Folha de S. Paulo, 22.01.2017.
[iii]) O Estado de S. Paulo, 25.02.2017.
[iv]) O Estado de S. Paulo, 13.08.2017.
[v]) O Globo, 14.08.2017.
[vi]) O Estado de S. Paulo, 3.10.2017.
[vii]) O Globo, 21.11. 2017.
[viii]) O Globo, 13.11.2017.
[ix]) CNN, 09.08.2017.
[x]) Franceinfo, 10.08.2017.
[xi]) O Estado de S. Paulo, 6.06.2017.
[xii]) O Estado de S. Paulo, 18.08.2017.
[xiii]) O Estado de S. Paulo, 1o.11.2017.
[xiv]) Corrispondenza Romana, 16.08.2017.
[xv]) O Estado de S. Paulo, 4.11.2017.
[xvi]) O Globo, 25.09.2017.
[xvii]) El Mundo, 21.11.2017.
[xviii]) Folha de S. Paulo, 16.10.2017.
[xix]) Infocatólica, 14.10.2017.
[xx]) La Nuova Bussola Quotidiana, 26.10.2017.
[xxi]) O Globo, 1o.11.2017.
[xxii]) El País, 25.09.2017.
[xxiii]) O Estado de S. Paulo, 24.10.2017.
[xxiv]) El País, 25.09.2016.
[xxv]) Folha de S. Paulo 06.10.2017.
[xxvi]) El Mundo, 06.10.2017.
[xxvii]) El Mundo, 30.06.2017.
[xxviii]) El Mundo, 08.05.2017.
[xxix]) O Globo, 16.08.2017.
[xxx]) O Estado de S. Paulo, 30.10.2017.
[xxxi]) Folha de S. Paulo, 31.10.2017.
[xxxii]) La Nuova Bussola Quotidiana, 27.04.2017.
[xxxiii]) Clarín, 04.08.2017.
[xxxiv]) El Dínamo, 03.05.2017.
[xxxv]) EFE, 12.03.2017.
[xxxvi]) Infocatólica, 05.09.2017.
[xxxvii]) Life Site, 01.09.2017.
[xxxviii]) Urgente24, 01.05.2017.
[xxxix]) O Estado de S. Paulo, 25.10.2017.
[xl]) O Globo, 2.11.2017.
[xli]) Reinformation.tv, 20.04.2017.
[xlii]) La Nación, 27.08.2017.
[xliii]) National Catholic Reporter, 30.08.2017.
[xliv]) Religión Digital, 31.08.2017.
[xlv]) Wall Street Journal, 07.06.2017.
[xlvi]) Life Site News, 14.07.2017.
[xlvii]) Asia News, 19.10.2017.
[xlviii]) Infocatólica, 30.10.2017.
[xlix]) Stilum curiae, 05.01.2017.
[l]) Infocatólica, 16.08.2017.
[li]) Stilum Curiae, 09.06.2017.
[lii]) Life Site, 23.02.2017.
[liii]) La Fede Quotidiana, 19.11.2017.
[liv]) Vatican Insider, 14.01.2017.
[lv]) National Catholic Register, 20.02.2017.
[lvi]) AGI, 27.01.2017.
[lvii]) Repubblica.it, 08.04.2017.
[lviii]) National Catholic Register, 01.03.2017.
[lix]) InfoCatólica, 31.05.2017.
[lx]) La Gaceta, 20.07.2017.
[lxi]) Secretum meum mihi, 12.07.2017.
[lxii]) Life Site, 17.10.2017 e Irish Independent, 13.10.2017.
[lxiii]) Folha de S. Paulo, 15.06.2017.
[lxiv]) https://ilpontelevatoiodimassimoviglione.wordpress.com/
[lxv]) IlFattoQuotidiano.it, 28.06.2017.
[lxvi]) Infocatólica, 02.07.2017.
[lxvii]) Life Site News, 12.04.2017.
[lxviii]) Infocatólica, 11.04.2017.
[lxix]) Life Site, 05.06.2017.
[lxx]) Il Timone, 01.08.2017.
[lxxi]) ACI Prensa, 09.06.2017.
[lxxii]) Crux, 05.08.2017.
[lxxiii]) Il Manifesto, 13.08.2017.
[lxxiv]) “Se um filho pede pão, qual o pai que lhe dará uma pedra?” Sã0 Lucas, 11,11.
[lxxv]) Settimo Cielo, 20.06.2017.
[lxxvi]) L’Homme Nouveau, 20.06.2017.
[lxxvii]) Infocatólica, 21.02.2017.
[lxxviii]) National Catholic Register, 01.02.2017.
[lxxix]) L’Osservatore Romano, 20.05.2017 apud Rorate Cæli, 22.05.2017.
[lxxx]http://www.correctiofilialis.org/pt-pt/; Settimo Cielo, 24.09.2017.
[lxxxi]) http://www.correctiofilialis.org/pt-pt/signatarios/.
[lxxxii]) Settimo cielo, 5.07.2017.
[lxxxiii]) Global News, 4.01.2017.
[lxxxiv]) Life Site, 24.02.2017.
[lxxxv]) Life Site News, 26.04.2017.
[lxxxvi]) Stilum Curiae, 02.02.2017.
[lxxxvii]) El Diario, 30.01.2017.
[lxxxviii]) Corrispondenza romana, 25.01.2017.                                  
[lxxxix]) Settimo Cielo, 25.01.2017.
[xc]) Messainlatino.it, 20.12.2016.
[xci]) Radio Spada, 23.11.2017.
[xcii]) La Nuova Bussola Quotidiana, 23.01.2017 e Catholic Herald, 16.06.2017.
[xciii]) La Nuova Bussola Quotidiana, 24-02-2017.
[xciv]) Life News, 30.06.2017.
[xcv]) LifeSiteNews, 18.11.2017.
[xcvi]) InfoCatólica, 10.11.2017.
[xcvii]) Settimo Cielo, 14.09.2017.
[xcviii]) Il Foglio, 27.01.2017.
[xcix]) Life Site News, 18.10.2017.
[c]) Life Site, 19.10.2017.
[ci]) Secretum meum mihi, 15.05.2017.
[cii]) Crux, 28.07.2017.
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[clxi]) InfoCatólica, 19.02.2017.
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