31 de julio de 2016

Choque de Civilizações — a Cruz versus o crescente

Agência Boa Imprensa – ABIM

Choque de Civilizações — a Cruz versus o crescente

Paulo Roberto Campos

Plinio Correa de Oliveira
Batalha de Belgrado. São João de Capistrano incentivando os combatentes católicos durante a batalha em defensa da Civilização Cristã contra a invasão maometana

Há 560 anos uma cruzada culminou com o triunfo da Cruz sobre a meia-lua muçulmana: a vitória de Belgrado. Considerada um dos maiores triunfos da Cristandade, pois conseguiu impedir que o exército otomano invadisse a Europa.


Em 1454 organizou-se a expedição católica contra a invasão dos turcos muçulmanos. Estes, tendo tomado Constantinopla (capital do Império Bizantino) em 1453, almejavam subjugar a Europa cristã a partir da tomada de Belgrado. Seria esta a porta de entrada para os muçulmanos, que planejavam avassaladora marcha de conquista de outras nações católicas até dominarem Roma, onde — diziam eles — substituiriam as cruzes pela meia-lua islâmica e entrariam com seus cavalos nas igrejas da Cidade Eterna.
Batalha de Belgrado. São João de Capistrano incentivando os combatentes católicos durante a batalha em defensa da Civilização Cristã contra a invasão maometana
Janos Hunyadi
Naquela época a Providência suscitou um grande santo e estadista, São João de Capistrano, O.F.M. (1386 – 1456), cognominado O Guerreiro Franciscano de Belgrado. Ele pregou uma cruzada contra os terríveis inimigos da Civilização Cristã e conclamou a formação de um exército católico. Sob o comando do Conde Janos Hunyadi [ao lado, foto de sua estátua], esse pequeno exército que não chegou a 50.000 homens, marchou contra as tropas do poderoso sultão Maomé II. Este contava com forças que atingiam o impressionante número de 400.000 soldados, e já sitiava Belgrado por terra e mar.
Nesse desproporcional entrechoque, São João de Capistrano chefiou pessoalmente uma ala dos cruzados, tão inferiores em número, nos momentos mais árduos da batalha, e os conduziu à vitória, rechaçando os turcos muçulmanos do continente europeu em julho de 1456.
Plinio Corrêa de Oliveira comenta esse glorioso feito da Cristandade em artigo para o nº 15 de Catolicismo,(março/1952). Dele reproduzimos (abaixo) alguns trechos, mas o texto integral encontra-se disponível no link indicado no final.(*)
Antes, porém, merece ser ressaltado que o Prof. Plinio, já no início da década de 50, falava em choque de civilizações. Portanto, muito antes do lançamento do tão propalado livro O Choque de Civilizações, o best seller de Samuel Huntington, que veio a lume em 1996. Com as recentes atentados perpetrados pelo terrorismo islâmico, estamos assistindo a esse mesmo “choque”, denunciado pelo autor do artigo há 64 anos, mas silenciado e escamoteado dos mais diversos modos, especialmente por altos prelados do progressismo católico — paradoxalmente reverenciados como “grandes pacifistas” pela mídia laica e esquerdista…

SÃO JOÃO DE CAPISTRANO

Plinio Corrêa de Oliveira
Revista Catolicismo, Nº 15, março/1952
São João de Capistrano. Sob seus pés o Alcorão e cabeças de mouros
São João de Capistrano. Sob seus pés o Alcorão e cabeças de mouros
São João de Capistrano [quadro ao lado], embora vivendo exclusivamente para a Igreja, seria chamado a prestar-lhe seus serviços em uma esfera mais próxima dos interesses temporais.
A seu tempo, consumou-se a queda do Império Romano do Oriente, tendo sido conquistada a cidade de Constantinopla em 1453, por Maomé II [quadro abaixo à direita]. O islamismo representava naquele tempo, para a Cristandade, perigo semelhante ao do comunismo em nossos dias [1952]. Inimigo da Fé, visava exterminá-la da face da Terra. A seu serviço, tinha as riquezas, as armas, o poderio de um dos mais vastos impérios da História, qual era àquele tempo o dos turcos. A luta entre os muçulmanos vindos do Oriente, e os cristãos do Ocidente, não era apenas um choque entre dois povos, mas entre duas civilizações; mais do que isto, entre duas religiões.
Com a queda de Constantinopla, abriam-se para os turcos os caminhos da Europa ocidental. Maomé II não se deteve após a brilhantíssima vitória que alcançou em Constantinopla. Prosseguiu pelos Balkans adentro, visando atingir a Cristandade na Europa central.
Maome II, pintura de Gentile_Bellini
Maomé II, retratado por Gentile Bellini
Ora, os europeus daquela época — parecidos nisto com os homens de nossos dias — preferiam não ver de frente os perigos, não tomar atitude, não lutar. Sensuais, dissolutos, com um fervor religioso muito decadente — preparavam-se já a Renascença e o protestantismo —, pouco se lhes dava do dia de amanhã, e menos ainda a eternidade. Queriam gozar somente o momento presente.

Diplomata

Como galvanizar contra o formidável poderio do Islã as forças dessa Cristandade decadente?
Tratava-se de agir sobre príncipes e reis, sobre cardeais, bispos e clérigos, sobre fidalgos e sobre letrados, enfim sobre toda a massa da população, despertando as consciências para um perigo real e aplainando as vias para uma geral colaboração no interesse da Igreja e da Civilização Cristã ameaçadas. Assim, tornar-se-ia por fim possível lançar contra Maomé II uma cruzada.
Calisto III
Papa Calixto III
Para esse trabalho titânico, o Papa Calixto III [quadro ao lado] e o Imperador lançaram os olhos sobre São João de Capistrano, que já exercera com brilho as funções de Núncio Apostólico, a pedido do próprio Imperador.
Sempre recolhido, sempre devoto, sempre contemplativo, São João de Capistrano lançou-se de cheio na tarefa. Participou ele assim em 1454 da Dieta [Assembleia] de Frankfurt, em que o Sacro Império Romano Alemão tomou a Cruz para repelir os turcos. Sua ação diplomática foi decisiva para obter a coligação dos príncipes cristãos, divididos entre si por questões temporais de toda ordem.




Guerreiro

O comando da expedição foi confiado a um nobre húngaro que se tornara ilustre em lutas anteriores, e que mais tarde adquiriu imortalidade na luta conta os turcos. Hunyady, auxiliado por São João de Capistrano, caminhou com as tropas cristãs em direção aos infiéis. O encontro decisivo deu-se na altura de Belgrado. Faltando a Hunyady quem capitaneasse a ala esquerda de seu exército, disto se encarregou São João de Capistrano, que se houve com raro acerto e vigor. Quando terminou a batalha, jaziam no campo mais de cem mil guerreiros muçulmanos, e Maomé II estava em fuga. A Igreja conquistara admirável triunfo, a investida turca estava rechaçada.
São João de Capistrano durante a batalha, portando um crucifixo, animava o exército católico. Com a vitória do exército católica se evitou a invasão das forças maometanas. 40 mil turcos foram mortos.
São João de Capistrano durante a batalha animava o exército dos católicos. Com a vitória da Cristandade se evitou a invasão das forças maometanas. 40 mil turcos foram mortos.
Humanamente falando, que homem foi em seu século maior do que São João de Capistrano? Santo, orador, estadista, diplomata, Geral de uma Ordem Religiosa importantíssima, e por fim guerreiro, foi exímio em tudo. E o segredo de sua grandeza está precisamente na santidade, no auxílio da graça que lhe permitiu vencer os defeitos da sua natureza e aproveitar admiravelmente todos os dons sobrenaturais e naturais que Deus lhe dera.
Pode haver algo mais diferente do ‘carola’?
Não é bem verdade que muita gente teria mais desejo de ser ardentemente católica se compreendesse que a Igreja não forma ‘carolas’, mas homens no esplendor da natureza elevada e dignificada pela graça?

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