11 de agosto de 2013

Ultraortodoxos em Israel reagem a alistamento obrigatório com agressões a jovens recrutas

Ultraortodoxos em Israel reagem a alistamento obrigatório com agressões a jovens recrutas

DANIELA KRESCH (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
ESPECIAL PARA O GLOBO (FACEBOOK·TWITTER)
Publicado:
Atualizado:

Ultraortodoxo passa por uma propaganda contra o alistamento militar
Foto: Ahmad Gharabli / AFP/15-7-2013
Ultraortodoxo passa por uma propaganda contra o alistamento militar Ahmad Gharabli / AFP/15-7-2013
TEL AVIV - Um jovem ultraortodoxo de 18 anos andava pelas ruas do bairro Mea Shearim, em Jerusalém quando foi atacado por moradores. Ia apenas visitar um tio naquele que é um dos mais tradicionais bastiões da ortodoxia na região central da cidade. O motivo do linchamento foi a roupa: ele usava um uniforme militar. O ataque começou com xingamentos, mas descambou para a violência física. A vítima só foi resgatada após a chegada da polícia. Para os agressores, ele traiu valores religiosos ao aceitar se alistar no Exército de Israel. Outros dois recrutas ultraortodoxos foram atacados nas 48 horas seguintes. E as tentativas de linchamento trouxeram à tona uma profunda divisão interna em Israel entre religiosos e laicos quanto ao serviço militar obrigatório.
Símbolo máximo de patriotismo e integração nacional, o alistamento é visto pela comunidade ultraortodoxa - ou haredi (temente a Deus) - como uma contradição ao estilo de vida judaico, que prevê regras restritas de alimentação e conduta, como não misturar queijo com carne ou ter contato físico direto com mulheres. Essa população representa cerca de 10% dos israelenses. Muitos vestem os típicos ternos negros, cultivam barbas e peiot, os característicos cachos laterais. Outros optam por usar solidéus negros e as tzitziot (franjas brancas visíveis nos cantos das calças).
Nos últimos meses, foram registrados mais de 80 ataques físicos ou verbais contra soldados ultraortodoxos, parte de uma campanha dos mais fundamentalistas. Além de passeatas que reúnem milhares, há cartazes nos quais os soldados são mostrados como ogros gigantes que tentam destruir a cultura religiosa.
Preocupado com a violência, o presidente Shimon Peres encontrou-se com algumas vítimas.
- Peço aos líderes dos haredim que se orgulhem de seus soldados assim como eu - disse.
Outros políticos condenaram os ataques, bem como a maioria dos líderes religiosos. Mas a campanha contra o serviço militar ganhou força com a aprovação de um projeto de lei no Parlamento que limita a dispensa de jovens haredim do serviço militar, hoje ilimitada. O projeto determina que, a partir de 2017, a grande maioria dos 8 mil ultraortodoxos que completam 18 anos anualmente será convocada para o Exército juntamente com o resto dos jovens do país - e provocou protesto entre os parlamentares ultraortodoxos.
3.400 religiosos em batalhões
Há cinco anos, só 300 haredim se alistavam. Hoje, 3.400 servem no Exército em batalhões específicos: a comida segue à risca a dieta judaica, não há plantões no Shabat (o sábado) ou em dias santos e não há mulheres nos alojamentos. Eles também podem estudar a Torá (o Velho testamento) diariamente, além de disciplinas como Matemática e Inglês, que não aprendem na escola.
Para o capitão Yaakov Libman, de 30 anos, chefe do Departamento de Multimídia da Base de Treinamento 7, em Rishon LeTzion, a obrigatoriedade é o que incomoda. Ele acredita que o projeto de lei só atrapalha o processo natural do alistamento de religiosos, que está em alta.
- Se continuasse assim, sem ser obrigatório, poderíamos chegar a 20 mil alistamentos por ano em 2023. O projeto faz com que os ultraortodoxos se rebelem e dá legitimidade aos fundamentalistas, condenados pela maioria - avalia.
Morador de uma das colônias mais ultraortodoxas do país, Beitar Ilit, Libman conta que, quando se alistou, era parado por crianças nas ruas, curiosas quanto à vida militar. Hoje, porém, ele enfrenta olhares enviesados.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/ultraortodoxos-em-israel-reagem-alistamento-obrigatorio-com-agressoes-jovens-recrutas-9412907#ixzz2bhmLmbIj 
© 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização. 

No hay comentarios: