3 de marzo de 2017

Explosivo – Antonio Socci: Cardeais da Cúria que elegeram Francisco querem convencê-lo a renunciar.


Explosivo – Antonio Socci: Cardeais da Cúria que elegeram Francisco querem convencê-lo a renunciar.
Estamos à beira do abismo. E há quem pense (depois de o terem eleito) em substituir o Papa demolidor. Eis aqui com qual cardeal!

Por Antonio Socci, Libero, 28 de fevereiro de 2017 | Tradução: FratresInUnum.com: Dias atrás, o Der Spiegel reportava as palavras do Papa Bergoglio a alguns de seus fidelíssimos assessores: “É possível que eu entre para a história como aquele que dividiu a Igreja Católica“. E é por isso que seu amigo Eugenio Scalfari o considera como o maior “revolucionário”.

20150918cover1800-x-2400Há algum tempo, uma capa da revista Newsweek se perguntava se o Papa é católico ( “É o papa católico?”). E uma outra do Spectator o representava sentado em uma bola de demolição sob o título “Papa vs. Igreja” (o Papa contra a Igreja). Ambas retratavam um sentimento generalizado.

Com efeito, há exatos quatro anos desde a “renúncia” de Bento XVI e da erupção de Bergoglio, a situação da Igreja Católica havia se tornado explosiva, talvez estivesse mesmo no limite de um cisma mais catastrófico do que aquele da época de Lutero (que hoje está reabilitado na igreja bergogliana).

Picaretadas

A confusão é enorme porque ocorrem picaretadas até da parte de seus assessores mais próximos.

Nos últimos dias, até o novo Superior Geral dos Jesuítas (escolhido a dedo pelo próprio Bergoglio) causou incômodo pelo que disse sobre o Evangelho e sobre Jesus. Assim como o novo presidente da Academia Pontifícia para a Vida, nomeado pelo mesmo Bergoglio, que fez uma exaltação incondicional de Marco Pannella chegando a dizer: “Espero que o espírito de Marco nos ajude a viver na mesma direção”.

Na Igreja, está acontecendo de tudo. Os expoentes máximos da ideologia laicista sobre a vida estão sendo convidados com todas as honras para um simpósio no Vaticano, os cardeais que estão pedindo ao Papa para esclarecer ou corrigir os pontos errôneos da Amoris Laetitia são mal tratados. Além disso, estão para instituir as “mulheres diaconisas”, podendo mesmo chegar ao ponto de meterem a mão na liturgia para cunharem uma “missa ecumênica” com os protestantes, o que viria a marcar um ponto de não retorno.

Dias atrás, uma “bispa” protestante do Norte da Europa – com a intenção de fazer-lhe um elogio – declarou que Bergoglio se parece cada vez mais com um criptoprotestante (“verklappter protestant”).

Muitos fiéis Católicos temem que seja verdade. Por causa disso, grande parte dos cardeais que votaram nele estão profundamente preocupados e o partido curial que organizou a sua eleição e que o apoiou até agora, sem jamais dissociar-se, está cultivando a ideia (na minha opinião irrealista) de uma “persuasão moral” para convencê-lo a se aposentar. Eles já teriam inclusive o nome do homem que deverá substituí-lo para “consertar” a Igreja fragmentada.

Mas, para entender melhor o que está acontecendo, é preciso fazer uma reconstrução de como a Igreja veio parar nessa situação, talvez a mais grave dos seus 2000 anos de história.

Império Americano

É necessário partirmos do contexto geopolítico dos anos noventa, quando os Estados Unidos, considerando-se como a única potência mundial importante ainda remanescente, começou a conceber o projeto de um mundo unipolar “para um Novo Século Americano”. Fukujama anunciou o “fim da história”, isto é, como um planeta totalmente americanizado. Uma loucura, mas a última utopia ideológica do século XX.

A suposição era que – varrida do bloco soviético – a Rússia democrática, prostrada e humilhada pela americanização selvagem sob o regime de Yeltsin, não poderia jamais se recuperar, restando apenas como uma província atrasada do antigo império soviético.

Então, veio a grande crise de 2007-2008, enquanto na Rússia um novo líder, Vladimir Putin, levava o maior país do mundo a recuperar sua identidade espiritual, uma verdadeira independência nacional (econômica) e um papel internacional.

Assim, entre 2010-2016, a administração Obama/Clinton (com seu sistema anexo de poder global) desenvolveu uma estratégia global pesada destinada a isolar a nova Rússia de Putin e neutralizá-la.

Os dois pilares geopolíticos do império Obama/Clinton eram – na Europa – os fiéis vassalos alemãos liderados por Merkel e, no Oriente Médio, a Arábia Saudita.

Os parafusos

Tendo em mente  eliminar primeiramente a presença russa no Mediterrâneo e no Oriente Médio, os EUA lançaram um plano para a eliminação dos dois regimes desta área que eram antigos aliados da Rússia, ou seja, a Líbia e a Síria lideradas por Kadafi e Assad.

A ideia americana era deixar a região sob a hegemonia da Arábia Saudita, embora pareça estranho o fato de Obama ter subestimado o risco representado pelos protagonistas da chamada Irmandade Muçulmana na dita “Primavera Árabe”.

Até mesmo na Europa fomos testemunhas de outros transtornos. Em 2011, o governo italiano liderado por Berlusconi foi isolado da União Européia franco-alemã de Merkel e Sarkozy, para cair em seguida sob ataque e se ver forçado a renunciar. (Lembrem-se que Berlusconi era naquele tempo o único chefe europeu de governo com o qual Putin tinha um relacionamento cordial).

Depois vimos a desestabilização direta da área russa com o fogo de guerra na Ucrânia, fornecendo o pretexto ideal para a OTAN trazer toda a Europa do Leste, até as fronteiras da Rússia, sob o seu protetorado. Chegando mesmo ao ponto de fazer manobras militares perigosas na fronteira, criando um clima de guerra fria.

Por outro lado, é já de algum tempo que grande parte da mídia ocidental está fortemente concentrada no ataque contra Putin, uma criminalização curiosa, se considerarmos o que os americanos – com as suas “guerras humanitárias” – estavam fazendo.

Colonização ideológica

Enquanto isso, Obama – no seu segundo discurso de posse – lançava também uma ofensiva ideológica que visa impor ao mundo uma nova antropologia liberal e relativista (casamento gay, ideologia de gênero…etc).

É um projeto global que tenta desconstruir (além da identidade sexual) a identidade nacional, cultural e religiosa através do fenômeno da imigração de massa.

O próprio Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, exalta a imigração como uma nova fronteira do progresso contra a qual ninguém deve se opor. O fenômeno então explode: entre 2010-2016 há um vertiginoso aumento nas massas de migrantes que se dirigem para a Europa, primeiramente atravessando a Itália e a Grécia. Nesse meio tempo, o que acontece na Igreja? Desde 2010 nós assistimos uma pressão muito pesada, tanto interna como externamente, contra o pontificado de Bento XVI que, em fevereiro de 2013, “renuncia”.

Nesses últimos dias, alguns intelectuais católicos americanos pediram publicamente a Trump para abrir uma investigação para apurar – considerando alguns documentos divulgados pelo Wikileaks – se houve, entre 2012 e 2013, interferência americana para uma “mudança de regime”  também no Vaticano.

Mas vamos nos ater aos fatos públicos.

Caso Bergoglio

Em 2013, foi eleito papa Bergoglio que joga para escanteio o magistério dos papas anteriores, inconvenientes demais para a ideologia dominante (não mais princípios inegociáveis, nem raízes cristãs da Europa, nem o confronto viril com o Islã como no discurso de Regensburg). Bergoglio adere então à agenda Obama: viva a imigração em massa, abraça o Islã e o ambientalismo catastrófico. Mas, adere igualmente à agenda alemã, que vai no sentido de uma protestantização da Igreja Católica.

Com efeito, são dois os partidos que o elegeram: o partido progressista liderado pelos cardeais alemães (que estavam alinhados ao cardeal Martini e ao grupo de St. Gallen.) e o “partido da Cúria” que mal tolerava Bento XVI e queriam retomar o controle da Igreja.

E é esse último, que apoiou todo o pontificado de Bergoglio, que hoje pretende levar ao papado o atual secretário de Estado Pietro Parolin.

A motivação adotada é aquela de “recosturar” a Igreja para evitar um racha trágico. Há certamente uma preocupação séria por causa da confusão e da dissolução de hoje. Mas, muitos acreditam que a bússola deste partido foi sempre o poder eclesiástico, que hoje se encontra limitado pela “cúria paralela” criada na Casa Santa Marta.

Eles confiam no fato de que o próprio Bergoglio já havia falado no passado sobre uma sua possível renúncia e que em 2015 disse: “para todos os serviços na Igreja é conveniente que haja um prazo de expiração, não existem líderes vitalícios na vida da Igreja. Isso só acontece em alguns países onde existe ditadura“.

Portanto, estaria Bergoglio pronto a renunciar? Provavelmente eles estão enganando a si mesmos.

Antonio Socci

Do “Libero”, 28 de fevereiro de 2017

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